SóProvas


ID
1203754
Banca
FCC
Órgão
TCE-CE
Ano
2008
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O espírito das leis

- O mais difícil, em certos processos, não é julgar os fatos expostos. É julgar os fatos ocultos. 


Foi o que ouvi, há muito tempo, quando eu ainda pensava em fazer Direito, de um parente juiz. Estranhei a expressão “fatos ocultos”, que me cheirou a esoterismo, mas ele explicou: 


- A gente costuma estudar um caso, avaliar as razões das partes, pesar os dados levantados, consultar minuciosamente a legislação e a jurisprudência, para, enfim, dar a sentença. Mas há situações em que a intuição e a experiência de um juiz fazem-no sentir que a verdade profunda do caso não foi exposta. Por vezes, ao ouvir os litigantes, esse sentimento cresce ainda mais. Aí a tarefa fica difícil. Objetivamente, um juiz não pode ignorar o que está nos autos; subjetivamente, no entanto, ele sabe que há mais complexidade na situação a ser julgada do que fazem ver as palavras do processo. Esses são os fatos ocultos; essa é a verdade que sofreu um processo de camuflagem da parte do impetrante, do impetrado ou de ambos.

- E o que faz você numa situação dessa? 


- Ele parou de falar por um tempo, dando a impressão de que não iria responder. Mas acabou esclarecendo: 


- Aplico a lei, naturalmente. É tudo o que devo e posso fazer. No entanto, para isso preciso também sentir o que se entende por espírito da lei, aquilo que nem sempre está nela explicitado com todas as letras, mas constitui, sem qualquer dúvida, o que a justifica e a legitima em sua profundidade. Como vê, às vezes julgo fatos ocultos com o concurso do espírito...


Foi uma manifestação de bom humor, não um gracejo; foi uma lição que me ficou, que me parece útil para muitas situações da nossa vida.

(Etelvino Corrêa e Souza, inédito) 


Estão corretamente grafadas e flexionadas todas formas verbais da frase:

Alternativas
Comentários
  • a) correta.

    c) Assessorar.

    d) Remedeie.


    e) Interviesse. 

  • Qual é o erro do item B?

  • b)  dispuser - ok
    prover - errado ; provier - correto.

  • O erro da B) eu entendi da seguinte forma:

    B) Se não se dispor a examinar bem o caso e não se prover da melhor intuição, poderá proceder injustamente.


    Quando (troquei pelo "Se" pois é Futuro Subjuntivo) não se DISPUSER (Futuro do Subjuntivo) a examinar bem o caso e não se PROVER (Futuro do Subjuntivo) da melhor intuição, PODERÁ (Futuro do Presente do Indicativo) proceder injustamente.


    Futuro do subjuntivo + Futuro do Presente do Indicativo = Correlação Verbal correta.

  • Como ninguém falou sobre isso:

    "Se não se dispuser a examinar bem o caso e não se prover da melhor intuição, poderá proceder injustamente."

    Trata-se de paralelismo verbal. A conjunção condicional "SE" indica hipótese, os verbos seguintes deverão seguir esta lógica:

    PROVER fica PROVIER (SE PROVIER)

    PODERÁ QUE ESTÁ NO FUTURO DO INDICATIVO=CERTEZA, DEVERÁ SER TROCADO POR UM VERBO HIPOTÉTICO= PODERIA (FUTURO DO PRETÉRITO), EXPRESSANDO INCERTEZA