SóProvas


ID
1149235
Banca
CONSULPLAN
Órgão
MAPA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                    As verdades da razão

            Raciocinar não é algo que aprendemos na solidão, mas algo que inventamos ao nos comunicar e nos confrontar com os semelhantes: toda razão é fundamentalmente conversação. “Conversar” não é o mesmo que ouvir sermões ou atender a vozes de comando. Só se conversa - sobretudo só se discute - entre iguais. Por isso o hábito filosófico de raciocinar nasce na Grécia, junto com as instituições políticas da democracia. Ninguém pode discutir com Assurbanipal ou com Nero, e ninguém pode conversar abertamente em uma sociedade em que existem castas sociais inamovíveis. [...] Afinal de contas, a disposição a filosofar consiste em decidir-se a tratar os outros como se também fossem filósofos: oferecendo-lhes razões, ouvindo as deles e construindo a verdade, sempre em dúvida, a partir do encontro entre umas e outras.
            [...]Oferecemos nossa opinião aos outros para que a debatam e por sua vez a aceitem ou refutem, não simplesmente para que saibam “onde estamos e quem somos”. E é claro que nem todas as opiniões são igualmente válidas: valem mais as que têm melhores argumentos a seu favor e as que melhor resistem à prova de fogo do debate com as objeções que lhe sejam colocadas.
            [... ]A razão não está situada como um árbitro semidivino acima de nós para resolver nossas disputas; ela funciona dentro de nós e entre nós. Não só temos que ser capazes de exercer a razão em nossas argumentações como também - e isso é muito importante e, talvez, mais difícil ainda - devemos desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas melhores razões, venham de quem vierem. [...] A partir da perspectiva racionalista, a verdade buscada é sempre resultado, não ponto de partida: e essa busca incluía conversação entre iguais, a polêmica, o debate, a controvérsia. Não como afirmação da própria subjetividade, mas como caminho para alcançar uma verdade objetiva através das múltiplas subjetividades.

                                                 (Fernando Savater. “As verdades da razão”. In: As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001.)


A partir de mecanismos linguísticos que permitem uma sequência lógico-semântica entre as partes do texto, identifique a referenciação corretamente estabelecida quanto ao destacado em “– e isso é muito importante e, talvez, mais difícil ainda –” (3º§).

Alternativas
Comentários
  • Na verdade, na frase citada, o mais correto seria a utilização do pronome indefinido catafórico ISTO em vez de ISSO, pois a ideia ainda será exposta. Um erro do autor, mas que não compromete o entendimento.

  • A questão correta é a d, ainda que gramaticalmente a utilização do pronome "isso" seja incorreta, pois, como  o termo a ser referido está colocado no futuro, o pronome a ser utilizado deveria ter sido "isto". É uma pegadinha da banca.

  • Não seria letra A? Fica a dúvida.

  • Resposta letra D, mas o autor erra ao usar "isso", pronome anafórico, no lugar de "isto", pronome catafórico. Esse erro pode confundir o candidato. 

  • Segundo explica o professor Fernando Pestana, na sua gramática, os pronomes demonstrativos que se referem ao termo anterior são SEMPRE: Esse(a/s), isso. 

    Obs: Esses pronomes referem-se a um ser que está próximo do ouvinte ou que o falante toma como tal. 

    Ex: ESSA camisa aí é tua?

    Os pronomes que se referem ao termo que será dito ou apresentado são: Este(a/s), isto.

    Como dito pelos colegas o pronome que deveria ser usado no lugar de " isso é muito importante...." seria o isto.

    Portanto não entendi o gabarito desta questão. 

  • Boa, Flávio! Tanto que a primeira assertiva refere-se ao termo gramaticalmente correto e que deveria ser o retomado pelo pronome demonstrativo "isso".

  • A banca pede a sequência lógico-semântica. Se analisarmos o significado do texto, realmente o termo destacado se refere à oração posterior, levando em consideração o sentido do texto. Se a banca tivesse pedido o significado sintático, provavelmente seria a resposta da letra A, pois ISSO se refere a termos anafóricos. 

  • Eu pensei da seguinte forma: ISSO é um termo anafórico e na  frase ele retoma a expressão "mas também". Essa expressão está mencionando algo posterior que neste caso é a frase "devemos desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas melhores razões".

  • No meu pragmático cérebro, o pronome "isso" SEMPRE retoma sistematicamente termo antecedente, senão seria "isto", sendo assim, errei marcando a letra A). Apesar das explicações maravilhosas dos brilhantes colegas abaixo, fica difícil de concordar rs....mas...pegar o jeito da Consulplan em fazer suas questões....fazer oq...concurso é ISSO mesmo kkkkk

  • Deus me abençoe nesta prova do TRE com essa banca.

  • Esta questão está utilizando um pronome mal colocado pelo autor do texto, pois ao nos referirmos a algo que vem depois devemos utilizar isto. Bem como para mencionarmos algo antes utilizamos o pronome isso

    ...questão polêmica

  • Verdade João Sena

  • Pela Gramática, estritamente, seria a letra A, pois "isso" refere-se  a um termo explicitado anteriormente. Pela semântica, realmente, o termo se relaciona com o termo posterior. Mas como fazer diferenciar isso na hora da prova?

  • "A partir de mecanismos linguísticos que permitem uma sequência lógico-semântica entre as partes do texto..."

    Creio que o examinador quis saber o papel do "isso" no contexto, e pelo contexto o gabarito é letra D, apesar de normalmente "isso" retornar algo que foi dito anteriormente, de acordo a norma culta.

  • Nesta questão creio que foi o uso da vírgula (travessões) para a oração intercalada. Vejo que o pessoal se confundiu nisto. Na hora também fiquei também com dúvida. Elas são empregadas no intuito de inserir uma opinião, pontuar acerca de uma ressalva então neste caso "isso" ficou correto. 

  • GAB: D

    /

    Entendi o mesmo que Maria Alice.

    também - e isso é muito importante e, talvez, mais difícil ainda.....

    isso faz referência a "também".

  • CONSULPLAN É F...

  • Errei a questão por bobagem. Olhem como fica fácil entender. Gabarito D

    Vejam o seguimento em vermelho. Retire mentalmente a frase, em vermelho, aí vc acha tranquilamente a que o pronome "isso" se refere.

    A razão não está situada como um árbitro semidivino acima de nós para resolver nossas disputas; ela funciona dentro de nós e entre nós.

    "Não só temos que ser capazes de exercer a razão em nossas argumentações como também - e isso é muito importante e, talvez, mais difícil ainda - devemos desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas melhores razões, venham de quem vierem."

     

    Bons estudos! Aguenta coluna! Horas em frente ao computador não é pra qualquer pessoa!

    A posse chegará!

  • Não só temos que ser capazes de exercer a razão em nossas argumentações como também - e isso é muito importante e, talvez, mais difícil ainda - devemos desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas melhores razões

     

    Acho que, na verdade, isso retoma o "como também", que por sua vez conecta a frase anterior com a posterior. Então o isso continua sendo catafórico. 

     

    Abraço

  • Concordo com Nathália Cornelio. A pegadinha da questão foi pedir "A partir de mecanismos linguísticos... lógico-semântico".

    Pelo que entendi o autor usou o "isso" de forma errada devendo ser usado "isto". Porém pelo contexto da frase dá para perceber que se reere ao assunto pós posto. 

  • Errei, porque o isso retoma a ideia mencionada anteriormente.