SóProvas


ID
1768933
Banca
FCC
Órgão
DPE-RR
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Já tive muitas capas e infinitos guarda-chuvas, mas acabei me cansando de tê-los e perdê-los; há anos vivo sem nenhum desses abrigos, e também, como toda gente, sem chapéu. Tenho apanhado muita chuva, dado muita corrida, me plantado debaixo de muita marquise, mas resistido.
    Ontem, porém, choveu demais, e eu precisava ir a três pontos diferentes do bairro. Pedi ao moço de recados, quando veio apanhar a crônica para o jornal, que me comprasse um chapéu-de-chuva que não fosse vagabundo demais, mas também não muito caro. Ele me comprou um de pouco mais de trezentos cruzeiros.
    Depois de cumprir meus afazeres voltei para casa, pendurei o guarda-chuva a um canto e me pus a contemplá-lo. Senti então uma certa simpatia por ele; meu velho rancor contra os guarda-chuvas cedeu a um estranho carinho, e eu mesmo fiquei curioso de saber qual a origem desse carinho.
    Pensando bem, ele talvez derive do fato de ser o guarda-chuva o objeto do mundo moderno mais infenso a mudanças. Sou apenas um quarentão, e praticamente nenhum objeto de minha infância existe mais em sua forma primitiva.
    O guarda-chuva tem resistido. Suas irmãs, as sombrinhas, já se entregaram aos piores desregramentos futuristas e tanto abusaram que até caíram de moda. Ele permaneceu austero, negro, com seu cabo e suas invariáveis varetas.
    Reparem que é um dos engenhos mais curiosos que o homem já inventou; tem ao mesmo tempo algo de ridículo e algo de fúnebre, essa pequena barraca ambulante.
    Já na minha infância era um objeto de ares antiquados, que parecia vindo de épocas remotas, e uma de suas características era ser muito usado em enterros. Por outro lado, esse grande acompanhador de defuntos sempre teve, apesar de seu feitio grave, o costume leviano de se perder, de sumir, de mudar de dono. Ele na verdade só é fiel a seus amigos cem por cento, que com ele saem todo dia, faça chuva ou sol, apesar dos motejos alheios; a estes, respeita. O freguês vulgar e ocasional, este o irrita, e ele se aproveita da primeira distração para sumir.
(Adaptado de: BRAGA, Rubem. Coisas antigas. In: 200 Crônicas escolhidas. 13. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998, p.217-9) 

A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os necessários ajustes, foi feita corretamente em:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: E

    a) quando veio apanhar a crônica 
    -  quando veio apanha-la

    b) Depois de cumprir meus afazeres 
    - Depois de cumpri-los

    c) Já tive muitas capas e infinitos guarda-chuvas 

    -  Já-os tive. 

    - O já é advérbio, ou seja,  é um fator de próclise atraindo o pronome os para antes do verbo!  (Créditos ao colega Daniel Angelete)


    d) pendurei o guarda-chuva 

    - pendurei-o


    e) Pedi ao moço de recados 

    - Pedi-lhe 







  • Apenas uma pequena correção no comentário do colega Bruno Silva.

    Na alternativa C o correto é: "Já os tive". Pois o advérbio de tempo "já", força a próclise.

  • Sem preposição = O,A


    Com preposição= LHE
    Terminado em AM ou som nasal = NO, NA
    Terminado em S, R e L = LO, LA
  • PRONOMES PESSOAIS OBLÍQUOS ÁTONOS:

    "O, A, OS, AS" => têm função sintática de OD

    "LHE, LHES" => têm função sintática de OI