SóProvas


ID
2099317
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
IFN-MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.

A rara síndrome que faz homem pensar que está morto

— Bom dia, Martin. Como você está?

— Da mesma forma, eu suponho. Morto.

— O que te faz pensar que está morto?

— E você, doutor? O que te faz pensar que está vivo?

O médico é Paul Broks, neuropsicólogo clínico, que estuda a relação entre a mente, o corpo e o comportamento. O caso de Martin é muito raro, segundo Broks.

— Tenho certeza absoluta que estou vivo, pois estou sentado aqui, conversando com você. Estou respirando, posso ver coisas. Creio que você também faz o mesmo e, por isso, também tenho certeza que você está vivo.

— Não sinto nada. Nada disso é real.

— Você não se sente como antes, ou se sente um pouco deprimido, talvez?

— Nada disso. Não sinto absolutamente nada. Meu cérebro apodreceu, nada mais resta em mim. É hora de me enterrar.

O paciente realmente pensava estar morto ou era uma metáfora? “Ele, literalmente, achava que estava morto”, conta Broks.

— Mas você está pensando nisso. Se está pensando, deve estar vivo. Se não é você, quem estaria pensando?

— Não são pensamentos reais. São somente palavras.

Martin sofria da síndrome de Cotard – também conhecida como delírio de negação ou delírio niilista – uma doença mental que faz a pessoa crer que está morta, que não existe, que está se decompondo ou que perdeu sangue e órgãos internos. A doença mexe com nossa intuição mais básica: a consciência de que existimos.

Todos temos um forte sentido de identidade, uma pequena pessoa que parece viver em algum lugar atrás de nossos olhos e nos faz sentir esse “eu” que cada um de nós somos. O que acontece com Martin, agora que ele não tem esse “homenzinho” na cabeça? Agora que ele pensa que não existe? Há um filósofo que tem a resposta, segundo Broks.

“Descartes dizia que era possível que nosso corpo e nosso cérebro fossem ilusões, mas que não era possível duvidar de que temos uma mente e de que existimos, pois se estamos pensando, existimos”, diz o neuropsicólogo. O paradoxo aqui é que os pacientes de Cotard não conseguem entender o “eu”.

Adam Zeman, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, acredita que o “eu” está representado em diversos lugares do cérebro. “Creio que está representado inúmeras vezes. Está em todas as partes e em nenhuma”, explica Zeman à BBC. Zeman esclarece que, entre essas representações, está a do corpo (o “eu” físico), o “eu” como sujeito de experiências, e nosso “eu” como entidade que se move no tempo e no espaço. “Estamos conscientes de nosso passado e podemos projetar nosso futuro. Então, temos o ‘eu’ corporal, o ‘eu’ subjetivo e o ‘eu’ temporal”, diz Zeman. “Isso é a consciência estendida, o ‘eu’ autobiográfico, o que nos leva ao caso de Graham, um outro paciente com síndrome de Cotard”, diz Broks.

“Ele tentou se suicidar ao jogar um aquecedor elétrico ligado, na água da banheira, mas não sofreu nenhum dano físico sério”, lembra Zeman, que tratou do caso. “Mas estava convencido de que seu cérebro já não estava mais vivo. Quando o questionava, dava uma versão muito persuasiva de sua experiência”, acrescenta.

“Dizia que já não tinha mais necessidade de comer e beber. A maioria de nós alguma vez já se sentiu horrível e se expressou dizendo ‘estar morto’. Mas com Graham era como se ele tivesse sido invadido por essa metáfora”. A maneira como Graham descrevia sua experiência era tão intrigante que neurologistas decidiram observar como seu cérebro se comportava. Zeman estudou o caso com seu colega Steve Laureys, da Universidade de Liége, na Bélgica.

“Para nossa surpresa, o teste de ressonância mostrou que Graham estava dando uma descrição apropriada do estado de seu cérebro, pois a atividade era marcadamente baixa em várias áreas associadas com a experiência do ‘eu’”, conta Zeman. “Analisei exames durante 16 anos e nunca tinha visto um resultado tão anormal de alguém que se mantinha de pé e que se relacionava com outras pessoas. A atividade cerebral de Graham se assemelha a de alguém anestesiado ou dormindo. Ver esse padrão em alguém acordado, até onde sei, é algo muito raro”, completa Laureys. “Ele mesmo dizia que se sentia um morto-vivo. E que passava tempo em um cemitério, pois sentia que tinha mais em comum com os que estavam enterrados”, lembra Zeman.

“Se colocamos alguém em uma máquina de ressonância magnética e pedimos que relaxe, esses são os conjuntos de regiões cerebrais que permanecem mais ativos. São essas regiões que estão ligadas a nossa habilidade de recordar o passado e projetarmos o futuro, a pensar em si e nos outros, bem como às decisões morais”, completa. “Todas essas funções estão associadas ao ‘eu’.” 

No caso de Graham, essa rede não funcionava apropriadamente.

De certa maneira, ele estava morto.

JENKINS, Jolyon. A rara síndrome que faz homem pensar que está morto. Jul. 2016. BBC. Disponível em: . Acesso em: 18 dez. 2016 (Adaptação)

Releia o trecho a seguir.

“Martin sofria da síndrome de Cotard – também conhecida como delírio de negação ou delírio niilista – uma doença mental que faz a pessoa crer que está morta, que não existe, que está se decompondo ou que perdeu sangue e órgãos internos.”

Sobre o uso dos travessões nesse trecho, de acordo com a norma padrão, assinale a alternativa INCORRETA.

Alternativas
Comentários
  • O travessão é um traço maior que o hífen e costuma ser empregado:

     

    - No discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança de interlocutor nos diálogos.

     

    - Para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas.

     

    - Para destacar algum elemento no interior da frase, servindo muitas vezes para realçar o aposto.

     

    - Para substituir o uso de parênteses, vírgulas e dois-pontos, em alguns casos.

     

     

  • o termo separado por travessão é um aposto explicativo, ao qual explica a "SINDORME DE COTARD"  e pode se substituir os travessões por vírgulas.

    NÃO É VOCATIVO, POIS NÃO ESTÁ CHAMANDO NINGUÉM!

  • Questão tosca! pode ser anulada.

  • Meus caros,

    A questão pede a INCORRETA. 

    BONS ESTUDOS!

  • Vocativo

    Vocativo é um termo que não possui relação sintática com outro termo da oração. Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É o termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.  Por seu caráter, geralmente se relaciona à segunda pessoa do discurso. Veja os exemplos:

    Não fale tão alto, Rita!
                                 

    Vocativo

    Senhor presidente, queremos nossos direitos!
      Vocativo

    A vida, minha amada, é feita de escolhas.
                  Vocativo

     

    Nessas orações, os termos destacados são vocativos: indicam e nomeiam o interlocutor a que se está dirigindo a palavra.

    Obs.: o vocativo pode vir antecedido por interjeições de apelo, tais como ó, olá, eh!, etc.

  • (A)

     

  • GUERREIRA CONCURSEIRA FALOU TUDO CERTINHO!

    Trata-se de um aposto explicativo, e não de um vocativo.

    Letra A está errada!

  • Desde quando isso é vocativo?? é aposto!!

  • Minha gente a questão esta certa, inclusive eu errei por falta de atenção, mas depois compreendi... ela pede a INCORRETA que é a letra A, pois como os colegas abaixo falaram, trata-se de uma APOSTO e não de um VOCATIVO.

  • Questão mal feita. 

  •  SABRINA DEMATÉ,PRESTA ATENÇAO!

  • Deveriam por a fonte 90, pra o pessoal enxergar que o enunciado pede a incorreta . 

  • incorreta

    INCORRETA

    Incorreta

    Inglês > Incorrect

    Latim > falsa

    Espanhol > incorrecto

  • Só lembrei daa aula do Sérgio Rosa

  • A única que esta incorreta é a letra A
  • A letra B me parece estar errada também quando diz que não altera o sentido.

  • breno 

    Eai, tudo bom?

    Respondendo seu comentário ''A letra B me parece estar errada também quando diz que não altera o sentido.''

    Esse conceito está equivocado. Pois quando se trata de aposto, normamente, ele vem entre vírgulas, o que também não o impede de usar travessões.

     

    Assista essa aula. A partir dos 05:16

    https://www.youtube.com/watch?v=Mg8nF0mCv14

  • Questão perfeita boa pra pega distraídos muito boa gab a
  • INCORRETA ! 

    CAÍ NESSA =/

     

  • Errei por falta de atenção. Fui na alternativa "D", pensei que era a alternativa correta. Que falta de atenção!!!

  • Galera, galera.... não errem por bobeira... Não vamos dar esse gostinho pra banca não!

  • A INCORREEEEEEEEEEEEEEEEEEETA RODOLFO SEU PÉ NO TOB@!!!

    Hahaha!!!

     

    Como eu consegui a proeza de errar uma questão fácil dessas? Falta de atenção, com cerveja!

  • VOCATIVO: diz-se de ou forma linguística para chamamento ou interpelação ao interlocutor no discurso direto, expressando-se por meio do apelativo, ou, em certas línguas, da flexão casual.

    MENINA(vocativo) venha tomar banho

    Estou falando com você JOÃO(VOCATIVO)

  • ('-')

     

  • Aposto: Explica 
    Vocativo: Chama
     

    A letra B está correta (para quem duvidou). Aposto pode ser sim isolado por vírgulas sem alteração de sentido do trecho. Busquem as aulas do Prof. Pablo Jamilk - ele manda muito bem nesse assunto. 

    Eu também fui desantento nessa questão .....

  • Na minha opinião, essa questão tem duas alternativas INCORRETAS; a primeira é a A (gabarito); a segunda, a C, pois temos uma frase nominal isolada, e não uma oração, pois não tem verbos.

    "também conhecida como delírio de negação ou delírio niilista" Cadê o verbo aqui pra ser uma oração???

  • Anderson Galvão, o verbo é CONHECIDA, no particípio