SóProvas


ID
80737
Banca
FCC
Órgão
TRE-AM
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Entre a cruz e a caldeirinha

"Quantas divisões tem o Papa?", teria dito Stalin quando
alguém lhe sugeriu que talvez valesse a pena ser mais tolerante
com os católicos soviéticos, a fim de ganhar a simpatia de Pio
XI. Efetivamente, além de um punhado de multicoloridos
guardas suíços, o poder papal não é palpável. Ainda assim, como
bem observa o escritor Elias Canetti, "perto da Igreja, todos
os poderosos do mundo parecem diletantes".

Há estatísticas controvertidas sobre esse poder eclesiástico.
Ao mesmo tempo que uma pesquisa da Fundação Getúlio
Vargas indica que, a cada geração, cai o número de católicos
no Brasil, outra, da mesma instituição, revela que, para os
brasileiros, a única instituição democrática que funciona é a
Igreja Católica, com créditos muito superiores aos dados à
classe política. Daí os sentimentos mistos que acompanharam a
visita do papa Bento XVI ao Brasil.

"O Brasil é estratégico para a Igreja Católica. Está sendo
preparada uma Concordata entre o Vaticano e o nosso país.
Nela, todo o relacionamento entre as duas formas de poder
(religioso e civil) será revisado. Tudo o que depender da Igreja
será feito no sentido de conseguir concessões vantajosas para
o seu pastoreio, inclusive com repercussões no direito comum
interno ao Brasil (pesquisas com células-tronco, por exemplo,
aborto, e outras questões árduas)", avalia o filósofo Roberto
Romano. E prossegue: "Não são incomuns atos religiosos que
são usados para fins políticos ou diplomáticos da Igreja. Quem
olha o Cristo Redentor, no Rio, dificilmente saberá que a
estátua significa a consagração do Brasil à soberania espiritual
da Igreja, algo que corresponde à política eclesiástica de
denúncia do laicismo, do modernismo e da democracia liberal.

A educadora da USP Roseli Fischman, no artigo "Ameaça
ao Estado laico", avisa que a Concordata poderá incluir o retorno
do ensino religioso às escolas públicas. "O súbito chamamento
do MEC para tratar do ensino religioso tem repercussão
quanto à violação de direitos, em particular de minorias religiosas
e dos que têm praticado todas as formas de consciência e
crença neste país, desde a República", acredita a pesquisadora.
Por sua vez, o professor de Teologia da PUC-SP Luiz Felipe
Pondé responde assim àquela famosa pergunta de Stalin:
"Quem precisa de divisões tendo como exército a eternidade?"
(Adaptado de Carlos Haag, Pesquisa FAPESP n. 134, 2007)

As normas de concordância verbal estão plenamente respeitadas na frase:

Alternativas
Comentários
  • a) Alguns acordos DEVEM-SE firmar;b)Os guardas nunca CHEGARAM a preocupar Stalin;c) O verbo "deter" é derivado do "ter", assim ficará mais claro se conjugarmos "ao terem na estátua....">>>> ao se deterem na estátua... CERTO.d) As concessões vantajosas que a igreja católica PRETENDE obter, nas discussões da Concordata, dizem respeito a questões polêmicas.Certo ficaria = As concessões vantajosas que pretende obter, nas discussões da Concordata, a igreja católica dizem respeito a questões polêmicas. Repare que "nas discussões da Concordata" está entre vírgulas, porque tem ideia adverbial e poderia ficar sem as duas vírgulas. Talvez esse o motivo de confundir tanto o candidato;Repare também que a vírgula depois de "Católica" deixa a questão errada, pois a oração subordinada adjetiva é restritiva e não pode ficar separada por vírgula. Também, nesse caso, está separando o sujeito (Muitas repercussões) do verbo (dizem), o que é proibido.Repare também que a oração subordinada adjetiva restritiva "que pretende obter a igreja católica" está com o sujeito posposto. Na ordem direta ficaria: a igreja católica pretende obter as concessões(que). O pronome relativo "que" está fazendo papel, na oração subordinada, de Objeto Direto.e) O verbo haver, por ser impessoal, quando empregado com um auxiliar, transmite essa impessoalidade ao auxiliar. Portando deveria ficar "Muitas repercussões passará a haver no direito interno...".
  • Para analisar a concordância VERBAL, basta encontrarmos o sujeito de todos os itens:a)Alguns acordos...DEVEM-SE...b)Os guardas suícos...nunca CHEGARAM....c)Os olhos de um turista...ao se DETEREM...não VERÃO... CORRETAOBS. DETEREM -> INFINITIVO PESSOALd)Muitas repercussões...PASSARÁ A HAVER...OBS. O VERBO HAVER(NO SENTIDO DE EXISTIR)É IMPESSOAL E TRANSMITE ESSA IMPESSOALIDADE;)
  • GABARITO: C

    Olá pessoal,

    a) quer com o verbo auxiliar “Deve” (locução verbal: “Devem-se firmar”; sujeito paciente: “alguns acordos...”);

    b) reordene os termos da frase e perceba a discordância entre sujeito e verbo: “Naturalmente, os guardas suíços que constituem a     segurança do Vaticano nunca chegou a preocupar Stalin”. O verbo deveria ser flexionado na terceira pessoa do plural: chegaram.

    d) o sujeito da forma verbal “pretendem” é o termo “a Igreja Católica”, o que obriga o verbo a se flexionar na terceira pessoa do singular: pretende.

    e) no sentido de existir, ocorrer, acontecer, o verbo haver é impessoal e se mantém na terceira pessoa do singular. Como verbo principal de uma locução, sua impessoalidade é transmitida ao seu verbo auxiliar, que se mantém na terceira pessoa do singular: “passará a haver”.

    Espero ter ajudado. Bons estudos!!!!
  • Com relação à C:

    O verbo é da família do "ter". Ao se deterem indica que o verbo está no infinitivo pessoal (pessoal porque é conjugável). Não tem como ser "detiverem", afinal, infinitivo pessoal não é derivado do pretérito perfeito, e sim derivado do infinitivo impessoal, juntamente com o pretério imperfeito do indicativo, futuro do pretérito do indicativo e futuro do presente do indicativo. O verbo "ter" terá base "tive" apenas quando for derivado do pretérito perfeito do indicativo.