SóProvas


ID
5613958
Banca
PS Concursos
Órgão
Prefeitura de Santa Rosa do Sul - SC
Ano
2022
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Aquela bola

        Na volta do jogo, o pai dirigindo o carro, a mãe ao seu lado, o garoto no banco de trás, ninguém dizia nada. Finalmente o pai não se aguentou e falou:

        - Você não podia ter perdido aquela bola, Rogério.

        - Luiz Otávio… – começou a dizer a mãe, mas o pai continuou:

        - Foi a bola do jogo. Você não dividiu, perdeu a bola e eles fizeram o gol.

        - Deixa o menino, Luiz Otávio.

     - Não. Deixa o menino não. Ele tem que aprender que, numa bola dividida como aquela, se entra pra rachar. O outro, o loirinho, que é do mesmo tamanho dele, dividiu, ficou com a bola, fez o passe para o gol e eles ganharam o jogo.

        - O loirinho se chama Rubem. É o melhor amigo dele.

      - Não interessa, Margarete. Nessas horas não tem amigo. Em bola dividida, não existe amigo.

        - E se ele machucasse o Rubem?

       - E se machucasse? O Rubem teve medo de machucá-lo? Não teve. Entrou mais decidido do que ele na bola, ficou com ela e eles ganharam o jogo.

        - Você está dizendo para o seu filho que é mais importante ficar com a bola do que não machucar um amigo?

        - Estou dizendo que em bola dividida ganha quem entra com mais decisão. Amigo ou não.

        - Vale rachar a canela de um amigo pra ficar com a bola?

        - Vale entrar com firmeza, só isso. Pé de ferro. Doa a quem doer.

        - É apenas futebol, Luiz Otávio.

        - Aí é que você se engana. Não é apenas futebol. É a vida. Ele tem que aprender que na vida dele haverão várias ocasiões em que ele terá que dividir a bola pra rachar e….

        - Haverá – disse Rogério, no banco de trás.

        - O quê?

        - Acho que não é “haverão”. É “haverá”. O verbo haver não…

        - Ah, agora estão corrigindo meu português. Muito bem! Eu não sou apenas o pai insensível, que quer ver o filho quebrando pernas pra vencer na vida. Também não sei gramática.

        - Luiz Otávio…

        - Pois fiquem sabendo que o que se aprende na vida é muito mais importante do que o que se aprende na escola. Está me ouvindo, Rogério? Um dia você ainda vai agradecer ao seu pai por ter lhe ensinado que na vida vence quem entra nas divididas pra valer.

        - Como você, Luiz Otávio?

        - O quê?

        - Você dividiu muitas bolas pra subir na vida, Luiz Otávio? Não parece, porque não subiu.

        - Ora, Margarete…

        - Conta pro Rogério em quantas divididas você entrou na sua vida. Conta por que o Simão acabou chefe da sua seção enquanto você continuou onde estava. Conta!

        - Margarete…

        - Conta!

        - Eu estava falando em tese…

Luís Fernando Veríssimo

A partícula “se” apresenta diferentes funções dentro da língua portuguesa. Assinale a alternativa em que a definição de “se” apresentada entre parênteses é a desempenhada pelas orações apresentadas abaixo:

Alternativas
Comentários
  • LETRA (B)

    É só trocar o 'SE' pelo 'CASO' fazendo alteração no verbo

    Quem casa com uma mulher dessa, está casando com o inimigo kkkkk

  • E se (caso) ele machucasse o Rubem? - Condição.

    Gab: Letra B

  • voce se engana , reflexivo]

    quem aprende , aprende. aops é locução

    entra-se - pronominal

  • Ele tem que aprender que, numa bola dividida como aquela, se entra pra rachar. SERIA UMA PARTICULA EXPLETIVA?

  • Ele tem que aprender que,.... Ele tem que aprender 'isso' creio ser conjunção integrante esse "que".
  • Ele tem que aprender que, numa bola dividida como aquela, se entra pra rachar. (ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DE SUJEITO)

    E se ele machucasse o Rubem? (conjunção CONDICIONAL)

    Aí é que você se engana. (PRONOME REFLEXIVO)

    Poi fiquem sabendo que o que se aprende na vida [...] (PRONOME OU PARTÍCULA APASSIVADORA)

    [...] é muito mais importante do que o que se aprende na escola. (PARTÍCULO EXPLETIVA OU DE REALCE)

  • Pronome Pessoal Reflexivo

    Neste caso, o SE vai servir para indicar uma ação que é praticada pelo sujeito e ele mesmo receberá suas consequências. Dizemos que o sujeito pratica e sofre a ação.

    Exemplos:

    • Maria se cortou com uma tesoura.
    • Deitou-se mais cedo para descansar.

    Pronome Pessoal Recíproco

    O pronome recíproco é muito parecido com o reflexivo, mas neste caso a ação envolve dois sujeitos, em que ambos praticam a ação um sobre o outro, e portanto também sofrem a consequência da ação praticada.

    Exemplos:

    • Pedro e Maria deram-se as mãos.
    • Meus pais se amam profundamente.

    Pronome Apassivador

    Pode também ser chamado de partícula apassivadora/apassivante, e serve para indicar que a frase está na voz passiva, ou seja, o sujeito sofre a ação praticada por outro agente. Chamamos de sujeito “paciente”.

    O pronome apassivador segue um VTD () que esteja na 3ª (terceira) pessoa.

    Exemplos:

    • Vendem-se casas.
    • Os livros que se extraviaram, foram restaurados.

    Pronome Indefinido

    Também chamado de Índice de indeterminação do sujeito, é utilizado em frases cujo sujeito é indeterminado, e por muitos gramáticos não é considerado um pronome.

    Exemplos:

    • Precisa-se de vendedor.
    • Vive-se um dia de cada vez.

    Partícula de Realce

    Como o nome já sugere, o SE servirá neste caso para realçar aquilo que está sendo dito, e portanto poderá ser retirado da frase sem prejudicar a sua estrutura sintática e coesão.

    Exemplos:

    • Foi-se embora a minha última esperança.
    • Você fez o que lhe pedi? Se fiz!

    Como Conjunção Subordinativa

    a)   Causal

    Pode ser substituída pelas construções ‘já que’, ‘visto que’ e ‘por que’. É utilizada na oração subordinada para indicar a causa da oração principal.

    Exemplo:

    • Se você não chegou, tivemos que improvisar um apresentador.

    b)   Condicional

    Indica uma condição para a oração principal.

    Exemplo:

    • Se você não chegar cedo, teremos que improvisar um apresentador.

    c)   Concessiva

    Pode ser substituída pela conjunção ‘embora’, e indica uma concessão, uma exceção à consequência natural da ação.

    Exemplo:

    • Se perdermos este jogo, nem por isso sairemos daqui desanimados.

    d)   Integrante

    Aparece entre dois verbos para completar o sentido de um deles. É utilizada nas orações substantivas.

    Exemplos:

    • Pergunte se trouxe a encomenda que pedi.
    • Fale-me se estou certo ou errado.