SóProvas


ID
5606206
Banca
VUNESP
Órgão
Câmara Municipal de São José dos Campos - SP
Ano
2022
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A Amazon pega, mata e come


            Foi-se embora a Livraria São José, sebo mais antigo do Rio de Janeiro, fundado há 85 anos – e todo mundo acha normal. Ora, tudo não está morrendo ao nosso redor? Por que livrarias, logo elas, iriam escapar à destruição que atinge o país inteiro? É a vida – ou a morte – que segue.

            Em sua fase espetacular – entre as décadas de 40 e 60 –, a São José chegou a ter três lojas e estoque de 100 mil livros. Tornou-se editora e promoveu tardes de autógrafos. A primeira foi um luxo: “Itinerário de Pasárgada”, de Manuel Bandeira, em 1954. Eram concorridíssimas – não se sabe se pelos autores ou se pelas “madrinhas” deles, beldades como Tônia Carrero e Odette Lara.

            Ponto de encontro de intelectuais, estudantes e buquinadores1 profissionais, fuçando nas estantes e bancadas poderiam ser vistos lado a lado figuras tão díspares como o ex-presidente Eurico Gaspar Dutra e o romancista Lúcio Cardoso. Matando aula na Faculdade Nacional de Filosofia, foi lá que o cronista Ruy Castro começou sua invejada coleção de livros.

            Não “essenciais”, as livrarias cariocas estão fechadas para cumprir o recesso sanitário. É um setor do comércio que, com a pandemia, recorreu sobretudo à atividade online. Melhor do que ninguém a Amazon sabe disso e se aproveita para complicar ainda mais a vida de livreiros e editores. Em recente e-mail, a gigante norte-americana pediu descontos maiores e aumento na cobrança de taxas de marketing.

            Na arte do oportunismo, a Amazon é o carcará de João do Vale na seca do sertão: pega, mata e come2 .


1Buquinar: buscar e comprar livros usados em livrarias, bancas, sebos.

2Referência à letra da música “Carcará”, de João do Vale.


(Alvaro Costa e Silva. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ alvaro-costa-e-silva/2021/03/a-amazon-pega-mata-e-come.shtml. 29.03.2021. Adaptado)

Considere as seguintes frases do texto:


•  A primeira foi um luxo: "Itinerário de Pasárgada", de Manuel Bandeira, em 1954. (2º parágrafo)

•  Não "essenciais", as livrarias cariocas estão fechadas para cumprir o recesso sanitário. (4º parágrafo)


No contexto em que são empregadas, as aspas (" ") atendem, respectivamente, ao propósito de

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: C

    A primeira foi um luxo: "Itinerário de Pasárgada", de Manuel Bandeira, em 1954.

    ➥ Pessoal, aqui o autor empregou as aspas para indicar qual era o título da obra que estava lá na tarde de autógrafos. Com isso a gente consegue marcar o gabarito.

    • Pestana: as aspas são usadas comumente em citações, mas também há outras funções bem interessantes. Atualmente o negrito e o itálico vêm substituindo o uso das aspas. Elas são empregadas quando se citam, por exemplo, nomes de mídias, livros etc., como em: ouvi a notícia noJornal Nacional; Os Lusíadas foi escrito no século XVI.

     

    Não "essenciais", as livrarias cariocas estão fechadas para cumprir o recesso sanitário.

    ➥ Ao falar que as livrarias são não “essenciais”, o autor acentua, reforça o significado da palavra, com tom de ironia. Cientificamente, as livrarias não estão no grupo das atividades essenciais (alimentação, higiene etc.), mas, quando o autor utiliza as aspas, nos questiona: será que elas são realmente "não essenciais, como diz a ciência?

    • Pestana: as aspas são utilizas para realçar uma palavra ou expressão imprópria; às vezes com objetivo irônico ou malicioso: veja como ele é educado: cuspiu no chão!

       

    Por isso:

    c) No contexto em que são empregadas, as aspas (" ") atendem, respectivamente, ao propósito de indicar o título de uma obra; acentuar o valor significativo de uma palavra

     

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • GAB-C

    indicar o título de uma obra; acentuar o valor significativo de uma palavra. 

    Aspas duplas (“ ”): são empregadas nos discursos diretos para destacar algo no texto ou citar alguma, por exemplo, alguma obra.

    Deus protege os bêbados, os cachorros e os loucos.!!

  • Acredito que a segunda aspas não está para "acentuar o valor significativo de uma palavra", soa mais como uma ironia do autor.