SóProvas


ID
2119297
Banca
FUNCAB
Órgão
FUNASG
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder á questão.

133. “Não pensar mais em si”

Seria necessário refletir sobre isso seriamente: por que saltamos à água para socorrer alguém que está se afogando, embora não tenhamos por ele qualquer simpatia particular? Por compaixão: só pensamos no próximo — responde o irrefletido. Por que sentimos a dor e o mal-estar daquele que cospe sangue, embora na realidade não lhe queiramos bem? Por compaixão: nesse momento não pensamos mais em nós — responde o mesmo irrefletido. A verdade é que na compaixão — quero dizer, no que costumamos chamar erradamente compaixão — não pensamos certamente em nós de modo consciente, mas inconscientemente pensamos e pensamos muito, da mesma maneira que, quando escorregamos, executamos inconscientemente os movimentos contrários que restabelecem o equilíbrio, pondo nisso todo o nosso bom senso. O acidente do outro nos toca e faria sentir nossa impotência, talvez nossa covardia, se não o socorrêssemos. Ou então traz consigo mesmo uma diminuição de nossa honra perante os outros ou diante de nós mesmos. Ou ainda vemos nos acidentes e no sofrimento dos outros um aviso do perigo que também nos espia; mesmo que fosse como simples indício da incerteza e da fragilidade humanas que pode produzir em nós um efeito penoso. Rechaçamos esse tipo de miséria e de ofensa e respondemos com um ato de compaixão que pode encerrar uma sutil defesa ou até uma vingança. Podemos imaginar que no fundo é em nós que pensamos, considerando a decisão que tomamos em todos os casos em que podemos evitar o espetáculo daqueles que sofrem, gemem e estão na miséria: decidimos não deixar de evitar, sempre que podemos vir a desempenhar o papel de homens fortes e salvadores, certos da aprovação, sempre que queremos experimentar o inverso de nossa felicidade ou mesmo quando esperamos nos divertir com nosso aborrecimento. Fazemos confusão ao chamar compaixão ao sofrimento que nos causa um tal espetáculo e que pode ser de natureza muito variada, pois em todos os casos é um sofrimento de que está isento aquele que sofre diante de nós: diz-nos respeito a nós tal como o dele diz respeito a ele. Ora, só nos libertamos desse sofrimento pessoal quando nos entregamos a atos de compaixão. [...] 

NIETZSCHE, Friedrich. Aurora. Trad. Antonio Carlos Braga. São Paulo: Escala, 2007. p. 104-105.

Sobre os elementos da oração “diz-nos respeito a nós”, pode-se afirmar corretamente que há nela:

Alternativas
Comentários
  • Objeto indireto pleonástico é representado por um pronome átono para enfatizar um objeto indireto que já existe na frase.

    Ex: A mim não me agrada esse cantor.

     

    Objeto direto pleonástico é representado por um pronome oblíquo átono para retornar um objeto direto que já existe e que vem no ínicio da oração ( facultativamente separado por vírgula ).

    Ex: Este carro, comprei- o hoje.

     

    Fonte: Gramática do Fernando Pestana.

    Bons estudos,Força e FÉ.

     

     

     

  • Somando aos colegas:


    objeto indireto pleonástico ocorre quando a ideia expressa pelo objeto indireto (complemento verbal intermediado pela preposição) é repetida (pleonasmo). Busca-se, por meio do referido recurso linguístico, a ênfase da ideia contida no objeto, repetindo-a na sequência. Ele se faz constantemente presente na Literatura, atendendo a finalidades artísticas e estilísticas diversas. 


    ~A mim ensinou-me tudo.~

    #Não desista!

  • PMSC

  • É o mesmo que "nos diga a respeitos de nós" OB IND

    VTI