Alternativas
Luckesi (Avaliação educacional: Pressupostos conceituais. Tecnologia Educacional, Rio de Janeiro, maio/ago.vol. 25. 1996) é um autor muito citado entre os educadores, a propósito do tema. Procura contribuir para a elucidação dos pressupostos filosóficos e educacionais das práticas avaliativas no ensino básico, insistindo na necessidade de qualificar a avaliação, não em função dela mesma, mas do fim a que se destina, e mostrando que esta, ao conquistar ao longo dos tempos, espaço tão amplo nos processos de ensino, condicionou a prática pedagógica ao que ele chama “pedagogia do exame”. Discute ainda a relação entre planejamento, avaliação e projeto pedagógico da escola, ressaltando a dimensão política que possuem essas atividades e preconizando um trabalho de equipe em que todos decidem “o que” e “como” fazer para elaborar uma proposta coerente com as necessidades da clientela.
Maria Laura Franco (Pressupostos epistemológicos da avaliação educacional. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, ago. 1990, n° 74, p. 63-67. 1990) faz, por sua vez, uma caracterização sumária das matrizes epistemológicas dos modelos de ciência que privilegiam seja o objeto, seja o sujeito. Transpostos para a avaliação educacional, tais modelos teriam representado um avanço e nortearam a geração de paradigmas mais complexos e abrangentes. No entanto, como em ambos os casos, a visão do indivíduo se apresenta de forma abstrata, a autora dá ênfase à necessidade de que a avaliação educacional tenha como unidade de análise o vínculo indivíduo-sociedade numa dimensão histórica. Daí ser fundamental para a avaliação da aprendizagem, em todos os níveis, o entendimento da atividade humana, da ação prática dos homens, o que pressupõe a análise do motivo e da finalidade dessa ação.
Franco (Qualidade de ensino: Critérios e avaliação de seus indicadores. Ideias, São Paulo, 1994, n° 22, p. 81-87. 1994) aponta ainda para a complexidade do conceito de qualidade do ensino, considerando-o como um produto histórico e social que reflete um posicionamento político e ideológico orientado por diferentes expectativas, que incorporam demandas diversificadas e mutáveis ao longo do tempo. Ao discutir critérios de avaliação e indicadores de qualidade, questiona a validade daqueles que são pensados em função do mito da modernidade, que os elege, sobretudo pelas exigências da produção.
Demo (Qualidade da educação: Tentativa de definir conceitos e critérios de avaliação. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, jul./dez. 1990, n° 2, p.11-26.), após admitir que a quantidade e a qualidade constituem aspectos dissociáveis da educação, na tentativa de definir conceitos e critérios de avaliação da qualidade, distingue a qualidade formal (ligada à cidadania), da qualidade política (voltada ao domínio tecnológico), entendendo que uma não pode ser entendida sem a outra, mas que pode ser substituída pela outra. A qualidade política, referindo-se aos conteúdos históricos, é de teor prático e inevitavelmente ideológico e, portanto, de tessitura metodológica distinta daquela que a ciência clássica costuma abarcar em seus cânones.