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ID
1382077
Banca
FCC
Órgão
SEFAZ-SP
Ano
2006
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                      Acerca do bem e do mal
      Fulano é “do bem”, Sicrano é “do mal”. Não, não são crianças comentando um filme de mocinho e bandido; são frases de adultos, reiteradas a propósito das mais diferentes pessoas, nas mais diversas situações. O julgamento definitivo e em preto e branco que elas implicam parece traduzir o esforço de adotar, em meio ao caldeirão de valores da sociedade moderna, um princípio básico de qualificação moral e ética.Essa oposição rudimentar revela a necessidade que temos de estabelecer algum juízo de valor para a orientação da nossa própria conduta. Tal busca de discernimento é antiga, e em princípio é legítima: está na base de todas as culturas, dá sustentação a religiões e inspira ideologias, provoca os filósofos, os juristas, os políticos. O perigo está em que o movimento de busca cesse e dê lugar à paralisia dos valores estratificados.
      O exemplo pode vir de cima: quando um chefe de poderosa nação passa a classificar países inteiros como integrantes do “eixo do mal”, está-se proclamando como
representante dos que constituiriam o “eixo do bem”. Essa divisão tosca é, de fato, muito conveniente, pois faculta ao mais forte a iniciativa de intervir na vida e no espaço do mais fraco, sob a alegação de que o faz para preservar os chamados “valores fundamentais da humanidade”. Interesses estratégicos
e econômicos são, assim, mascarados pela suposta preservação de princípios da civilização. A História já nos mostrou, sobejamente, a que levam tais ideologias absolutistas, que se atribuem o direito de julgar o outro segundo o critério da religião que este professa, do regime político que adota, da etnia a que pertence. A intolerância em relação às diferenças culturais, por exemplo, acaba levando o mais forte à subjugação das pessoas “diferentes” – e mais fracas. É quando a ética sai de cena, para dar lugar à barbárie.
      A busca de distinção entre o que é “do bem” e o que é “do mal” traz consigo um dilema: por um lado, não podemos dispensar alguma bússola de orientação ética e moral, que aponte para o que parece ser o justo, o correto, o desejável; por outro lado, se o norteamento dos nossos juízos for inflexível como o teimoso ponteiro, comprometemos de vez a dinâmica que é própria da história e dos valores humanos. Não há, na rota da civilização, leis eternas, constituições que não admitam revisões, costumes inalteráveis. A escolha do critério de julgamento é sempre crítica e sofrida, quando responsável; dispensando-se, porém, a responsabilidade dessa escolha, restará a terrível fatalidade dos dogmas. Lembrando o instigante paradoxo de um filósofo francês, “estamos condenados a ser livres”. Nessa compulsória liberdade, de que fala o filósofo, a escolha entre o que é “do bem” e o que é “do mal” é uma questão sempre viva, que merece ser analisada e enfrentada em suas particulares manifestações históricas. Se assim não for, estará garantido um espaço cada vez maior para a ação dos fundamentalistas de todo tipo.
(Cândido Otoniel de Almeida)

Na transposição de uma voz verbal para outra, ocorre uma impropriedade no seguinte caso:

Alternativas
Comentários
  • Quem tem necessidade tem necessidade DE, ou seja, verbo transitivo indireto. Portanto, não permite a passagem para a voz passiva incorrendo em erro na alternativa A.

  • O erro da alternativa "A", a meu ver, diz respeito ao tempo verbal. O correto seria:

    "A necessidade que temos de que um juízo de valor seja estabelecido." 

    O comentário do colega Gutermberg, então, está equivocado, pois "necessidade" não é sequer um verbo. O verbo que rege a oração que deve ser transposta para a voz passiva é "estabelecer". Trata-se, salvo engano, de oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo. 

    Bons estudos!

  • Letra "E" - "comprometemos" (ideia de passado); 'é" (presente). Achei que a letra "E" estivesse errada.

  • Deividi, o verbo COMPROMETEMOS está no" Presente do Indicativo". Nós comprometemos. Logo, o verbo auxiliar ser, também deve estar no "Presente do Indicativo", ou seja, "é".                                                                                                                               Quanto ao colega Genivaldo, concordo que necessidade não é verbo. Mas se trocarmos? E colocarmos Temos a necessidade? Nesse sentido, pede um complemento preposicionando, originando um objeto indireto, que como salientou nosso amigo Gutemberg, não permite a passagem para a voz passiva.                                                                                                                      Caros colegas, essa foi a minha linha de raciocínio. Não sei se me fiz claro, ou mesmo, se estou correto.