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ID
910120
Banca
FCC
Órgão
DPE-SP
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

       Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-nos a vila de São Paulo como centro de amplo sistema de estradas expandindo-se rumo ao sertão e à costa. Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, não raro, quem pretenda servir-se desses documentos para a elucidação de algum ponto obscuro de nossa geografia histórica. Recordam-nos, entretanto, a singular importância dessas estradas para a região de Piratininga, cujos destinos aparecem assim representados em um panorama simbólico. 
      Neste caso, como em quase tudo, os adventícios deveram habituar-se às soluções e muitas vezes aos recursos materiais dos primitivos moradores da terra. Às estreitas veredas e atalhos que estes tinham aberto para uso próprio, nada acrescentariam aqueles de considerável, ao menos durante os primeiros tempos. Para o sertanista branco ou mamaluco, o incipiente sistema de viação que aqui encontrou foi um auxiliar tão prestimoso e necessário quanto o fora para o indígena. Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas selvagens, em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, mestre e colaborador inigualável nas entradas, sabiam os paulistas como transpor pelas passagens mais convenientes as matas espessas ou as montanhas aprumadas, e como escolher sítio para fazer pouso e plantar mantimentos. 
      Eram de vária espécie esses tênues e rudimentares caminhos de índios. Quando em terreno fragoso e bem vestido, distinguiam- se graças aos galhos cortados a mão de espaço a espaço. Uma sequência de tais galhos, em qualquer floresta, podia significar uma pista. Nas expedições breves serviam de balizas ou mostradores para a volta. Era o processo chamado ibapaá, segundo Montoya, caapeno, segundo o padre João Daniel, cuapaba, segundo Martius, ou ainda caapepena, segundo Stradelli: talvez o mais generalizado, não só no Brasil como em quase todo o continente americano. Onde houvesse arvoredo grosso, os caminhos eram comumente assinalados a golpes de machado nos troncos mais robustos. Em campos extensos, chegavam em alguns casos a extremos de sutileza. Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na serra de Tunuí: constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes desiguais, a maior metida na terra, e a outra, em ângulo reto com a primeira, mostrando o rio. Só a um olhar muito exercitado seria perceptível o sinal. 

      (Sérgio Buarque de Holanda. Caminhos e fronteiras. 3.ed. S. Paulo: Cia. das Letras, 1994. p.19-20)

Há no texto a sugestão de que

Alternativas
Comentários
  • Gabarito letra B

    Dentre as questões, poderia-se ainda ficar entre a letra A e a letra B. Porém, mesmo o texto aludindo a complicação que os nomes dados a estrada causavam, não podemos afirmar que o texto sugere que a linguagem indígena era inadequada.

    Já a letra B pode ser visualizada no trecho que fala: "A singular importância dessas estradas para a região do Piratininga, cujos DESTINOS aparecem assim representados em um panorama simbólico".
  • Vanessa, tive a mesma percepção que a sua. Não assinalei a alternativa A porque não encontrei no texto algo que me leve a concluir que os nomes dados as regiões e estradas são provenientes da linguagem indígena. O texto fala do sertanista(branco ou mamaluco), paulista, indígena, e ao meu ver não dá pra concluir qual destes é responsável pela nomenclatura estropiada das rotas/regioes/estradas da época.
  • a)      a linguagem indígena seria inadequada para a nomeação de regiões e estradas a serem figuradas num mapa.
     
     ERRADO. Inclusive, no último parágrafo são citados nomes indígenas dados aos processos de confecção dos caminhos criados pelos índios. 

    “Era o processo chamado  ibapaá , segundo Montoya, caapeno, segundo o padre João Daniel,  cuapaba, segundo Martius, ou ainda caapepena, segundo Stradelli: talvez o mais generalizado, não só no Brasil como em quase todo o continente americano.”

    b)      os desdobramentos da história de São Paulo seriam inseparáveis de seu sistema de estradas do século XVII.
     
    CORRETO. Veja o trecho que justifica a resp osta:
     
    “Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-nos a vila de São Paulo como centro de amplo sistema de estradas expandindo-se rumo ao sertão e à costa.”

    c)      o homem civilizado do século XVII seria mais preocupado com a preservação ambiental do que os indígenas.

    ERRADO. O texto não cita nada a respeito da preservação ambiental e não faz comparação envolvendo esse tema.

    d)     as vestimentas usadas pelos indígenas tornariam o deslocamento por determinados terrenos ainda mais difícil.

    ERRADO. O texto também não tece considerações a respeito das vestimentas usadas pelos indígenas.

    e) antigos mapas geográficos poderiam conter símbolos que aludem a conhecimentos  mágicos  e esotéricos. 

    ERRADO. No final do primeiro parágrafo o autor fala que os destinos que levam à região de Piratininga foram representados em um panorama simbólico em alguns mapas e textos do século XVII.

    Recordam-nos, entretanto, a singular importância dessas estradas para a região de Piratininga, cujos destinos aparecem assim representados em um panorama simbólico.”

    Gabarito: Letra B