SóProvas


ID
916531
Banca
FUNCAB
Órgão
PC-ES
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1:

        Primeira experiência em tantas viagens: o piloto do enorme avião que me levava era uma mulher. Jovem, não muito alta, bonita e alegre – por que pensei que mulher comandante (recuso termos como pilota e comandanta) teria que ser grandona feito eu, e sisuda? Minha surpresa, nascida do preconceito inconsciente, passou para alegria: olha ela ali, casada, com filhos pequenos, sem ar de mãe culpada ou profissional, tendo de mostrar ferozmente sua competência. Nela se viam naturalidade, segurança e simpatia. 
        No meu encontro com altas executivas, aquele incidente acabou simbólico. A gente pode aprender e assimilar muita coisa: neste momento nós, mulheres e homens, enfrentamos muitas novidades, num mundo fascinante, vertiginoso, belo e às vezes cruel. Com tecnologias efêmeras e atordoantes, estamos condenados à brevidade, à transitoriedade, depois de séculos em que os usos e costumes duravam muitos anos, e qualquer pequena mudança causava um alvoroço. A convivência de homens e mulheres também mudou, muitíssimo, tema para muita literatura e seminários, fonte de muitos problemas pessoais. Mudanças trazem o stress nosso de cada dia.
       Eu devia falar sobre a carreira na vida de uma mulher, e seus desafios. Em muitas empresas as mulheres trabalham ombro a ombro com colegas homens, e eventualmente assumem cargos de comando. Como agimos, como nos portamos, como nos reinventamos, nós homens e mulheres? Estamos criando novas parcerias: se homens, enfrentando às vezes o comando de uma mulher; se mulheres, tentando descobrir como lidamos com o poder. Poder e dinheiro, dois fatores novos para nós, interligados e ainda inusitados. Conheço mulheres altamente capacitadas, com bons cargos e salários invejáveis, que no fim do mês entregam o dinheiro ao marido, ou têm uma conta conjunta que ele maneja, “para que ele não se sinta mal por eu ganhar mais.” Realmente, essa mulher com poder precisa de um parceiro com muito caráter, seguro e bem-humorado, para que o convívio faça crescer os dois, com cumplicidade e alegria. 
      Quando eu era adolescente, minhas tias e avós, achando que eu lia demais, profetizavam que eu “não conseguiria marido”, pois “os homens não gostam de mulheres muito inteligentes”. Hoje, celebro os tempos em que ser inteligente ou ter algum conhecimento não precisa ser escondido pelo arcaico medo de “ficar sozinha”. Tendo por escolha, sorte e acaso uma vida profissional sem patrão ou colegas diretos, admiro a diária superação das mulheres que ocupam cargo de mando. Pois se – além de sermos consideradas seres humanos (nem sempre fomos), hoje podemos votar, estudar, trabalhar, controlar o número de filhos e até escapar de casamentos infelizes –, assumimos muito conflito e confusão, os sentimentos humanos continuam os mesmos. Todos queremos dar algum sentido à nossa vida, queremos nos sentir importantes ao menos para alguém, desejamos realizações, mas também aconchego e escuta amorosa. 
      Como conciliamos as mais atávicas e legítimas emoções com as exigências duríssimas de trabalho? Nem sempre temos como deixar as crianças bem atendidas, mesmo tendo a melhor babá ou escolinha; se antes o marido chegava cansado, hoje muitas vezes marido e mulher voltam do trabalho exaustos e tensos. Nem sempre temos na vida pessoal ou no trabalho o parceiro que nos entende, apoia e aprecia, em vez de nos lançar vagas ironias ou quem sabe tentar nos boicotar – coisas que aos poucos desaparecem, pois também os homens estão aprendendo esse novo convívio.
    “Os homens estão assustados com essa mulher que está surgindo?”, perguntam-me seguidamente, e digo: “Os bobos se assustam, ironizam, procuram nos diminuir; os inteligentes – que são os que nos interessam – hão de gostar de ter no trabalho uma colaboradora e em casa uma boa parceira, em lugar de uma funcionária ou gueixa aturdida e queixosa”. Como resolver tudo isso? Vivendo e enfrentando com alguma grandeza esses novos tempos e essas novas gentes que somos agora. (LUFT, Lya. “Homens, mulheres e poder”. Rev. Veja: 19/12/2012, p. 26.) 

O termo em destaque é adjunto adverbial de intensidade em:

Alternativas
Comentários
  • Opção CORRETA, letra "D".

    Apresento minha opinião abaixo. Vejamos...
    O termo em destaque é adjunto adverbial de intensidade em:
    a) pode aprender e assimilar MUITA coisa (§ 2>>> ERRADO. Aqui temos presença de Pronome Indefinido, que são variáveis eantecedendo o substantivo, expressam quantidade e/ou qualidade indefinidas. Neste caso da opção "a" esta sendo empregado como  expressão de "quantidade indefinida". Basta confirmar sua presença com uma substituição simples por termo equivalente (poucas, tantas etc...) ou no plural (muitas). Havendo manutenção do sentido de quantidade e respeito a concordância e coerência, teremos comprovada a presença, portanto, de Pronome Indefinido. Exemplo: pode aprender e assimilar MUITAS coisaS; pode aprender e assimilar POUCA coisa, pode aprender e assimilar TANTA coisa.
    b) enfrentamos MUITAS novidades (§ 2) >>> ERRADO.  Da mesma forma que o item anterior, temos aqui Pronome indefinido expressando "quantidade". Substituindo por equivalentes (poucas, tantas etc...) ou pelo mesmo no singular (muita), desde que  respeite a concordância e coerência. Teremos, por Exemploenfrentamos POUCAS novidades; enfrentamos TANTAS novidades; enfrentamos MUITA novidade (singular). Comprovada, portanto, a presença de Pronome Indefinido.
    c) precisa de um parceiro com MUITO caráter (§ 3) >>> ERRADO. Aqui a questão complica um pouco, podendo gerar certa confusão. No entanto preciamos avaliar com cuidado para não confundir este Pronome Indefinido com o tal adjunto adverbial que procuramos. A aplicação deste "muito" também é Pronome Indefinido pois expressa algo "grande", "demasiado", "excessivo". Basta substituir para evidenciar. Exemplo: precisa de um parceiro com GRANDE caráter; precisa de um parceiro com EXCESSIVO caráter.
    d) não gostam de mulheres MUITO inteligentes (§ 4) >>> CERTO. Aqui, finalmente, temos a presença do procurado "adjunto adverbial". Note que o valor deste "muito" reflete intensidade, algo que existe em "alto grau", "abundante". Basta a substituição por equivalentes (realmente, bastante, excepcionalmente) para que seja constatada a função de advérbio. Exemplo: não gostam de mulheres REALMENTE inteligentes; não gostam de mulheres EXCEPCIONALMENTE inteligentes; não gostam de mulheres BASTANTE inteligentes.
    e) assumimos MUITO conflito e confusão (§ 4) >>> ERRADO.  Novamente situação similar à opção "A", temos aqui Pronome indefinido expressando "quantidade". Substituindo por equivalentes (poucas, vários etc...) ou pelo mesmo no plural (muitos) desde que respeite a concordância e coerência. Teremos, por exemplo: assumimos POUCO conflito e confusão; assumimos VÁRIOS conflitoS e confusÕES; assumimos MUITOS conflitoS e confusÕES. Comprovada, portanto, a presença de Pronome Indefinido.
  • GABARITO: Letra D

    Enriquecendo os comentários: TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO: ADJUNTOS ADNOMINAL E ADVERBIAL
    São termos que, apesar de dispensáveis na estrutura básica da oração, são importantes para a compreensão do enunciado porque apresentam
    informações novas: especificam um nome ou indicam uma circunstância do verbo.
    ADJUNTO ADVERBIAL
    É sempre um advérbio ou uma locução adverbial.
    Ex.: Nós estudamos muito bem ontem no curso.
    muito = adjunto adverbial de intensidade
    bem= adjunto adverbial de modo
    ontem= adjunto adverbial de tempo
    no curso = adjunto adverbial de lugar
    Outras Circunstâncias do Adjunto Adverbial
    Ex.: Feriu-se com a faca.
    adjunto adverbial de instrumento
    Marcos saiu com os amigos.
    adjunto adverbial de companhia
    Viajamos de trem.
    adjunto adverbial de meio(de transporte)
    Fala-se muito das pesquisas eleitorais.
    adjunto adverbial de assunto
    Ele morreu de rir.
    adjunto adverbial de causa
    A calça custou vinte reais.
    adjunto adverbial de valor (de preço)
  • O único caso em que o termo refere-se a um adjetivo tornando-se advérbio é a alternativa D
  • - Os advérbios modificam verbos, adjetivos, outros advérbios e também podem modificar toda a oração.

    pode aprender e assimilar MUITA coisa  (MUITA = Pronome adjetivo, modifica o substantivo coisa) enfrentamos MUITAS novidades  (MUITAS = Pronome adjetivo, modifica o substantivo novidades)  precisa de um parceiro com MUITO caráter  (MUITO = Pronome adjetivo, modifica o substantivo caráter) não gostam de mulheres MUITO inteligentes  (MUITO = Advérbio de Intensidade, modifica o adjetivo inteligentes)  assumimos MUITO conflito e confusão   (MUITO = Pronome adjetivo, modifica o substantivo conflito)
  • bom eu acertei pelo simples fato que a letra D ser a unica que aceita  a substituição das palavras:

    muito inteligentes pela palavra inteligentíssimas    fica a dica, na hora da prova se der branco tente substituir.

  •       "MUITO" será SEMPRE  A D V É R B I O  quando depois dele
    vier UM ADJETIVO"          ;

                                             e
     
                  "MUITO" será SEMPRE  P R O N O ME  I N D E F I N I DO
    em duas situações :
                  - Quando vier ANTES DE UM  S U B S T A N T I V O
                                             ou
                  - Quando vier  SOZINHO - APENAS NA FORMA MASCULINA
                    PLURAL - "MUITOS" (não seguido nem de  substantivo
                    nem de adjetivo.

                                                 Repare nestes exemplos :
     
                    MUITOS desconhecem o que seja a vida.
                    A vida é algo desconhecido para MUITOS

  • Assista ao vídeo do professor Alexandre Soares comentado dessa questão em comentários do professor !!!

  • Dica: Com exceção de "Todo", todo advérbio é inflexível. O único que não flexiona p acompanhar o substantivo está presente na letra D.


  • Advérbio (Adjunto Adverbial) é satélite, relaciona-se,.. : verbo, adjetivo ou outro advérbio!!!

  • LETRA D. - ADJUNTO ADVERBIAIS 

    NÃO SE ASSOCIAM A SUBSTANTIVOS

    NÃO VARIAM 

    Podem estar ligados a: ADJETIVO, ADVÉRBIO, VERBO. 

     

    a) pode aprender e assimilar MUITA coisa (§ 2) - COISA É SUBSTANTIVO
    b) enfrentamos MUITAS novidades (§ 2)- NOVIDADES É SUBSTANTIVO
    c) precisa de um parceiro com MUITO caráter (§ 3) CARÁTER - SUBSTANTIVO
    d) não gostam de mulheres MUITO inteligentes (§ 4) inteligentes é adjetivo - e apesar de inteligentes estar no plural o muito não variou. 

    e) assumimos MUITO conflito e confusão (§ 4) CONFLITO E CONFUSÃO são substantivos 

     

  • ADVÉRBIO (ADJUNTO ADVERBIAL) NÃO VARIA

    não gostam de mulheres MUITO inteligentes (§ 4)

    UNICO QUE NÃO VARIOU APSAR DA PALAVRA A QUE ELE SE REFERE ESTAR NO PLURAL (INTELIGENTES) 

    LETRA D. 

  • d)não gostam de mulheres MUITO inteligentes (§ 4). Como ja notado, adverbio nao sofre variação. na duvida, deve-se substituir a palavra a seguir por outra de outro genero. Se nao houver alteração, sera advebrio de intensidade

  • Fiz um macetinho que deu certo...

    substituí "MUITA" por "UMA QUANTIDADE DE" e a unica frase que não deu certo foi a D)

    Alguém pode explicar sintaticamente por que dá certo?

  • Adjunto adverbial nao varia. Basta reescrever a frase no plural. ''Muito'' permanece invariavel, portanto e´ adj. adverbial .

  • Para quem não tem acesso ao vídeo do prof:

    Obs 1: O advérbio NUNCA estará ligado (ao lado) de um substantivo. Estará ligado a ---> adjetivo,  verbo ou a outro advérbio.

    Obs 2:  Adjunto adverbial não varia. Ex: MUITA

    Obs 3: Ainda que o adjetivo/ verbo  estejam no plural o adjunto adverbial não varia. Ex: Muito Inteligentes.
     

    Prof: Alexandre Soares QC

  • A pode aprender e assimilar 300 coisa (§ 2) B enfrentamos 300 novidades (§ 2) C precisa de um parceiro com 300 caráter (§ 3) D não gostam de mulheres 300 inteligentes (§ 4)(VISH não teve sentido ADVERBIO E assumimos 300 conflito e confusão (§ 4)


  • GAB D

    Gnt comentários do Prof Alexandre Soares Top demais, não deixem de ver... Show!

  • Tente flexionar no plural. Advérbios não flexionam.

  • //alguém explica por que não é a letra C ?

  • As outras alternativas dão ideia de quantidade enquanto a alternativa "C" intensifica o adjetivo.

  • Quando as palavras "muito", "bastante", "certo" e muitas outras vierem sucedidas de um advérbio, adjetivo ou verbo elas serão advérbios, porque apenas essa classe gramatical modifica essas outras. Agora, quando essas mesmas palavras vierem sucedidas de pronomes, substantivos ou qualquer palavra substantivada daí elas serão pronomes indefinidos.

    quando advérbio não variam

    quando pronomes variam pela concordância nominal

    atenção!!

    quando tais palavras vierem no final da oração, olhem para a palavra que a precedem

    ex: você comeu bastante. Vejam que aqui a palavra "bastante" está modificando o sentido do verbo comer, então ela é uma advérbio.

  • Os adjuntos adverbias são invariáveis e só podem estar ligados a: adjetivos, advérbios e verbos, jamais estarão ligados a Substantivos.

    Tendo em vista isso podemos observar as alternativas da questão:

    a) MUITA >> está variando em gênero e está ligado ao substantivo "coisa".(Errado)

    b) MUITAS >> novamente podemos ver uma variação, dessa vez a variação ocorre em número (Errado)

    c) MUITO >>> apesar de não variar, está ligado ao substantivo "caráter". (Errado)

    d) MUITO >>> não demonstra variação e está ligado ao adjetivo "inteligentes" (Gabarito)

    e) MUITO >>> apesar de não variar, está ligado ao substantivo "conflito". (Errado)