SóProvas


ID
1282345
Banca
FGV
Órgão
SUSAM
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos



Acredite, progredimos sim




Faz hoje exatos 50 anos do chamado Comício da Central do Brasil, que funcionou como acelerador para a conspiração já em andamento que acabaria por depor o presidente constitucional João Belchior Marques Goulart, apenas 18 dias depois.

É bom olhar para trás para verificar que, pelo menos no terreno institucional, o país progrediu bastante desde que chegou ao fim o ciclo militar, há 29 anos. É um dado positivo em uma nação com tão formidável coleção de problemas e atraso em tantas áreas como o Brasil.

Ajuda-memória: o comício foi organizado pelo governo Goulart. Havia uma profusão de bandeiras vermelhas pedindo a legalização do ainda banido Partido Comunista Brasileiro, o que era o mesmo que acenar para o conservadorismo civil e militar com o pano vermelho com que se atiça o touro na arena.

Se fosse pouco, havia também faixas cobrando a reforma agrária, anátema para os poderosos latifundiários e seus representantes no mundo político.

Para completar, Jango aproveitou o comício para assinar dois decretos, ambos tomados como “comunizantes" pelos seus adversários: o que desapropriava refinarias que ainda não eram da Petrobrás e o que declarava de utilidade pública para fins de desapropriação terras rurais subutilizadas.

Na visão dos conspiradores, eram dois claros atentados à propriedade privada e, como tais, provas adicionais de que o governo preparava a comunização do país.

Cinquenta anos depois, é um tremendo progresso, do qual talvez nem nos damos conta, o fato de que bandeiras vermelhas - ou azuis ou amarelas ou verdes ou brancas ou pretas - podem ser tranquilamente exibidas em atos públicos sem que se considere estar ameaçada a ordem estabelecida.

Reforma agrária deixou de ser um anátema, e a desapropriação de terras ociosas é comum mesmo em governos que a esquerda considera de direita ou conservadores.

Continua, é verdade, a batalha ideológica entre ruralistas e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, mas ela se dá no campo das ideias, sem que se chame a tropa para resolvê-la. Pena que ainda continuemos primitivos o suficiente para que haja mortes no campo (além de trabalho escravo), mas, de todo modo, ninguém pensa em chamar o Exército por causa dessa carência.

Nos quase 30 anos transcorridos desde o fim do ciclo militar, foi possível, dentro da mais absoluta ordem e legalidade, promover o impeachment de um presidente, ao contrário do ocorrido em 1964, ano em que Jango foi impedido à força de exercer o poder.

Votei pela primeira vez para presidente em 1989, quando já tinha 46 anos. Meus filhos também votaram pela primeira vez naquela ocasião, o que significa que uma geração inteira teve capada parte essencial de sua cidadania durante tempo demais.

Hoje, votar para residente é tão rotineiro que ficou até meio monótono. Democracia é assim mesmo.

Pena que esse avanço institucional inegável não tenha sido acompanhado por qualidade das instituições. Espero que esse novo passo não leve 50 anos.

(Clovis Rossi, Folha de São Paulo, 13/03/2014)





Faz hoje exatos 50 anos”; “há 29 anos”. Sobre as estruturas gramaticais dessas duas frases do texto, assinale a afirmativa correta.

Alternativas
Comentários
  • A) Verbo Fazer no sentido de tempo passado é impessoal.

    b) O verbo Haver transmitiria a impessoalidade para o seu verbo auxiliar (Ex: Deve Haver )

    c) Resposta correta.

    d) Essa eu fiquei em duvida. Eu entendo que ambas se referem sim a tempo passado. Talvez o "Hoje" da oração "Faz  hoje  exatos  50  anos” descaracterize de algum modo. Não sei mesmo. Alguem poderia explicar?

    e) Ambas estão escritas gramaticalmente corretas.


    Se eu errei em alguma coisa, me avisem.  Que eu apago o comentario!!

  • Quanto a letra "d": As orações estão no presente, pois exprimem um fato no momento em que se fala.

  • Sobre a alternativa D: “Faz  hoje  exatos  50  anos” pode estar se referindo a uma pessoa que hoje está completando 50 anos. Assim, não necessariamente está se referindo a um fato passado!


    Espero ter ajudado!

  • sobre a letra d:

    "Faz hoje (...)" : hoje é presente e não passado."há 29 anos" : passado.Mas, como ele fala queambas se referem ao passado e, a primeira não se refere, a  alternativa está errada. 
  • Gabarito letra C;

    Verbo" Fazer" indicando tempo não tem sujeito, portanto não pode ser flexionado em numero;

    Verbo " Haver " no sentido de exisitr não pode ser flexionado em numero também; espero ter ajudado, abraços. 

  • Para complementar:

     o verbo " HAVER" com sentido de: ocorrer,fazer,existir,realizar-se, acontecer. Será sempre impessoal, invariável e com sujeito indeterminado.

  • Na primeira frase o verbo fazer é pessoal no sentido de "completar": Faz (completa) hoje (sujeito) exatos 50 anos. Portanto, não se refere a tempo passado e, por consequência, não é impessoal.

  • Marquei A, uma vez que o verbo fazer está no sentindo de completar..Alguém me explica?

  • O verbo fazer, quando indica tempo decorrido é considerado verbo impessoal, ou seja, não apresenta sujeito, devendo ser conjugado SEMPRE na 3ª pessoa do singular.

  • tempo passado, nao eh o mesmo que tempo decorrido?? meio idiota essa alternativa...

  • Verbo Fazer indica tempo passado, mas o verbo Haver indica tempo decorrido, com sentido de existir. Esses dois casos são invariáveis pois são verbos impessoais.

    Da mesma forma ocorre com o verbo Ser (tempo em geral) e Bastar (indicando suficiência).

    Todos são impessoais nessas situações e ficam sempre no singular, assim como seu verbo auxiliar numa locução verbal.

  •  c) As  duas  formas  verbais  não  podem  ser  flexionadas  em  número.

    Faz  hoje  exatos  50  anos” e “há  29  anos

    Acertei essa questão mas fiquei em dúvida entre as alternativas c) e d), então deduzi que mesmo dando a ideia de passado na frase “Faz  hoje  exatos  50  anos” acaba de alguma forma se referindo ao presente de acordo com o contexto pois Faz HOJE exatos 50 anos. Acho que é isso, bons estudos! 

  • Gabarito C


    Quanto à alternativa D, "faz" e "há" estão no presente do indicativo, embora tenha a semântica de tempo decorrido do passado até hoje.

  • Para quem tem dificuldade em conjugar verbo indico o site.

    http://www.conjuga-me.net

    A prática leva à perfeição!

  • Ambos verbos são impessoais indicando tempo, portando ficam no SINGULAR.O mesmo acontece com Haver no sentido de existir, ocorrer ( Havia piranhas naquele rio). 

    A mesma regra para os verbos impeessoais : BASTA DE,  CHEGA DE.   (Basta de lágimas/ Chega de lágrimas ).

     

  • Sobre  as  estruturas  gramaticais  dessas  duas  frases  do  texto ... As  duas  formas  verbais  não  podem  ser  flexionadas  em  número.

    Só ficarem ligados no enunciado da questão.
  • Fazer e Haver são impessoais. Não se flexionam em número. Gabarito letra C .
    Quando compostos, o verbo auxiliar deve acompanhar o segundo verbo:

    deve haver milhoes;
    hão de existir milhões;
    há de haver milhões;
    devem existir milhões.

  • Diego Galvão, não poderia ser "fulano faz hoje exatamente 50 anos", porque neste caso a oração teria sujeito, e na situação da questão, o  verbo fazer é impessoal.

  • FÁCIL.

  • Segundo o comentário do professor, tanto "faz", quanto "há", estão na terceira pessoa do singular do presente do indicativo.

  • C

    As duas formas verbais não podem ser flexionadas em número.

  • Dica: Retornem ao texto quando a questão solicitar flexibilização de verbos.

    O verbo FAZ, estar se referindo ao sujeito "O chamado comício...". Com isso, já resolvia a questão!

  • A questão está errada, com toda certeza. Se as formas verbais não podem se flexionarem em número, quer dizer que: Tanto o Faz e tanto o HAVER são impessoais. Alguém tem algum outro caso em que eles não variam?