A independência dos Estados Unidos resultou na criação
da primeira democracia republicana da história moderna. Ao se
separar da monárquica e conservadora Inglaterra, 13 anos
antes da queda da Bastilha, os americanos criaram o laboratório
onde seriam testadas com sucesso as ideias que os filósofos
iluministas haviam desenvolvido nas décadas anteriores. É
preciso lembrar que, até então, todo o poder emanava do rei e
em seu nome era exercido. Pensadores como David Hume,
John Locke e Montesquieu sustentavam, no entanto, que era
possível limitar o poder dos reis ou até mesmo governar sem
eles. O iluminismo preconizava uma nova era, em que a razão,
a liberdade de expressão e de culto e os direitos individuais
predominariam sobre os direitos divinos invocados pelos reis e
pela nobreza para manter os seus privilégios.
Durante muito tempo tudo isso funcionou apenas como
teoria, intensamente discutida nos cafés parisienses. Até então,
democracia e república eram conceitos testados por breves períodos
na Antiguidade. Seria possível aplicar essa teoria ao
mundo moderno para governar sociedades maiores e mais
complexas? Coube aos norte-americanos demonstrar que era
possível inverter a pirâmide do poder. A partir dali, todo o poder
emanaria do povo (por meio de eleições).
O paradigma da nova era aparecia logo na certidão de
nascimento dos Estados Unidos. Redigida pelo futuro presidente
Thomas Jefferson, a declaração de independência americana
anunciava que “todos os homens nascem iguais" e com alguns
direitos inalienáveis, incluindo a vida, a liberdade e a busca da
felicidade. O texto de Jefferson serviria de inspiração para que o
marquês de Lafayette, nobre francês que havia lutado ao lado
dos americanos na guerra da independência, escrevesse a famosa
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Proclamada
pelos revolucionários franceses, seria adotada, um século e
meio mais tarde, com algumas adaptações, como a carta de
princípios das Nações Unidas.
(Adaptado de: GOMES, Laurentino. 1822. Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 2010, p.48)
... os direitos individuais predominariam sobre os direitos
divinos... (1° parágrafo)
O segmento que exerce a mesma função sintática do sublinhado
acima está em: