SóProvas


ID
1894915
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Rosana - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia a crônica Caso de polícia, de Ivan Angelo, e responda à questão.

      Desde que viu pela primeira vez um filme policial, o rapaz quis ser um homem da lei. Sonhava viver aventuras, do lado do bem. Botar algemas nos pulsos de um criminoso e dizer, como nos livros: “Vai mofar na cadeia, espertinho”.

      Estudou Direito com o objetivo de ser delegado de polícia. No início do curso, até pensou em tornar-se um grande advogado criminal, daqueles que desmontam um por um os argumentos do nobre colega, mas a partir do segundo ano percebeu que seu negócio eram mesmo as algemas. Assim que se formou, inscreveu-se no primeiro concurso público para delegado. Fez aulas de defesa pessoal e tiro. Estudou tanto que passou em primeiro lugar e logo saiu a nomeação para uma delegacia em bairro de classe média, Vila Mariana.

      No dia de assumir o cargo, acordou cedo, fez a barba, tomou uma longa ducha, reforçou o desodorante para o caso de algum embate prolongado, vestiu o melhor terno, caprichou na gravata e olhou-se no espelho satisfeito. Encenou um sorriso cínico imitando Sean Connery e falou:

      – Meu nome é Bond. James Bond.

      Na delegacia, percorreu as dependências, conheceu a equipe, conferiu as armas, as viaturas, e sentou-se à mesa, à espera do primeiro caso. Não demorou: levaram até ele uma senhora idosa e enfezada.

      – Doutor, estão atirando pedras no meu varal!

      Adeus 007. O delegado-calouro caiu na besteira de dizer à queixosa que aquilo não era crime.

      – Não é crime? Quer dizer que podem jogar pedras no meu varal?

      – Eu não posso prender ninguém por isso.

      – Ah, é? Então a polícia vai permitir que continuem a jogar pedras no meu varal? A sujar minha roupa?

      James Bond não tinha respostas. Procurou saber quem jogava as pedras. A velha senhora não sabia, mas suspeitava de alguém da casa ao lado. O delegado mandou “convidarem” o vizinho para uma conversa e pediu que trancassem a senhora numa sala.

      – Ai, meu Deus, só falta ser um velhinho, para completar! – murmurou o desanimado Bond.

      Era um velhinho que confessou tudo dando risadinhas travessas. Repreendeu-o com tom paterno:

      – O senhor não pode fazer uma coisa dessas. Por que isso, aborrecer as pessoas?

      – É para passar o tempo. Vivo sozinho, e com isso eu me divirto um pouco, né?

      O moço delegado cruzou as mãos atrás da cabeça, fechou os olhos e meditou sobre os próximos trinta anos. Pensou também na vida, na solidão e em arranjar uma namorada. Abriu os olhos e lá estava o velhinho.

      – Pois eu vou contar uma coisa. A sua vizinha, essa do varal, está interessadíssima no senhor, gamadona.

      O velho subiu nas nuvens, encantado. Recusou-se a dar mais detalhes, mandou-o para casa, e chamou a senhora:

      – Ele esteve aqui. É um senhor de idade. Bonitão, viu? Confessou que fez tudo por amor, para chamar a sua atenção. Percebeu que uma chama romântica brilhou nos olhos dela.

      Caso encerrado.

                             (Humberto Werneck, Org. Coleção melhores crônicas

                                                          Ivan Angelo. Global, 2007. Adaptado)

Assinale a alternativa em que a pontuação foi empregada de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito B.

     

    a) O moço delegado cruzando, as mãos atrás da cabeça, fechou os olhos e pôs-se a pensar, na vida, na solidão, em ter uma namorada. Abriu os olhos e lá estava o velhinho a observá-lo com curiosidade!


      c) O moço delegado, cruzando as mãos atrás da cabeça, fechou os olhos e pôs-se a pensar: na vida, na solidão, em ter uma namorada. Abriu os olhos e lá estava, o velhinho a observá-lo com curiosidade!


      d) O moço delegado cruzando, as mãos atrás da cabeça, fechou os olhos e pôs-se a pensar, na vida, na solidão, em ter uma namorada... Abriu os olhos e, lá estava, o velhinho a observá-lo com curiosidade.


      e) O moço delegado cruzando as mãos atrás da cabeça, fechou os olhos, e pôs-se a pensar: na vida, na solidão, em ter uma namorada... Abriu os olhos e lá estava, o velhinho a observá-lo, com curiosidade.

  • Tenho dúvidas nesta questão alguem pode explicar detalhadamente ???

  • Nada é fácil, tudo se conquista!

  • a) O moço delegado cruzando, as mãos - VERBO E COMPLEMENTO NÃO SE SEPARA!

     b) O moço delegado, cruzando as mãos atrás da cabeça, fechou os olhos e pôs-se a pensar: na vida, na solidão, em ter uma namorada... Abriu os olhos e lá estava o velhinho a observá-lo com curiosidade. CORRETA

     c)  Abriu os olhos e lá estava, o velhinho a observá-lo com curiosidade! - VERBO E COMPLEMENTO NÃO SE SEPARA!

     d) O moço delegado cruzando, as mãos  ... - VERBO E COMPLEMENTO NÃO SE SEPARA!

     e) Abriu os olhos e lá estava, o velhinho a observá-lo, com curiosidade. -VERBO E COMPLEMENTO NÃO SE SEPARA!

  • OS TRES PONTOS SERVE PARA DEIXAR A FRASE EM SENTIDO INTERMINAVEL. ISSO ACONTECE NA ALTERNATIVA B

  • fiquei com duvida na B e C... pq nao considerar a C ?

  • Alexandre Weslley, acredito que o " o velhinho " tenha função de sujeito da oração. Note que o verbo é de ligação, logo, " a observá-lo com curiosidade " tem função de predicativo do sujeito mas, como também é uma oração, deve ser classificada como Oração Subordinada Substantiva Predicativa. Alguém pode confirmar se é isso mesmo? Obrigado.

  • @caio eduardo

    porque separou o verbo do objeto:

     

    Abriu os olhos e lá estava, o velhinho a observá-lo com curiosidade!

  • O erro da letra C é separar o sujeito "velhinho" do predicado "estava a observá-lo com curiosidade!".

     

    Não se separa:

    1) Sujeito de predicado;

    2) Verbo de objeto direto ou indireto;

    3) Adjunto adnominal de nome.