SóProvas


ID
2312218
Banca
VUNESP
Órgão
Câmara de Mogi das Cruzes - SP
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto “Chega de desculpas”, do jornalista português João Pereira Coutinho, para responder à questão.
A herança ibérica é causa dos problemas do Brasil? A pergunta é recorrente. A convite de uma associação de estudantes, estive em São Paulo para uma conversa sobre o assunto.
Não foi fácil: entrei no auditório, e estavam ali talvez umas 300 pessoas para escutar e, quem sabe, pedir a minha pele. No fim, saí ileso e ninguém comprou a ideia de que os portugueses são responsáveis pela situação do Brasil. É verdade. O país pode estar em crise, mas as novas gerações enchem o meu coração de otimismo.
Mas vamos ao que interessa: a colonização foi coisa boa ou coisa má? A pergunta, pelo seu maniqueísmo, já é falha. Nenhuma colonização é totalmente boa ou totalmente má. Existiram bons legados e maus legados.
Começo pelos bons: a ausência de uma “superioridade de raça”. Sérgio Buarque de Holanda sabia do que falava. Gilberto Freyre também. Como dizem ambos, os portugueses que chegaram em 1500 já eram um povo “mestiço” – uma salada de latinos, africanos, árabes, etc. Isso é importante?
É. Porque não foram apenas os portugueses a colonizar o Brasil. Os nativos também colonizaram os portugueses – e essa “plasticidade”, para usar um termo caro a esses estudiosos, impediu a rigidez cultural, social e até sexual, que outros povos colonizadores espalharam por seus domínios.
Sim, sei: você gostaria de ter sido colonizado por holandeses, ingleses, quem sabe franceses. Coisa chique, mas foram eles que colonizaram a África do Sul, a Índia e a Argélia…
Está no seu direito. Mas, como diz um amigo, você consegue imaginar a “Garota de Ipanema” cantada em holandês? A musicalidade dos brasileiros precisou de semente mestiça para florescer.
Pena que nem tudo tenha florescido – e aqui mergulho no lado lunar. Os portugueses não foram exemplares na educação da colônia. No século 18, afirma Sérgio Buarque, milhares de livros eram publicados no México. Ao mesmo tempo, a Coroa portuguesa fechava as tipografias dos trópicos porque temia que ideias subversivas pudessem corromper a estabilidade do Brasil.
E quem fala em livros fala em educação: Sérgio relembra que, entre os anos de 1775 e 1821, 7850 bacharéis e 473 doutores e licenciados saíram com diploma da Universidade do México. Em igual período, só 720 brasileiros conseguiram a proeza (pela Universidade de Coimbra, claro).
Finalmente, existe uma herança pesada da colonização portuguesa: esse patrimonialismo que atribui ao Estado o papel de “baby-sitter” do cidadão. Isso significa que um homem assume a mentalidade de uma criança que tudo espera do Estado, desde o berço até a sepultura.
Os portugueses deixaram o Brasil há quase 200 anos, e qualquer pessoa adulta sabe que o presente do Brasil é um produto das escolhas dos brasileiros, portanto chega de desculpas.
(Folha de S.Paulo, 20.10.2015. Adaptado)

A frase do terceiro parágrafo “A pergunta, pelo seu maniqueísmo, já é falha.” pode ser reescrita, sem alteração do sentido do texto, como indicado em:

Alternativas
Comentários
  • ma·ni·que·ís·mo 
    substantivo masculino

    1. [Religião]  Seita herética de Mani (ou Manes) [século III] baseada num gnosticismo dualista.

    2. .Concepção da realidade através de dois princípios opostos.


    "maniqueísmo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/manique%C3%ADsmo [consultado em 14-02-2017].

  • Acertei trocando as palavras:

     

    pergunta= indagação

    falha= imperfeita

     

  • a). A interrogação, por expressar visão do mundo em que bem e mal permanentemente se complementam, já é capciosa.

    A pergunta foi bem clara ao dizer se a colonização foi boa ou ruim, apenas.

    b). A reiteração, por compreender por uma perspectiva pluralista a relação entre as forças do bem e do mal, já é tendenciosa.

    Reiteração significa repetir. Não estaria correta, por estarmos lidando com um questionamento.

    c). O questionamento, por expor visão do mundo em que bem e mal neutralizam mutuamente suas forças, já é falacioso.

    Errado. O  questionamento é bem definido ao dizer se a colonização foi boa ou ruim, apenas.

    d). A indagação, por conceber o mundo dividido entre os poderes opostos e incompatíveis do bem e do mal, já é imperfeita.

    Correto. O autor confirma que toda colonização tem seus pontos positivos e negativos.

    e). A ratificação, por apresentar o bem e o mal definidos como poderes absolutos e distintos que dominam o mundo, já é ofensiva.

    Ratificar significa confirmar. Isso contrapõe a ideia do texto. O autor quebra o senso comum que as pessoas têm: ao achar apenas que a colonização foi boa ou ruim.

  • “A pergunta, pelo seu maniqueísmo, já é falha.”

    ERRADA: a) A interrogação, por expressar visão do mundo em que bem e mal permanentemente se complementam [conceito distoante do de maniqueísmo], já é capciosa.

    ERRADA: b) A reiteração [não é sinônimo de pergunta], por compreender por uma perspectiva pluralista a relação entre as forças do bem e do mal, já é tendenciosa.

    ERRADA: c) O questionamento, por expor visão do mundo em que bem e mal neutralizam mutuamente suas forças [não se enquadra à ideia proposta no texto de ser ou só do bem ou só do mal; foge um pouco da concepção de maniqueísmo] , já é falacioso.

    CORRETA: d) A indagação [sinônimo de pergunta], por conceber o mundo dividido entre os poderes opostos e incompatíveis do bem e do mal [uma das acepções de maniqueísmo], já é imperfeita [sinônimo de falha].

    ERRADA: e) A ratificação [não é sinônimo de pergunta], por apresentar o bem e o mal definidos como poderes absolutos e distintos que dominam o mundo, já é ofensiva [não é sinônimo de falha].

  • Gabarito letra D

     

    Se reescrevem sem alteração de sentido ou erro gramatical. 

     

          A pergunta,       pelo seu                                  maniqueísmo,                                                                                   já é falha.

         A indagação, por conceber o mundo dividido entre os poderes opostos e incompatíveis do bem e do mal, já é imperfeita.

     

    Maniqueísmo: qualquer visão do mundo que o divide em poderes opostos e incompatíveis

  • maniqueísmo

    substantivo masculino

    1.

    rel dualismo religioso sincretista que se originou na Pérsia e foi amplamente difundido no Império Romano (sIII d.C. e IV d.C.), cuja doutrina consistia basicamente em afirmar a existência de um conflito cósmico entre o reino da luz (o Bem) e o das sombras (o Mal), 

    2.

    p.ext. qualquer visão do mundo que o divide em poderes opostos e incompatíveis.

    "admitir que os bons sejam sempre bons e os maus sempre maus é uma demonstração de maniqueista." (google)

  • Ai ai, eu vou la saber o significado de maniqueismo

  • Gabarito: D
    Maniqueísmo: Qualquer visão do mundo que o divide em poderes opostos e incompatíveis.

  • "Já" é falha, só combina com "Já é imperfeita". 

  • Eu acho muito interessante o vocábulo "maniqueísmo", pois o vemos presente em nossa sociedade. Ou você é do bem ou é do mal - a luz do raciocínio lógico, nessa disjunção exclusiva não há meio termo - e isso reflete em todo o debate de que participe; afinal, se você não é de esquerda, então necessariamente é de direita.

  • nunca na história desse pais eu sabia o que era maniqueísmo.

  • Não precisa saber o que é maniqueísmo. Percebem que voltando ao trecho, já é possível saber:

    Mas vamos ao que interessa: a colonização foi coisa boa ou coisa má?....Nenhuma colonização é totalmente boa ou totalmente má. Existiram bons legados e maus legados.

    Percebam que o autor reiteradamente cita os termos bom e mau, ou seja, é uma relação de oposição, de divergência.

    A única alternativa que contém essa lógica é a D.

    Sempre que eu vejo um termo que nunca vi na minha vida, releio o trecho antes e depois desse termo para entender em sentido global.

  • Não precisa saber o que é maniqueísmo. Percebem que voltando ao trecho, já é possível saber:

    Mas vamos ao que interessa: a colonização foi coisa boa ou coisa má?....Nenhuma colonização é totalmente boa ou totalmente má. Existiram bons legados e maus legados.

    Percebam que o autor reiteradamente cita os termos bom e mau, ou seja, é uma relação de oposição, de divergência.

    A única alternativa que contém essa lógica é a D.

    Sempre que eu vejo um termo que nunca vi na minha vida, releio o trecho antes e depois desse termo para entender em sentido global.

  • Associei a palavra falha com imperfeita. Fui direto na letra D sem medo de errar.