SóProvas


ID
631792
Banca
FCC
Órgão
TRE-PE
Ano
2011
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As comunicações e o colapso da ética

O que leva um jovem profissional a considerar “normal”
que uma empresa de comunicação se alie a um governo ou aos
interesses de um poderoso grupo de anunciantes e que seu
jornalismo deliberadamente omita, distorça e manipule informa-
ções? Por que as constatações de que “todos fazem do mesmo
jeito”, “se não fizer assim não sobrevive”, “esse é o jogo jogado”
etc. se tornam suficientes para que profissionais se ajustem
inteiramente ao “sistema”? Essas, obviamente, não são ques-
tões novas e, certamente, não se restringem ao campo profis-
sional das Comunicações – uma forte razão, aliás, pela qual
não podem ser ignoradas.
Em seu livro Jornalismo na era virtual: ensaios sobre
o colapso da razão ética
, Bernardo Kucinski chama a atenção
para o fato de que jovens jornalistas rejeitam a possibilidade de
uma ética porque “o desemprego estrutural fez da competição
com o próprio companheiro uma necessidade de sobrevivência,
e nesse ambiente as éticas socialmente constituídas cederam
espaço a uma ética de cada indivíduo. Cada um tem o dever de
pensar antes de tudo em si mesmo, em seu projeto de vida.
Uma ética em que o dever é definido como negação do social,
como celebração da individuação ética".
As ponderações de Kucinski nos ajudam a compreender
o que está acontecendo com os jovens profissionais em disputa
no mercado, e vão muito além do próprio campo das Comunica-
ções. Falam dos valores e das práticas que dominam o nosso
tempo de pensamento único e capitalismo globalizado. Que
diferença entre essas práticas e a recomendação do velho jor-
nalista norte-americano Joseph Pulitzer, que no tão remoto ano
de 1904 alertava: “É a ideia de trabalhar para a comunidade,
não para o comércio ou para si próprio que deve nortear as
preocupações de todo jornalista”.
Atravessamos no Brasil um período de profundas trans-
formações que implicará importantes mudanças estruturais re-
gulatórias da natureza e das atividades do sistema de comu-
nicações. Dessas transformações vai surgir um novo perfil (já
em construção, aliás) de profissionais e uma nova correlação de
forças entre os envolvidos no setor. Cuidemos todos para que
não se consagre de vez o prestígio cínico de um vazio ético.
(Adaptado de Venício A. de Lima, Observatório da imprensa)

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

Alternativas
Comentários
  • A- Para o fato de + a = da competição
    B- A disputa tráz consigo...
    C- Onde = lugar. o certo seria: "Dizem respeito a questões cujas respostas são difíceis.
    D - certa.
     
  • Não entendi por que a assertiva A está incorreta.
  • Guilherme, a redação precisa ser clara e correta...

    "Há quem suponha que o desemprego estrutural do nosso tempo propicie uma razão, ainda que justificável, para o fato de a competição abolir a ética e seus valores congêneres."


    Na verdade, o que o autor do texto quer expressar é o seguinte:

    O desemprego, ainda que possa ser considerado como um dos motivos para tal atitude, não justifica (não torna legítma) a abolição da ética.


    Da forma como a frase está originalmente redigida esse sentindo é disvirtuado... O mais correto seria:

    "Há quem suponha que o desemprego estrutural do nosso tempo propicie uma razão, ainda que justificável injustificável, para o fato de a da competição abolir a ética e seus valores congêneres."


    Espero ter esclarecido sua dúvida.
    Um abraço.
    : )
  • Erro da letra A:
    a) Há quem suponha que o desemprego estrutural do nosso tempo propicie uma razão, ainda que jus- tificável, para o fato de a competição abolir a ética e seus valores congêneres. (deveria ser da competição).


    Qual seria o erro da letra E.?

    Abc,
  • Não consigo ver o erro da alternativa A. Não se pode nem argumentar que poderia haver um paralelismo sintático, já que se usou "do nosso tempo"....... Não me parece haver erro. Se alguém puder postar a solução dessa dúvida. Depois, a letra E está errada pois seria correto "os parece demoverem" e não demover, já que se refere a os=profissionais.
  • A flexão "demover" na letra "E" está correta. O sujeito de demover é "ética", enquanto "os profissionais" é objeto.

    "... os profissionais da imprensa, cuja ética não os parece demover". = A ética não parece demover os profissionais.

    Não tenho certeza, mas o que acredito estar errado na letra "E" é a regência nominal de "comparação".
    A comparação é feita ENTRE uma coisa E outra.
    Na assertiva foi utilizado ENTRE e COM.

    Bons estudos!
  • Não há erro nenhum na letra A.
    Quando se usa "fato de alguma coisa" deve-se usar com a preposição separada "de a", "de o",  pois 1) Não existe sujeito preposicionado; e 2) para não se confundir com o "de+a = da", "de+o=do", que nos dão ideia de posse (ideia de posse existente na passagem "desemprego estrutural do nosso tempo" - perfeita, o desemprego citado é o "pertencente" ao nosso tempo! por isso o de+o não só pode como devem ser contraídos = do).
    .
    Na E, o erro está, como já apontado, na relação estabelecida com a preposição "entre":
    O correto é "entre um E outro", e não "entre um COM outro".
    .
    A letra D está correta. Mas a A também está!
  • Pessoal, pra mim o erro da letra A é que a palavra "justificável", deveria ser trocada por "injustificável" para que a redação fique CLARA!
  • O erro da letra A está em " ainda que justificável". Isso faz com que a clareza fique comprometida.
  • Parabéns Paulo,

    Você comenta todas as questões de várias disciplinas....

    Acho que deve ter comentário seu até nas áreas biológicas e exatas....Esse é fera!!!

    Abraços e bons estudos a todos...
  • Acredito que na alternativa A o "ainda que" funciona como uma conjunção subordinativa concessiva e, assim sendo, possui um sentido de contradição sutil. Para que seja preservada e mantida essa idéia, no contexto dado, o termo a ser utilizado deveria ser "injustificável" e não "justificável", como apareceu.
  • Tecerei o mesmo comentário que fiz numa outra questão idêntica.
    Acredito que na alternativa A o "ainda que" funciona como uma conjunção subordinativa concessiva e, assim sendo, possui um sentido de contradição sutil. Para que seja preservada e mantida essa idéia, no contexto dado, o termo a ser utilizado deveria ser "injustificável" e não "justificável", como apareceu.
  • na letra E, o erro estaria no "com" que deveria ser "nem". Ou seja, nem uma coisa nem outra. concordam comigo?
  • Erro da letra A:

    Há quem suponha que o desemprego estrutural do nosso tempo propicie uma razão, ainda que justificável, para o fato de a competição abolir a ética e seus valores congêneres. - o pronome possessivo foi empragado de modo incorreto, gerando ambiguidade e não deixando o texto claro (valores congêneres de quem?)
  • alguem poderia me explicar porque a letra E esta errada 

  • @katianne Assunção: acho que esse "cuja ética" ficou muito longe do "jornalista", daí a frase já se torna bem difícil de entender.

  • a) Há quem suponha que o desemprego estrutural do nosso tempo propicie uma razão, ainda que INJUSTIFICÁVEL, para o fato de a competição abolir a ética e seus valores congêneres. (CLAREZA)

     

     b) A disputa de mercado no campo das comunicações atuais TRAZ consigo uma irrelevância para com os valores éticos - razão de uma grande preocupação social.

     

     c) Todas as perguntas elaboradas no início do texto dizem respeito a questões cujas respostas são difíceis, embora previsíveis, por conta do fatalismo e da acomodação ética.

     

     d) A preocupação com os leitores, que deveria nortear a ação dos jornalistas, deu lugar a um inaceitável individualismo, de cínico prestígio entre os jovens profissionais. (PERFEITA)

     

     e) Não há nem termo de comparação ENTRE as preocupações do velho jornalista norte-americano citado E os profissionais da imprensa atual, cuja ética não os parece demover.