SóProvas


ID
5613952
Banca
PS Concursos
Órgão
Prefeitura de Santa Rosa do Sul - SC
Ano
2022
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Aquela bola

        Na volta do jogo, o pai dirigindo o carro, a mãe ao seu lado, o garoto no banco de trás, ninguém dizia nada. Finalmente o pai não se aguentou e falou:

        - Você não podia ter perdido aquela bola, Rogério.

        - Luiz Otávio… – começou a dizer a mãe, mas o pai continuou:

        - Foi a bola do jogo. Você não dividiu, perdeu a bola e eles fizeram o gol.

        - Deixa o menino, Luiz Otávio.

     - Não. Deixa o menino não. Ele tem que aprender que, numa bola dividida como aquela, se entra pra rachar. O outro, o loirinho, que é do mesmo tamanho dele, dividiu, ficou com a bola, fez o passe para o gol e eles ganharam o jogo.

        - O loirinho se chama Rubem. É o melhor amigo dele.

      - Não interessa, Margarete. Nessas horas não tem amigo. Em bola dividida, não existe amigo.

        - E se ele machucasse o Rubem?

       - E se machucasse? O Rubem teve medo de machucá-lo? Não teve. Entrou mais decidido do que ele na bola, ficou com ela e eles ganharam o jogo.

        - Você está dizendo para o seu filho que é mais importante ficar com a bola do que não machucar um amigo?

        - Estou dizendo que em bola dividida ganha quem entra com mais decisão. Amigo ou não.

        - Vale rachar a canela de um amigo pra ficar com a bola?

        - Vale entrar com firmeza, só isso. Pé de ferro. Doa a quem doer.

        - É apenas futebol, Luiz Otávio.

        - Aí é que você se engana. Não é apenas futebol. É a vida. Ele tem que aprender que na vida dele haverão várias ocasiões em que ele terá que dividir a bola pra rachar e….

        - Haverá – disse Rogério, no banco de trás.

        - O quê?

        - Acho que não é “haverão”. É “haverá”. O verbo haver não…

        - Ah, agora estão corrigindo meu português. Muito bem! Eu não sou apenas o pai insensível, que quer ver o filho quebrando pernas pra vencer na vida. Também não sei gramática.

        - Luiz Otávio…

        - Pois fiquem sabendo que o que se aprende na vida é muito mais importante do que o que se aprende na escola. Está me ouvindo, Rogério? Um dia você ainda vai agradecer ao seu pai por ter lhe ensinado que na vida vence quem entra nas divididas pra valer.

        - Como você, Luiz Otávio?

        - O quê?

        - Você dividiu muitas bolas pra subir na vida, Luiz Otávio? Não parece, porque não subiu.

        - Ora, Margarete…

        - Conta pro Rogério em quantas divididas você entrou na sua vida. Conta por que o Simão acabou chefe da sua seção enquanto você continuou onde estava. Conta!

        - Margarete…

        - Conta!

        - Eu estava falando em tese…

Luís Fernando Veríssimo

O personagem Rogério corrige o pai em relação ao uso do verbo haver, porém é interrompido no momento em que explicaria ao pai o motivo de seu equívoco. Assinale a alternativa que explica corretamente o motivo do erro de Luiz Otávio:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito B

    Oração sem sujeito: verbos impessoais - não admitem a ocorrência de um sujeito, *só singular

    1. Fenômenos da natureza
    2. Verbo haver no sentido de existir, ocorrer ou acontecer, ou tempo transcorrido
    3. Verbo fazer no sentido de transcorrido ou percepção climática

    Ele tem que aprender que na vida dele haverão (HAVERÁ*: sentido de existir; verbo impessoal, não vai ao plural) várias ocasiões em que ele terá que dividir a bola pra rachar e….

    a) Neste contexto o verbo haver não vai para o plural, por tratar-se de um relato de tempo transcorrido.

    b) O verbo haver nunca é conjugado no plural, ficando indefinidamente na terceira pessoa do singular.

    Não se pode, no entanto, afirmar que o verbo “haver” nunca vai para o plural. Ele pode, por exemplo, desempenhar a função de verbo auxiliar (que indica pessoa, tempo e modo verbal; sinônimo de “ter” nos tempos compostos). Nesse caso, o verbo é conjugado no plural.

    Exs.:

    Eles haviam chegado cedo.

    Eles tinham chegado cedo.

    d) O verbo haver, quando conjugado no futuro, o que é o caso mostrado na crônica, nunca apresenta sujeito, por isso ficaria no singular. 

    e) Como naquele contexto o verbo apresenta sujeito indeterminado, o verbo obrigatoriamente deve permanecer na terceira pessoa do singular.

  • Sujeito inexistente;

    Que mora 18 anos na capital mineira: verbo “haver” no sentido de existir

     Sujeito inexistente –oração sem sujeito

    1.      Verbo “Haver” BIZU > FERA

    FAZER

    EXISTIR

    REALIZAR

    ACONTECER

    2.      Fenômeno da natureza

    3.      Verbos( FAZER, SER, ESTAR) Indicando “tempo”

    Ex: São( Verb>ser)  9h > Oração sem sujeito.

    *Choveu muito ontem. > Indicando fenômeno da natureza, não existe sujeito-sujeito inexistente! 

  • GABARITO - B

    SUJEITO ZERO / INEXISTENTE / ORAÇÃO SEM SUJEITO

    I) Com verbos impessoais:

    Verbo haver no sentido de existir ;

    no sentido de tempo decorrido.

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    II) Com verbos que indicam fenômeno natural:

    Faz frio.

    É uma hora.

    Bons Estudos!!