SóProvas


ID
1166062
Banca
FCC
Órgão
TRT - 16ª REGIÃO (MA)
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                        Da utilidade dos prefácios

           Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão. Garantido o tom elogioso, o prefácio ainda aponta características evidentes do texto que virá, que o leitor poderia ter muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais graves, o prefácio adianta elementos da história a ser narrada (quando se trata de ficção), ou antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os argumentos de base a serem desenvolvidos (quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o prefácio seria um estraga-prazeres.

          Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes ela proceda - o que não justifica a generalização devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio - fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas no texto principal. Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro que o restante é desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como argumento final vou glosar uma observação de Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a vantagem de ser bem mais curto.
          Há muito tempo me deparei com o prefácio que um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além de grande escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades para os poemas da moça que o prefácio acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poético.

                                                                                                    (Aderbal Siqueira Justo, inédito)


Está inteiramente clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

Alternativas
Comentários
  • Festival de virgulas erradas nas demais. Além disso, "embora HAJAM " não, né? 

  • A pedidos, farei um breve e objetivo comentário acerca da questão.  Vamos lá.

    Na alternativa (B), há erro grosseiro: indevida flexão do verbo "haver". No caso, ele está com o sentido de "existir" e, por isso, não admite sujeito nem plural.  Na (C), o pecado é a falta de clareza motivada pelo circunlóquio.  Observerm que, após a primeira vírgula, diz-se exatamente o mesmo que se disse antes dela.  Ou seja, há circunlóquio, repetição de ideias com outras palavras, ausência de progressão de ideias.  Na (D), a locução "ainda que" exige verbo no modo subjuntivo; por isso, "estabelece" está errado (o certo seria "estabeleça"). Além disso, também aqui se verifica falta de clareza.  Na (E), erro notório é o emprego da primeira vírgula separando a oração principal de sua subordinada substantiva subjetiva.  Não há dúvida: a resposta é a alternativa (A).  Um grande abraço a todos.

  • Na 'D' tbm há outro erro: "...o autor acredita de que..." o correto seria "o autor acredita que..."

  • a) Ao contrário dos que consideram os prefácios tão inúteis quanto inconvenientes, o autor julga que muitas dessas apresentações são mais atraentes e substanciosas do que o texto principal.

  • Carlos, a palavra negam está correta, pois concorda com outros: "outros negam seu intento esclarecedor". O problema da letra C é a falta de sentido na frase.

  • Acredito que a incoerência da letra C seja o pronome "o" antes de "negam" ao invés de "os", visto que este pronome faz referência a "os prefácios", devendo assim concordar em gênero e número com ele.

  • Acho que a referência do pronome 'o' é 'intento esclarecedor', e não 'prefácios'. A depender da interpretação, talvez possa ser 'valor dos prefácios', mas não 'prefácios'.

    Assim, acho que o pronome está correto, no singular.


    Sinceramente, não vi falta de clareza do item 'C', ainda mais considerando que é texto livre.


    Fiquei em dúvida entre os itens 'C' e 'A'. Não marquei o 'A' por pensar estar errada a regência "mais atraente DO que ele". Pensava não existir esse 'DO'.

  • Em meu próprio comentário acho que sanei minha dúvida.

    Não se sabe a que o pronome 'o' está se referindo. Assim, falta clareza.

    Talvez seja isso.

  • Não consegui ver erro na C, alguém pode tentar explicar ai?