SóProvas


ID
2193736
Banca
FGV
Órgão
Prefeitura de João Pessoa - PB
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                         Somos um povo fútil?

      “No Brasil, tudo vira moda. Até manifestação de rua.”

      Ouvi essa frase de um motorista de táxi durante os acontecimentos de junho, e achei um exagero. Rebati, dizendo que o povo nas ruas tinha um significado imenso e ira propiciar a mudança de várias leis. Ele me olhou pelo retrovisor e respondeu que era verdade, mas que via muitos jovens, a caminho das manifestações, agindo como se estivessem indo para um bloco de carnaval. “É a onda do momento”, insistiu. “Daqui a pouco passa.”

      Em poucas semanas, as manifestações começaram a esvaziar. Os motivos eram muitos: a ação dos black blocks, as depredações, a violência da polícia, as denúncias de interesses escusos por parte de políticos, milicianos, traficantes. Mas não pude deixar de pensar nas palavras do motorista de táxi.

      Tornei a pensar nelas há algumas semanas, ao voltar de uma viagem de quase um mês à Alemanha. Ao desembarcar no Brasil, fui tomada pela sensação de que somos mesmo um país de modismos. Um povo fútil. Sei que é um clichê essa história de ir à Europa e voltar falando de “um banho de civilização”. Sempre fui contra isso. Mas, desta vez – depois de visitar 11 museus, duas exposições, de ir a um concerto de música clássica e de visitar uma feira gigantesca de livros –, alguma coisa aconteceu comigo.

      Acho que uma das razões dessa sensação foi a leitura, durante a viagem, do livro de Mário Vargas Llosa, “A civilização do espetáculo”. Embora em alguns pontos eu discorde do escritor, o livro me chamou a atenção para a destruição da cultura no mundo moderno, em favor do entretenimento. Esse conceito me deixou pensando no Brasil – nesse país que não lê livros, mas onde quase todo mundo tem celular. Onde se veem, nos bairros pobres, antenas parabólicas sobre casas miseráveis, onde há mais televisores do que geladeiras, e onde, em vez de bibliotecas, temos lan houses. País que parece ter passado, em massa, do analfabetismo funcional para o Facebook – sem escalas.

      (....) Voltei da viagem com essa sensação de que somos mesmo fúteis, superficiais, e me lembrei do motorista de táxi.

                                                (Heloísa Seixas, O Globo, 14 de dezembro de 2013)

Embora em alguns pontos eu discorde do escritor

Assinale a alternativa em que essa frase tem seu sentido modificado.

Alternativas
Comentários
  • Concessivas: introduzem uma oração que expressa ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua realização.

     

    São elas: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto, etc.

  • Alternativa A

     

    a - Sem que em alguns pontos eu discorde do escritor. condicional

    b - Apesar de em alguns pontos eu discordar do escritor. concessiva

    c - Mesmo que em alguns pontos eu discorde do escritor. concessiva

    d - Não obstante em alguns pontos eu discordar do escritor. concessiva

    e - Ainda que em alguns pontos eu discorde do escritor. concessiva

     

  • "sem que " traz a ideia de hipótese

  • EMBORA é a principal conjunção concessiva que devemos memorizar. Portanto, deveríamos buscar a única opção que não trouxesse valor de concessão. O conectivo “sem que” tem sentido negativo, ou seja, nessa opção, a pessoa que fala não discorda do autor do livro. Nas outras, pelo sentido concessivo, ela, embora discorde, gosta do livro.

    Gabarito letra A.

    Fonte: Prof. Felipe Luccas

  • A. Sem que em alguns pontos eu discorde do escritor. Sentido modificado.

    Embora em alguns pontos eu discorde do escritor” = concessão

  • Tudo bem que o gabarito seja letra A por ser a única que não tem valor de oposição.

    Mas gente no meu livro a conjunção NÃO OBSTANTE é adversativa e não concessiva como falaram.

  • "Embora não seja reconhecida pela NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira), existe ainda uma conjunção (SEM QUE), que introduz orações que expressam circunstância de modo. Essa conjunção, por isso, é denominada de modal."

    Nova Gramática da língua portuguesa para concursos / Rodrigo Bezerra (p.383, 2018).

    Ex.:

    "Os meninos entraram sem que alguém reparasse neles, e foram colocar-se junto do oratório." (Manuel A. de Almeida)

    Percebe-se, pelo contexto, que entrar sem que ninguém reparasse nos meninos foi o MODO como eles conseguiram.

    Logo, a única alternativa em que não se tem uma conjunção concessiva é a).

  • Era só saber das conjunções concessiva

    Concessiva = oposição

    Oração principal --> o. Subordinada concess

    Embora

    Malgrado

    Conquanto

    Ainda que/ quando

    Mesmo que

    Em que

    Se bem que

    Posto que ...

  • não obstante é adversativa