SóProvas


ID
910117
Banca
FCC
Órgão
DPE-SP
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

       Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-nos a vila de São Paulo como centro de amplo sistema de estradas expandindo-se rumo ao sertão e à costa. Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, não raro, quem pretenda servir-se desses documentos para a elucidação de algum ponto obscuro de nossa geografia histórica. Recordam-nos, entretanto, a singular importância dessas estradas para a região de Piratininga, cujos destinos aparecem assim representados em um panorama simbólico. 
      Neste caso, como em quase tudo, os adventícios deveram habituar-se às soluções e muitas vezes aos recursos materiais dos primitivos moradores da terra. Às estreitas veredas e atalhos que estes tinham aberto para uso próprio, nada acrescentariam aqueles de considerável, ao menos durante os primeiros tempos. Para o sertanista branco ou mamaluco, o incipiente sistema de viação que aqui encontrou foi um auxiliar tão prestimoso e necessário quanto o fora para o indígena. Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas selvagens, em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, mestre e colaborador inigualável nas entradas, sabiam os paulistas como transpor pelas passagens mais convenientes as matas espessas ou as montanhas aprumadas, e como escolher sítio para fazer pouso e plantar mantimentos. 
      Eram de vária espécie esses tênues e rudimentares caminhos de índios. Quando em terreno fragoso e bem vestido, distinguiam- se graças aos galhos cortados a mão de espaço a espaço. Uma sequência de tais galhos, em qualquer floresta, podia significar uma pista. Nas expedições breves serviam de balizas ou mostradores para a volta. Era o processo chamado ibapaá, segundo Montoya, caapeno, segundo o padre João Daniel, cuapaba, segundo Martius, ou ainda caapepena, segundo Stradelli: talvez o mais generalizado, não só no Brasil como em quase todo o continente americano. Onde houvesse arvoredo grosso, os caminhos eram comumente assinalados a golpes de machado nos troncos mais robustos. Em campos extensos, chegavam em alguns casos a extremos de sutileza. Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na serra de Tunuí: constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes desiguais, a maior metida na terra, e a outra, em ângulo reto com a primeira, mostrando o rio. Só a um olhar muito exercitado seria perceptível o sinal. 

      (Sérgio Buarque de Holanda. Caminhos e fronteiras. 3.ed. S. Paulo: Cia. das Letras, 1994. p.19-20)

Segundo o autor,

Alternativas
Comentários
  • Gabarito Letra A

    Durante o texto, várias partes corroboram o que a Letra A disse, como por exemplo: no começo do segundo parágrafo "...os adventícios deveram habiturar-se às soluções e muitas vezes aos recursos materiais dos primitivos moradores da terra". Bem como no trecho: "para o sertanista branco ou mamaluco, o incipiente sistema de viação aqui encontrou foi um auxiliar tão prestimoso e necessário qto fora para o indigena".
  • a) o sertanista compartilhava com os indígenas não apenas os caminhos que estes já haviam estabelecido, como também a sua perícia na ultrapassagem dos terrenos mais acidentados.

    CORRETO. Trechos que justificam a resposta:

    “Neste caso, como em quase tudo, os adventícios deveram habituar-se às soluções e muitas vezes aos recursos materiais dos primitivos moradores da terra.”
    Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas selvagens, ... , sabiam os paulistas como transpor pelas passagens mais convenientes...”


    b) os caminhos estabelecidos pelos indígenas eram tão precários que os paulistas, antes de conseguirem realizar algumas melhorias, acabavam se desorientando quando tentavam percorrê-los.

    ERRADO. Em nenhum momento o texto fala que os caminhos traçados pelos índios eram precários e que os paulistas acabavam se desorientando. O que o texto fala é que ao menos num primeiro momento os atalhos que os índios tinham aberto nada acrescentou de considerável aos paulistas.

    “Às estreitas veredas e atalhos que estes tinham aberto para uso próprio, nada acrescentariam aqueles de considerável, ao menos durante os primeiros tempos.”

    c) a transposição dos caminhos abertos pelos índios era bastante traiçoeira, sobretudo por conta dos galhos cortados que constituíam pistas falsas para desorientar o caminhante inadvertido.

    ERRADO. O texto não fala que a transposição dos caminhos abertos pelos índios era traiçoeira, muito pelo contrário, o texto ressalta que os caminhos eram tênues e rudimentares e que distinguiam-se graças a essa rudimentaridade ( simplicidade, primitividade), pois significavam pistas dentro da floresta.

    “Eram de vária espécie esses tênues e rudimentares caminhos de índios. Quando em terreno fragoso e bem vestido, distinguiam-se graças aos galhos cortados a mão de espaço a espaço. Uma sequência de tais galhos, em qualquer floresta, podia significar uma pista. Nas expedições breves serviam de balizas ou mostradores para a volta.”

    d) as marcas realizadas na vegetação eram tão sutis que os próprios indígenas acabavam se confundindo e eram então ajudados pelos sertanistas para precisar a localização dos caminhos.

    ERRADO. O trecho que justifica a incorreção dessa alternativa é o mesmo do trecho da alternativa anterior. O texto fala que os caminhos abertos pelos índios eram tênues, mas não fiz que isso fazia com que eles se confundissem.

    e) a ausência de estradas mais bem acabadas foi um dos motivos para o sucesso do paulista nas entradas, pois teve de abrir seus próprios caminhos para atingir o interior do país.

    ERRADO. O texto em nenhum momento cita a ausência de estradas mais acabadas como motivo do sucesso do paulista nas estradas.
  • Tá pedindo a incorreta, como a III está certa não esta na alternativa