SóProvas


ID
5509036
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Jaguariúna - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto, para responder à questão.

   A psicanalista Maria Homem diz que o ressentimento é a palavra-chave para ousar compreender o mundo hoje. Luiz Filipe Pondé acredita que o ressentimento faz de nós incapazes de ver algo simples: o universo é indiferente aos nossos desejos; além de destruir em nós a capacidade de pensar e compreender a realidade.
   Ressentir-se significa atribuir ao outro a responsabilidade pelo que nos faz sofrer. Como se a culpa do que não somos ou não podemos ser fosse sempre do outro, esse bode expiatório que escolhemos quando não podemos nos haver com nossos próprios limites. Ressentir-se é uma impossibilidade de esquecer ou superar um agravo. Seria uma impossibilidade ou uma recusa?
   O ressentido não é alguém incapaz de perdoar ou esquecer, é alguém que não quer esquecer, não quer perdoar, nem superar o mal que o vitimou. O filósofo Max Scheler classifica como “auto envenenamento psicológico” o estado emocional do ressentido, um ser introspectivo ocupado com ruminações acusadoras e fantasias vingativas.
   O ressentido é um escravo de sua impossibilidade de esquecer, vivendo em função de sua vingança adiada, de maneira que em sua vida não é possível abrir lugar para o novo; trata-se de um vingativo passivo, e suas queixas contínuas mobilizam, no outro, confusos sentimentos de culpa. Na verdade, ele acusa, mas não está seriamente interessado em ser ressarcido do agravo que sofreu. No ressentido, permanece uma dívida impagável, a compensação reivindicada é da ordem de uma vingança projetada no futuro. O ressentido é um covarde, pois não concede a si mesmo os prazeres da vingança pelo exercício da ação. Esse desejo de vingança recusado é o núcleo doentio do ressentimento nietzschiano. Uma vez que não se permite reagir, só resta ao fraco ressentir.
   Por não esquecer, o ressentido não consegue entregar-se ao fluxo da vida presente. A memória é como uma doença, o tempo não pode ser detido, a vontade não pode “querer pra trás”, ou seja, corrigir o curso de suas escolhas passadas.
   A solução para o ressentimento não é negá-lo, mas nomeá-lo, informar-se sobre ele, perceber que é impossível não o ter em nós em alguma medida. “Conhece-te a ti mesmo”, foi o conselho dado pelo sábio filósofo Sócrates, no século V a.C. Quem sabe tenhamos a coragem e as ferramentas para compreender essa emoção, e, com isso, podermos nos colocar além do ressentimento. Talvez possamos um dia transformar esse sentimento e, assim, criar um novo modo de estar com o outro.
(Luciana Ribeiro Soubhia, Ressentimento.
Revista Bem-estar, 04-07-2021. Adaptado)

Assinale a alternativa que reescreve a passagem do texto, de acordo com a norma-padrão de concordância e emprego do pronome relativo.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: A

    (A) Ressentidos escravizam-se (1) por sua impossibilidade de esquecer, vivendo em função de sua vingança adiada, de maneira que em sua vida não se abrem lugares (2) para o novo; trata-se de (3) vingativos passivos, cujas queixas contínuas mobilizam (4), no outro, confusos sentimentos de culpa. → Correto. Vamos analisar:

          1- Quem se escraviza? Ressentidos. Ressentidos são escravizados. Sujeito no plural, verbo no plural (escravizam-se);

          2- O que se abre? Lugares. Lugares são abertos. Novamente, sujeito no plural (lugares), verbo no plural (não se abrem). Além disso, veja que o pronome está corretamente empregado, já que termos negativos (não, nunca, jamais etc.) puxam o pronome e provocam a próclise;

          3- Pessoal, quando se depararem com estas expressões (trata-se de..., precisa-se de... etc.), tentem passar para a voz passiva analítica (vendem-se casas → casas são vendidas). Verão que não é possível: "de vingativos são tratados"? Não faz sentido, pois o sujeito não pode vir preposicionado. Isso acontece porque, nestas expressões, estamos diante de um índice de indeterminação do sujeito. Não há sujeito na frase, logo o verbo deve ficar no singular.

     

    (B) Escraviza-se os ressentidos (1) por sua impossibilidade de esquecer e vivem em função de sua vingança adiada, de maneira que em sua vida lugares para o novo nunca é aberto (2); tratam-se de vingativos (3) passivos, que as queixas contínuas mobilizam, no outro, confusos sentimentos de culpa.

          1- Ler ponto 1 da A;

          2- O que nunca é aberto? Lugares. Lugares nunca são abertos. Sujeito no plural, verbo no plural;

          3- Ler ponto 3 da A.

     

    (C) A maioria dos ressentidos é escravo (1) de sua impossibilidade de esquecer, vivendo em função de sua vingança adiada, de maneira que em sua vida não existe aberturas (2) para o novo; tratam-se de vingativos passivos (3), que suas queixas contínuas mobilizam, no outro, confusos sentimentos de culpa.

          1 - Quem é escravo? A maioria. A maioria é escrava. Lembre-se de que aqui temos um sujeito partitivo (aquele que indica parte do todo), logo a concordância poderia ser feita de duas maneiras:

    • A maioria dos ressentidos é escrava;
    • A maioria dos ressentidos são escravos.

          2- O que não existe? Aberturas. Aberturas não existem;

          3 - Ler ponto 3 da A.

     

    (D) Ressentidos considera-se escravo (1) de sua impossibilidade de esquecer, vivendo em função de sua vingança adiada, de maneira que em sua vida não existem possibilidades de abrir lugar para o novo; trata-se de vingativos passivos, os quais suas queixas contínuas mobilizam, no outro, confusos sentimentos de culpa.

          1- Quem se considera escravo? Ressentidos. Ressentidos são considerados escravos. O correto é: "consideram-se escravos".

     

    (E) (...); tratam-se de vingativos passivos, que as queixas contínuas mobilizam, no outro, confusos sentimentos de culpa.

          1- Ler ponto 3 da A.

     

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • eitah eitah eitah hein vunesp...

  • Com o sentido de ser, dizer respeito ou consistir em alguma coisa, a forma correta é trata-se.

    Quando há uma indeterminação do sujeito, o correto é que o verbo seja conjugado na 3.ª pessoa do singular, independentemente de o objeto indireto estar no singular ou no plural:

    "trata-se de vingativos passivos, cujas queixas contínuas..."

    Com outros sentidos, o verbo tratar admite conjugação no plural, concordando com o sujeito das orações.

    Exemplo::

    • Estas doenças não se tratam com antibióticos ou Essas doenças não são tratadas (Pronome Apassivador)
    • Tratam-se sempre muito bem na presença das autoridades.

  • Lucas que Deus te abençõe grandemente! e de coraçao desejo que vc receba triplicado tudo de bom que esta fazendo...

  • Direto ao ponto!

    Só apontarei os erros em cada alternativa e você, que gosta de conferir as respostas curtas, veja se "bateu" com aquilo que você achava que era o erro, pois não adianta acertar sem entender o erro!

    Assinale a alternativa que reescreve a passagem do texto, de acordo com a norma-padrão de concordância e emprego do pronome relativo:

    Em azul = sujeito!

    A) GABARITO!

    B) Escravizam-se os ressentimentos...

    C) ... trata-se de vingativos...

    D) Ressentidos consideram-se...

    E) ... trata-se de vingativos...

    Obs.: Trata-se de = sempre no singular + sujeito indeterminado!

    GABARITO: A)

  • Fumou maconha,examinador?

  • A E se ler rápido passa batido o índice de indeterminação do sujeito.

  • Alguém, se puder, poderia explicar a regência do ˜cujas˜ na letra A.

  • Gente, fiz um resumo de português + 100 questões da banca vunesp (separadas por assunto), quem tiver interesse, enviem-me um e-mail no tenhajuizoo@hotmail.com. Obrigada!