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ID
1365886
Banca
FGV
Órgão
AL-MA
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I

Cobrar responsabilidade

No início do mês, um assaltante matou um jovem em São Paulo com um tiro na cabeça, mesmo depois de a vítima ter lhe passado o celular. Identificado por câmeras do sistema de segurança do prédio do rapaz, o criminoso foi localizado pela polícia, mas - apesar de todos os registros que não deixam dúvidas sobre a autoria do assassinato - não ficará um dia preso. Menor de idade, foi "apreendido" e levado a um centro de recolhimento. O máximo de punição a que está sujeito é submeter-se, por três anos, à aplicação de medidas "socioeducativas".

Não é um caso isolado na crônica de crimes cometidos por menores de idade no país. Mas houve, nesse episódio de São Paulo, uma circunstância que o transformou em mais um exemplo emblemático do equivocado abrigo legal que o Estatuto da Criança e do Adolescente confere a criminosos que estão longe de poderem justificar suas ações com o argumento da imaturidade: ao disparar friamente contra o estudante paulista, a assaltante estava a três dias de completar 18 anos. Pela selvageria do assassinato, o caso remete à barbárie de que foi vítima, no Rio, o menino João Hélio, em 2007. Também nesse episódio, um dos bandidos que participaram do martírio do garoto estava a pouco tempo de atingir a maioridade.

Nos dois casos, convencionou-se, ao anteparo do ECA, que a diferença de alguns dias - ou, ainda que o fosse, de alguns meses -teria modificado os padrões de discernimento dos assassinos. Eles não saberiam o que estavam fazendo. É um tipo de interpretação que anaboliza espertezas da criminalidade, como o emprego de menores em ações - inclusive armadas - de quadrilhas organizadas, ou serve de salvo-conduto a jovens criminosos para afrontar a lei.

O raciocínio, nesses casos, é tão cristalino quanto perverso: colocam-se jovens, muitos dos quais mal entraram na adolescência, na linha de frente de ações criminosas porque, protegidos pelo ECA, e diante da generalizada ruína administrativa dos órgãos encarregados de aplicar as medidas socioeducativas, na prática eles são inimputáveis. Tornam-se, assim, personagens de vestibulares para a entrada em definitivo, sem chances de recuperação, numa vida de crimes.

É dever do Estado (em atendimento a um direito inalienável) prover crianças e adolescentes com cuidados, segurança, oportunidades, inclusive de recuperação diante de deslizes sociais. Neste sentido, o ECA mantém dispositivos importantes, que asseguram proteção a uma parcela da população em geral incapaz de discernir entre o certo e o errado à luz das regras sociais. Mas, se estes são aspectos consideráveis, por outro lado é condenável o viés paternalista de uma lei orgânica que mais contempla direitos do que cobra obrigações daqueles a quem pretende proteger.

O país precisa rever o ECA, principalmente no que tange ao limite de idade para efeitos de responsabilidade criminal. É uma atitude que implica coragem (de enfrentar tabus que não se sustentam no confronto com a realidade) e o abandono da hipocrisia (que tem cercado esse imprescindível debate).

(O Globo, 22/04/2013)

Assinale a alternativa em que a preposição sublinhada é fruto da ligação com um termo posterior (e não anterior).

Alternativas
Comentários
  • A preposição "a" está se referindo ao verbo submeter-se, que é um verbo transitivo indireto e está posicionado após a preposição.

    Bons estudos! 

  • Alguém poderia explicar as outras alternativas?

  • Quem se submete, se submete a alguma coisa. 

    Portanto o verbo transitivo indireto SUBMETER-SE exige preposição(A) que vem antes do pronome relativo(QUE), pois o verbo ou nome na oração subordinada adjetiva que exige preposição sempre virá anteposta ao PR.

  • Na a) a preposição completa o sentido do verbo transitivo indireto posposto sujeitar.

  • Questao ridicula de facil rsrs

  • a) "O máximo de punição a que está sujeito é submeter-se..."

    Preposição "a" decorrente da regência da locução verbal "está sujeito". Quem está sujeito está sujeito a algo ou à alguma coisa. A preposição "a", nesse caso, exerce a função de objeto indireto da locução verbal mencionada que está posposta a ela, como pede a questão.

    Nas demais alternativas, as preposições ou são decorrentes da regência dos termos antencedentes ou da necessidade de exprimir uma circunstância a esses termos, todos antepostos à preposição. Veja-se:  

    b) "Identificado por câmeras do sistema de segurança...".

    Preposição "por" exigida pelo particípio "identificado" para exprimir a circunstância (valor semântico) de causa.

    c) "...que não deixam dúvidas sobre a autoria do assassinato..."

    Preposição "de" mais o artigo "o", exigida pelo substantivo "autoria" para exprimir a circunstância (valor semântico) de causa. 

    d) "...levado a um centro de recolhimento...".

    Preposição "a" decorrente da regência da locução verbal "foi levado". Quem é levado é levado a algum lugar. A preposição "a", nesse caso, exerce a função de objeto indireto da locução verbal mencionada que está anteposta a ela, por isso não é este item.

    e) "...aplicação de medidas 'socioeducativas'.

    Preposição "de", exigida pelo substantivo "aplicação" como decorrência da regência nominal, estando o regente anteposto à preposição.

  • Essa é uma questão que trabalha tanto Morfologia, quanto Regência. Todas as preposições sublinhadas foram exigidas por algum termo, e a questão pede a alternativa em que esse termo esteja posposto à preposição.

    Na letra A – o gabarito –, a preposição “a” foi exigida pelo termo “sujeito”, que está posposto a ela. Por isso, essa é a resposta.

    Na letra B, a preposição “por” foi exigida por “identificado”.

    Na letra C, a preposição “sobre” foi regida por “dúvida”.

    Na letra D, a preposição “a” foi regida por “levado”.

    Na letra E, a preposição “de” foi exigida por “aplicação”.

    Perceba que nas alternativas B, C, D e E, o termo regente aparece anteposto à preposição.

  • QUEM SE SUBMETE, SE SUBMETE A ALGO!

    Restando a única alternativa com seu termo regido posposto.

    Diogo França