SóProvas


ID
1148959
Banca
CONSULPLAN
Órgão
MAPA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                As verdades da razão

            Raciocinar não é algo que aprendemos na solidão, mas algo que inventamos ao nos comunicar e nos confrontar com os semelhantes: toda razão é fundamentalmente conversação. “Conversar” não é o mesmo que ouvir sermões ou atender a vozes de comando. Só se conversa - sobretudo só se discute - entre iguais. Por isso o hábito filosófico de raciocinar nasce na Grécia, junto com as instituições políticas da democracia. Ninguém pode discutir com Assurbanipal ou com Nero, e ninguém pode conversar abertamente em uma sociedade em que existem castas sociais inamovíveis. [...] Afinal de contas, a disposição a filosofar consiste em decidir-se a tratar os outros como se também fossem filósofos: oferecendo-lhes razões, ouvindo as deles e construindo a verdade, sempre em dúvida, a partir do encontro entre umas e outras.
             [...] Oferecemos nossa opinião aos outros para que a debatam e por sua vez a aceitem ou refutem, não simplesmente para que saibam “onde estamos e quem somos”. E é claro que nem todas as opiniões são igualmente válidas: valem mais as que têm melhores argumentos a seu favor e as que melhor resistem à prova de fogo do debate com as objeções que lhe sejam colocadas.
             [...] A razão não está situada como um árbitro semidivino acima de nós para resolver nossas disputas; ela funciona dentro de nós e entre nós. Não só temos que ser capazes de exercer a razão em nossas argumentações como também - e isso é muito importante e, talvez, mais difícil ainda - devemos desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas melhores razões, venham de quem vierem. [...] A partir da perspectiva racionalista, a verdade buscada é sempre resultado, não ponto de partida: e essa busca incluía conversação entre iguais, a polêmica, o debate, a controvérsia. Não como afirmação da própria subjetividade, mas como caminho para alcançar uma verdade objetiva através das múltiplas subjetividades.


            (Fernando Savater. “As verdades da razão”. In: As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001.)


Em uma oração, os termos se relacionam entre si em uma relação de dependência. A partir de tal aspecto, analise as assertivas a seguir e identifique a correta.

Alternativas
Comentários
  • COMENTÁRIO UMA A UMA:


    A) Em “atender a vozes” (1º§), “a” pode ser substituído por “às” sem que haja alteração de sentido. 

    ERRADO. Neste caso, o verbo "atender"  é empregado como sendo transitivo indireto, sendo que "a" é a sua preposição.

    Assim temos: "atender a vozes", o "a" é a preposição do verbo atender, sendo que no trecho não existe a presença do artigo.

    Podemos sim, escrevê-lo com a presença do artigo "as" para referir ao substantivo vozes, logo, a frase ficaria assim reescrita: "atender às vozes". Agora o sinal de crase surgi, pois há um encontro de A preposição + AS artigo.


    O erro do item estar em dizer que não haverá alteração de sentido, embora ele ocorrerá, porque temos antes uma oração escrita sem artigo o que gera a indeterminação da palavra "vozes". Com a presença do artigo, a palavra "vozes" deixa de ser indeterminada e passa a ser determinada.


    B) Em “algo que inventamos ao nos comunicar” (1º§), “ao” pode ser substituído por “à” se “nos” for eliminado.

    ERRADO. Efetuando o proposto na oração temos: "algo que inventamos à comunicar".

    Neste caso, não há cabimento da crase na oração, uma vez que é proibido o uso da crase antes de verbo.


    C) Em “Oferecemos nossa opinião aos outros” (2º§), a preposição é obrigatória, de acordo com o termo regente.

    CORRETO. O verbo "oferecer" é bitransitivo, logo "nossa opinião" é o objeto direito e "aos outros" é objeto indireto", sendo que sua preposição "aos" é obrigatório.


    D) Em “consiste em decidir-se” (1º§), “em” estabelece a mesma relação vista no uso da locução “por intermédio de”.
    ERRADO. O "em" é a preposição solicitada obrigatoriamente pelo verbo "consiste"
  • Letra C. O verbo oferecer é VTDI. Quem ofere, ofere algo à alguém. A frase tornaria sem sentido se retirasse a Preposição. Oferecemos nossa opinião os outros. Portanto a crase é obrigatória. Aos outros.


  • Letra C. O verbo oferecer é VTDI. Quem ofere, ofere algo à alguém. A frase tornaria sem sentido se retirasse a preposição Oferecemos nossa opinião os outros. Portanto a crase é obrigatória. Aos outros.

  • A alternativa "a" está incorreta por que colocar crase, nesse contexto, adicionando-se o artigo, estaria-se definindo uma voz de comando específica, o que não ocorre no texto. O trecho fala de qualquer voz de comando que alguém possa ouvir.

  • Entendi.

    Obrigada Mozart.

  • Fiquei na dúvida entre a e c. Não marquei a "a" pois entendi qual alteração de sentido seria feita. 

    Em "a vozes de comando" as vozes não estão definidas, determinadas, pois o artigo não está concordando com o substantivo vozes. 

    Ao substituir por "às vozes", elas passam a ser determinadas e definidas. Logo, o sentido seria alterado de vozes quaisquer para vozes definidas.

  • A) De um lado, o “a”, depois de “atender”, é preposição, já que o verbo foi empregado, no contexto, como transitivo indireto; de outro, o substantivo “vozes” foi empregado sem determinação alguma (“atender a vozes” é atender a qualquer tipo de voz de comando). Se substituirmos por “atender às vozes”, teremos a preposição “a”, decorrente de atender, e o artigo definido “as”, determinando o substantivo “vozes”. Portanto, a proposta não provoca incorreção gramatical; porém, altera o sentido do texto. A afirmação, por isso, está errada.
    B) Não é possível substituir “ao” por “à”, mesmo que se elimine o pronome átono “nos”, pois haverá erro no emprego do acento grave, indicativo da crase, que exige, em regra, a presença da preposição “a” e do artigo “a(s)”. No caso, temos a combinação de “a” (preposição) com “o”(artigo), seguida de infinitivo (“comunicar”), que dá ideia de tempo (inventamos quando nos comunicamos). A afirmação, portanto, está incorreta.
    C) A preposição “a” é, de fato, obrigatória, pois o verbo “oferecer” (termo regente) é transitivo direto (oferecer nossa opinião) e indireto (oferecer aos outros). Logo, a preposição “a” é exigida pelo verbo “oferecer”: se a eliminarmos, haverá erro de regência verbal. A afirmação, portanto, está correta.
    D) A preposição “em” participa da composição do complemento do verbo transitivo indireto “consistir”: consiste (verbo transitivo indireto) em decidir-se (objeto indireto). Já a locução “por intermédio de” nos remete à ideia de modo, de meio. O sentido da preposição “em”, no contexto, foi esvaziado, ao passo que a locução “por intermédio de” conserva nítido seu valor semântico. Afirmação, pois, incorreta.
    Resposta correta: C

  • A) De um lado, o “a”, depois de “atender”, é preposição, já que o verbo foi empregado, no contexto, como transitivo indireto; de outro, o substantivo “vozes” foi empregado sem determinação alguma (“atender a vozes” é atender a qualquer tipo de voz de comando). Se substituirmos por “atender às vozes”, teremos a preposição “a”, decorrente de atender, e o artigo definido “as”, determinando o substantivo “vozes”. Portanto, a proposta não provoca incorreção gramatical; porém, altera o sentido do texto. A afirmação, por isso, está errada.


    B) Não é possível substituir “ao” por “à”, mesmo que se elimine o pronome átono “nos”, pois haverá erro no emprego do acento grave, indicativo da crase, que exige, em regra, a presença da preposição “a” e do artigo “a(s)”. No caso, temos a combinação de “a” (preposição) com “o”(artigo), seguida de infinitivo (“comunicar”), que dá ideia de tempo (inventamos quando nos comunicamos). A afirmação, portanto, está incorreta.


    C) A preposição “a” é, de fato, obrigatória, pois o verbo “oferecer” (termo regente) é transitivo direto (oferecer nossa opinião) e indireto (oferecer aos outros). Logo, a preposição “a” é exigida pelo verbo “oferecer”: se a eliminarmos, haverá erro de regência verbal.


    D) A preposição “em” participa da composição do complemento do verbo transitivo indireto “consistir”: consiste (verbo transitivo indireto) em decidir-se (objeto indireto). Já a locução “por intermédio de” nos remete à ideia de modo, de meio. O sentido da preposição “em”, no contexto, foi esvaziado, ao passo que a locução “por intermédio de” conserva nítido seu valor semântico. 



    Fonte: http://www.dzai.com.br/papodeconcurseiro/blog/papodeconcurseiro?tv_pos_id=160289


    abraço =D

  • Só Complementando...

      

    Na letra A tem alteração de sentido, MAS a correção gramatical permanece ( as duas formas estão corretas)...

      

    Se o verbo exigir a preposição A e o termo seguinte o artigo A/As, o artigo pode ser suprimido mantendo-se a correção gramatical.Ex.:

    ...Presta homenagem às potências dominantes

                                    ou

    ...Presta homenagem a potências dominantes

  • Oferecer algo a alguém (V.T.D.I)

    Resposta C

    A) ATENDER -> T.D. ou T.I. (para coisa ou pessoa). MUDA O SENTIDO.
    B) "
    algo que inventamos à comunicar" -> ERRADA. A crase é proibida antes de verbos.
    D) "em" é a preposição regida pelo verbo "consistir"

  • Letra C.

     

    Comentário:

     

    Na alternativa (A), originalmente não há crase, haja vista que “atender” rege a preposição “a”, mas o substantivo plural

    “vozes” não é precedido do artigo “as”. Assim, o autor utilizou o substantivo “vozes” com valor generalizante. Ao inserirmos

    o artigo “as” diante de tal substantivo, naturalmente passamos a dar a ele um valor semântico mais específico.

    Assim, a substituição de “a” por “às” é gramaticalmente possível, porém isso faz mudar sensivelmente o sentido.

     

    Na alternativa (B), não caberá crase, pois a omissão de “nos” faz com que a crase ficaria diante do verbo “comunicar”,

    e sabemos que não pode haver crase antes de verbo.

     

     

    A alternativa (C) é a correta, pois “Oferecemos” é transitivo direto e indireto, “nossa opinião” é o objeto direto e “aos outros”

    é o objeto indireto. Como sabemos que o objeto indireto é exigido pelo verbo, é correto afirmar que a preposição “a” é

    obrigatória, de acordo com o termo regente “Oferecemos”.

     

    Na alternativa (D), o verbo “consiste” rege a preposição “em”, a qual não possui valor semântico, muito menos apresenta

    o mesmo sentido de “por intermédio de”.

     

    Gabarito: C

     

    Prof. Décio Terror

  • c) Em “Oferecemos nossa opinião aos outros” (2º§), a preposição é obrigatória, de acordo com o termo regente.

  • Em “Oferecemos nossa opinião aos outros

     

    Quem oferece, oferece alguma coisa a alguém.

     

    Oferecer = VTDI

  • obg Juli