SóProvas


ID
1148953
Banca
CONSULPLAN
Órgão
MAPA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                As verdades da razão

            Raciocinar não é algo que aprendemos na solidão, mas algo que inventamos ao nos comunicar e nos confrontar com os semelhantes: toda razão é fundamentalmente conversação. “Conversar” não é o mesmo que ouvir sermões ou atender a vozes de comando. Só se conversa - sobretudo só se discute - entre iguais. Por isso o hábito filosófico de raciocinar nasce na Grécia, junto com as instituições políticas da democracia. Ninguém pode discutir com Assurbanipal ou com Nero, e ninguém pode conversar abertamente em uma sociedade em que existem castas sociais inamovíveis. [...] Afinal de contas, a disposição a filosofar consiste em decidir-se a tratar os outros como se também fossem filósofos: oferecendo-lhes razões, ouvindo as deles e construindo a verdade, sempre em dúvida, a partir do encontro entre umas e outras.
             [...] Oferecemos nossa opinião aos outros para que a debatam e por sua vez a aceitem ou refutem, não simplesmente para que saibam “onde estamos e quem somos”. E é claro que nem todas as opiniões são igualmente válidas: valem mais as que têm melhores argumentos a seu favor e as que melhor resistem à prova de fogo do debate com as objeções que lhe sejam colocadas.
             [...] A razão não está situada como um árbitro semidivino acima de nós para resolver nossas disputas; ela funciona dentro de nós e entre nós. Não só temos que ser capazes de exercer a razão em nossas argumentações como também - e isso é muito importante e, talvez, mais difícil ainda - devemos desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas melhores razões, venham de quem vierem. [...] A partir da perspectiva racionalista, a verdade buscada é sempre resultado, não ponto de partida: e essa busca incluía conversação entre iguais, a polêmica, o debate, a controvérsia. Não como afirmação da própria subjetividade, mas como caminho para alcançar uma verdade objetiva através das múltiplas subjetividades.


            (Fernando Savater. “As verdades da razão”. In: As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001.)


Os termos destacados em “Não como afirmação da própria subjetividade, mas como caminho para alcançar uma verdade objetiva através das múltiplas subjetividades.” (3º§) indicam, respectivamente, uma relação de

Alternativas
Comentários
  • Mas- Oposição entre afirmação da própria subjetividade e caminho de uma verdade objetiva. Não poderia ser ressalva, visto que, tal termo dá idéia de retificação, uma pequena correção, e não uma completa oposição.

    Para- Finalidade no sentido de que se alcalça a uma verdade objetiva. Não podendo ser explicação, visto que não existe justificativa para se alcançar uma verdade objetiva

  • Bizu (dado pelo meu professor de Português):

    *Indicarão finalidade:

    "para" + verbo finalizado em AR, ER, IR e OR

    Ex: (...) como caminho PARA alcançAR uma verdade(...)




  • CONJUNÇÃO COORDENADA SINDÉTICA ADVERSATIVA


    mas - porém - contudo - entretanto - no entanto - todavia 



    CONJUNÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL FINAL


    para que - a fim de que

  • 1. "Não como afirmação ..., mas como caminho" (Oposição);

    2. "... caminho para alcançar uma verdade..." (Finalidade. Podemos inclusive reconstruir o trecho da seguinte forma: "... caminho com o fim de alcançar uma verdade...)
  • Alguém consegue me convencer me explicando porque Afirmação é oposição de caminho? Neste caso ao meu ver caberia uma explicação ou mesmo uma resalva

  • GABARITO B

    Mas -> Adversativo – expressa ideia de contraste.
    Para -> Finalidade – expressa a finalidade ou o objetivo.

  • VIDE    Q720479

     

    FINALIDADE:       Para + Verbo no infinitivo = finalidade 

     

    Mas cuidado com essa dica (regra), pois a FCC na questão Q720479 colocou 2 alternativas com 'Para + infinitivo".