SóProvas


ID
1222798
Banca
FCC
Órgão
METRÔ-SP
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Delicadezas colhidas com mão leve 


     Era sábado e estávamos os dois na redação vazia da revista. Esparramado na cadeira, Guilherme roía o que lhe restava das unhas, levantava-se, andava de um lado para outro, folheava um jornal velho, suspirava. Aí me veio com esta:
     - Meu texto é melhor que eu.
     A frase me fez rir, devolveu a alegria a meu amigo e poderia render uma discussão sobre quem era melhor, Guilherme Cunha Pinto ou o texto do Guilherme Cunha Pinto. Os que foram apenas leitores desse jornalista tão especial, morto já faz tempo, não teriam problema em escolher as matérias que ele assinava, que me enchiam de uma inveja benigna.
     Inveja, por exemplo, da mão leve com que ele ia buscar e punha em palavras as coisas mais incorpóreas e delicadas. Não era com ele, definitivamente, a simplificação grosseira que o jornalismo tantas vezes se concede, com a desculpa dos espaços e horários curtos, e que acaba fazendo do mundo algo chapado, previsível, sem graça. Guilherme não aceitava ser um mero recolhedor de aspas, nas entrevistas, nem sair à rua para ajustar os fatos a uma pauta. Tinha a capacidade infelizmente rara de se deixar tocar pelas coisas e pessoas sobre as quais ia escrever, sem ideias prontas nem pé atrás. Pois gostava de coisas e de pessoas, e permitia que elas o surpreendessem. Olhava-as com amorosa curiosidade - donde os detalhes que faziam o singular encanto de suas matérias. O personagem mais batido se desdobrava em ângulos inéditos quando o repórter era ele. Com suavidade descia ao fundo da alma de seus entrevistados, sem jamais pendurá-los no pau de arara do jornalismo inquisitorial. Deu forma a textos memoráveis e produziu um título desde então citado e recitado nas redações paulistanas: “Picasso morreu, se é que Picasso morre”. 


(Adaptado de: WERNECK Humberto. Esse inferno vai acabar.
Porto Alegre: Arquipélago, 2001. p.45 e 46)


Considerado o contexto e transpondo-se para a voz passiva o segmento sem jamais pendurá-los no pau de arara, a forma resultante será :

Alternativas
Comentários
  • mto fácil!! se na voz ATIVA tem um verbo "pendurar", na voz PASSIVA, terá dois verbos...dá pra acertar por eliminação...

  • Não consegui identificar em qual tempo o verbo "pendurá-los" está, por causa da ênclise. Alguém pode me explicar?

  • Voz passiva: Locução Verbal = verbo SER + PARTICÍPIO 

    Simples assim... Única opção letra A

  • GABARITO: A


    Quando se passa um verbo da voz ativa para a passiva, o verbo vira uma locução verbal formada por "ser + particípio". Assim sendo, a única alternativa que se adequa a esta construção é a letra A.

  • As regras que eu aprendi não serviram para achar a resposta. Mas com um conceito básico consigui eliminar a C, pois em voz passiva o verbo não pode ser Ter/Haver. Para a frase não perde o sentido, também não devo alterar quem não for sujeito, verbo , OD ou Partícula apassivadora, elimino B e D.
    Na letra E o pronome se não deve ser confundido com verbo.

    Resta a letra A.

  • Pessoal cuidado com essa questão de contar os verbos.

    Olhem essa questão aqui do qc. achei difícil, mas olhem os comentários...

    8 • Q388687  

    Prova: FCC - 2014 - TRT - 16ª REGIÃO (MA) - Analista Judiciário - Contabilidade


  • Se transformamos a frase " sem jamais pendurá-los" para a forma desenvolvida " sem que jamais os pendurasse" veremos que o verbo está no pret. imperfeito do subjuntivo. Então o verbo auxiliar da passiva (ser) tb deve ficar neste tempo. Portanto a resposta é Fossem pendurados! Letra A. Vamos ter cuidado com essa história de contar os verbos...

  • Sem jamais perdurá-los no pau de arara -----> sem que jamais fossem (VERBO SER) pendurados (VERBO NO PARTICÍPIO) no pau de arara.

    Se fosse em outros tempos me confundiria com a letra c.

    Voz passiva analítica: verbo ser + verbo no particípio.

    Vos passiva sintética: VTD + partícula apassivadora "se".

    Gabarito: letra A.

  • Locução verbal (qualquer verbo como auxiliar + outro verbo no gerúndio ou infinitivo).

    Tempo composto (verbos auxiliares ter ou haver + qualquer verbo no particípio).
    Para ocorrer o acréscimo doo verbo na voz passiva analítica, a voz ativa deve estar transcrita no tempo composto. Notem que na questão, não há o que se falar de locução verbal e nem tempo composto, pois a voz ativa só está utilizando de um verbo e na forma infinitiva (pendurar). Isso que dizer que a forma passiva analítica utilizará de apenas um verbo e no mesmo tempo, independente do modo.
  • GALERA, É SIMPLES: CUSTEI ACHAR A RESPOSTA PORQUE NORMALMENTE A GENTE ESTA ACOSTUMADO A PASSAR PARA PASSIVA SE MUDAR O TEMPO E MODO VERBAL, CORRETO? PORÉM, PERCEBI QUE A QUESTÃO PEDE CONSIDERANDO O CONTEXTO, OU SEJA, NÃO FAZ MENÇÃO A TEMPO OU MODO.


    LOGO, A QUE ESTÁ NA VOZ PASSIVA, MUITO EMBORA EM OUTRO TEMPO OU MODO, É A LETRA 'A'. AS DEMAIS CONTINUAM NA ATIVA.

    ESPERO TER AJUDADO!

  • Alguém poderia explicar a diferença da letra A pra letra E. Entendo que a A está na voz passiva analítica (verbo ser + particípio) e a letra E está na voz passiva sintética (vtd + se). Fossem pendurados não seria igual a SE PENDURASSEM?