SóProvas


ID
5517094
Banca
Creative Group
Órgão
Prefeitura de Jequitibá - MG
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

São Demasiado Pobres os Nossos Ricos


    A maior desgraça de uma nação pobre é que, em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos, mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. 


    A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos «ricos». Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados. Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia. Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem. 


    O maior sonho dos nossos novos-ricos é, afinal, muito pequenito: um carro de luxo, umas efêmeras cintilâncias. Mas a luxuosa viatura não pode sonhar muito, sacudida pelos buracos das avenidas. O Mercedes e o BMW não podem fazer inteiro uso dos seus brilhos, ocupados que estão em se esquivar entre chapas, muito convexos e estradas muito côncavas. A existência de estradas boas dependeria de outro tipo de riqueza. Uma riqueza que servisse a cidade. E a riqueza dos nossos novos-ricos nasceu de um movimento contrário: do empobrecimento da cidade e da sociedade. 


    As casas de luxo dos nossos falsos ricos são menos para serem habitadas do que para serem vistas. Fizeram-se para os olhos de quem passa. Mas ao exibirem-se, assim, cheias de folhos e chibantices, acabam atraindo alheias cobiças. Por mais guardas que tenham à porta, os nossos pobres-ricos não afastam o receio das invejas e dos feitiços que essas invejas convocam. O fausto das residências não os torna imunes. Pobres dos nossos riquinhos! 


    São como a cerveja tirada à pressão. São feitos num instante, mas a maior parte é só espuma. O que resta de verdadeiro é mais o copo que o conteúdo. Podiam criar gado ou vegetais. Mas não. Em vez disso, os nossos endinheirados feitos sob pressão criam amantes. Mas as amantes (e/ou os amantes) têm um grave inconveniente: necessitam de ser sustentadas com dispendiosos mimos. O maior inconveniente é ainda a ausência de garantia do produto. A amante de um pode ser, amanhã, amante de outro. O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído.


Mia Couto, in 'Pensatempos'


http://www.citador.pt/textos/sao-demasiado-pobres-os-nossosricos-mia-couto..



Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas abaixo:


Ao analisar a coesão entre as orações “O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído”, pode-se perceber que, no lugar dos dois pontos, poderia ter sido usada a conjunção............. Para manter a ideia de....................

Alternativas
Comentários
  • “O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído”

    A função da pontuação dois-pontos é, no texto, de apresentar um aposto explicativo. Em momento algum verás um aposto causal, isso não existe. Assim sendo, o dois-pontos poderia ser substituído pela conjunção pois (no sentido de explicar).

    --------------------------------

    Gabarito (D)

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    Boa sorte e bons estudos.

  • A questão é morfologia de e quer que marquemos a alternativa que preenche corretamente as lacunas abaixo. Vejamos:

     .

    Ao analisar a coesão entre as orações “O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído”, pode-se perceber que, no lugar dos dois pontos, poderia ter sido usada a conjunção............. Para manter a ideia de....................

     .

    A) por isso – conclusão.

    Errado.

    Conjunções coordenativas conclusivas: têm valor semântico de conclusão, fechamento, finalização...

    São elas: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois (depois do verbo), então, assim, destarte, dessarte...

    Ex.: Estudamos muito, por isso passaremos no concurso.

     .

    B) pois – conclusão.

    Errado. O "Pois" conclusivo aparece depois do verbo. Seria assim: “O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu, pois, sabe que pode ser traído”.

     .

    C) mas – contradição.

    Errado.

    Conjunções coordenativas adversativas: têm valor semântico de oposição, contraste, adversidade, ressalva...

    São elas: mas, porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto, não obstante, inobstante, senão (= mas sim)...

    Ex.: Não estudou muito, mas passou nas provas.

     .

    D) pois – explicação.

    Certo. Em “O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído”, o correto seria dizer que podemos substituir os dois pontos por uma vírgula e logo após devemos usar a conjunção explicativa "pois": “O coração do criador de amantes não tem sossego, pois quem traiu sabe que pode ser traído”,

    Conjunções coordenativas explicativas: têm valor semântico de explicação, justificativa, motivo, razão...

    São elas: porque, pois (antes do verbo), porquanto, que...

    Ex.: Vamos indo, pois já é tarde.

     .

    Gabarito: Letra D  

  • Em 99% dos casos de dois-pontos, há uma explicação.

  • GAB-D

    pois – explicação.

    ESTUDE, PARA QUE SEUS FILHOS NÃO PASSEM PELAS COISAS QUE VOCÊ ESTA PASSANDO HOJE.

  • POIS , ANTES DO VERBO PRINCIPAL E EXPLICAÇÃO

    “O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu (V.P) sabe que pode ser traído”

  • pois introduz um fato posterior a outro fato

  • Pois antes do verbo = Explica

    Pois depois do Verbo = conclui