SóProvas


ID
2327146
Banca
IBGP
Órgão
CISSUL - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A questão diz  respeito ao conteúdo do TEXTO 1. Leia-o atentamente ante de respondê-la.
TEXTO I
Nossos dias melhores nunca virão?
Ando em crise, mas não é muito grave: ando em crise com o tempo. Que estranho “presente” é este que vivemos hoje, correndo sempre por nada, como se o tempo tivesse ficado mais rápido do que a vida (da maneira que seria se o tempo...).
As utopias liberais do século 20 diziam que teríamos mais ócio, mais paz com a tecnologia. Acontece que a tecnologia não está aí para distribuir sossego, mas para incrementar competição e produtividade, não só das empresas, mas a produtividade dos humanos. Tudo sugere velocidade, urgência, nossa vida está sempre aquém de alguma tarefa. A tecnologia nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas, fábricas vivas, chips, pílulas para tudo. Temos de funcionar, não de viver. Por que tudo tão rápido? Para chegar aonde? Antes, tínhamos passado e futuro; agora, tudo é um “enorme presente”. E este “enorme presente” é reproduzido com perfeição técnica cada vez maior, nos fazendo boiar num tempo parado, mas incessante, num futuro que “não para de não chegar”.
Antes, tínhamos os velhos filmes em preto-e-branco, fora de foco, as fotos amareladas, que nos davam a sensação de que o passado era precário e o futuro seria luminoso. Nada. Nunca estaremos no futuro. E, sem o sentido da passagem dos dias, da sucessibilidade de momentos, de começo e fim, ficamos também sem presente, vamos perdendo a noção de nosso desejo, que fica sem sossego, sem noite e sem dia. Estamos cada vez mais em trânsito, como carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa, e cada vez mais nossa identidade vai sendo programada. O tempo é uma invenção da produção. Não há tempo para os bichos.
Há alguns anos, eu vi um documentário do cineasta Mika Kaurismaki e do Jim Jarmusch sobre um filme que o Samuel Fuller ia fazer no Brasil, em 1951. Ele veio, na época, e filmou uma aldeia de índios no interior do Mato Grosso. A produção não rolou e, em 92, Samuel Fuller, já com 83 anos, voltou à aldeia e exibiu para os índios o material colorido de 50 anos atrás. E também registrou os índios vendo seu passado na tela. Eles nunca tinham visto um filme e o resultado é das coisas mais lindas e assustadoras que já vi. Eu vi os índios descobrindo o tempo. Eles se viam crianças, viam seus mortos, ainda vivos e dançando. Seus rostos viam um milagre. A partir desse momento, eles passaram a ter passado e futuro. Foram incluídos num decorrer, num “devir” que não havia. Hoje, esses índios estão em trânsito entre algo que foram e algo que nunca serão. O tempo foi uma doença que passamos para eles, como a gripe. E pior: as imagens de 50 anos é que pareciam mostrar o “presente” verdadeiro deles. Eram mais naturais, mais selvagens, mais puros naquela época. Agora, de calção e sandália, pareciam estar numa espécie de “passado” daquele presente. Algo decaiu, piorou, algo involuiu neles.
Fui atrás de velhos filmes de 8mm que meu pai rodou há 50 anos também. Queria ver o meu passado, ver se havia ali alguma chave que explicasse meu presente hoje, que prenunciasse minha identidade ou denunciasse algo que perdi, ou que o Brasil perdeu. Em meio às imagens trêmulas, riscadas, fora de foco, vi a precariedade de minha pobre família de classe média, tentando exibir uma felicidade familiar que até existia, mas precária, constrangida; e eu ali, menino comprido feito um bambu no vento, já denotando a insegurança que até hoje me alarma. Minha crise de identidade já estava traçada. E não eram imagens de um passado bom que decaiu, como entre os índios. Era um presente atrasado, aquém de si mesmo.
Vendo filmes americanos dos anos 40, não sentimos falta de nada. Com suas geladeiras brancas e telefones pretos, tudo já funcionava como hoje. O “hoje” deles é apenas uma decorrência contínua daqueles anos. Mudaram as formas, o corte das roupas, mas eles, no passado, estavam à altura de sua época. A Depressão econômica tinha passado, como um trauma, e não aparecia como o nosso subdesenvolvimento endêmico. Para os americanos, o passado estava de acordo com sua época. Em 42, éramos carentes de alguma coisa que não percebíamos. Olhando nosso passado é que vemos como somos atrasados no presente. Nos filmes brasileiros antigos, parece que todos morreram sem conhecer seus melhores dias.
E nós, hoje, continuamos nesta transição entre o atraso e uma modernização que não chega nunca? Quando o Brasil vai crescer? Quando cairão afinal os “juros” da vida? [...] Nosso atraso cria a utopia de que, um dia, chegaremos a algo definitivo. Mas, ser subdesenvolvido não é “não ter futuro”; é nunca estar no presente.
JABOR, Arnaldo. Disponível em: http://www.paralerepensar.com.br/a_jabor_nossodias.htm>. Acesso em: 6 set. 2016. (Fragmento adaptado)

Leia este trecho.
Há alguns anos, eu vi um documentário do cineasta Mika Kaurismaki e do Jim Jarmusch sobre um filme que o Samuel Fuller ia fazer no Brasil, em 1951.
Assinale a alternativa em que o termo destacado possui a mesma função sintática que a exercida nesse trecho pelo termo “que”

Alternativas
Comentários
  • acho que há  um erro aí,  eu pra mim ,  aquele que equivale a um objeto direto e não sujeito. questão deve ser anulada.

  • GABARITO LETRA B 

     

    A única alternativa que o "que" retoma um substantivo , logo esse "que" da altenativa B é pronome relativo pois retoma o termo anterior.

     

     

  • Todos os "QUES" das alternativas são pronomes relativos. Eu não entendo esse gabarito, pra mim a resposta seria a letra A, na qual o QUE tem função sintática de Objeto Direto, igual ao comando da questão.

  • fui seco na A

  • Não compreendo este gabarito.

  • Indiquem para comentário. 

  • Meu amigo...que banca! Nisso que resulta montar uma banca apenas de diplomados!

  • Muito difícil essa questão, pela divergência nos comentários ficou mais confuso ainda.

  • NOSSA QUE BANCA CONFUSA, É A PIOR QUE JA VI ATE AGORA

     

    Não concordo com o gabarito, pra mim é letra A. Porque reconstruindo as frases com os pronomes relativos ficaria:

     

     A) Meu pai rodou velhos filmes de 8 mm. Entao aqui eu enxergo velhos filmes, que é o que está retomando o pronome "Que" como objeto direto

     

    B) Alguma chave que explicasse o meu presente.  Pergunta : O que explicasse o meu presente? Alguma chave  então entendo isso como sujeito

     

    C) Até hoje a insegurança me alarma. Pergunta: O que que me alarma? A insegurança então entendo como sujeito

     

    D) Um passado bom decaiu. Pergunta: O que que decaiu? Um passado bom então também entendo como sujeito

     

    Alguem consegue explicar de maneira convincente porque o gabarito é letra B?

     

  • Melhor nem estudar português pra essa banca.
  • VAMOS PASSO A PASSO


    "Há alguns anos, eu vi um documentário do cineasta Mika Kaurismaki e do Jim Jarmusch sobre um filme que o Samuel Fuller ia fazer no Brasil, em 1951."

    Há alguns anos, eu vi um documentário do cineasta Mika Kaurismaki e do Jim Jarmusch sobre um

    suj verbo T.D

    filme / que o Samuel Fuller ia fazer no Brasil, em 1951.filme.

    suj V. T. Direto


    RESPOSTA CORRETA B


    Queria ver o meu passado, ver se havia ali alguma chave que explicasse meu presente hoje.


    Queria ver o meu passado, ver se havia ali alguma chave / que explicasse meu presente hoje.

    Suj oculto (EU) verbo T.D suj oculto (eu) V.T.D

  • concordo com a Cláudia, acho que é a letra A

  • Também acho que é letra A. Deve-se fazer uma análise do "que" na oração a que ele pertence, e não do termo substituído na oração principal.

  • Eu indiquei essa questão para comentário em 21/11/2018  O QC demora muito para dar retorno 

  • Na verdade, como se trata de um pronome relativo, considero que ele introduz uma oração restritiva. Dito isso, ao analisar, sintaticamente, o pronome, percebo que se trata de objeto direto. Assim, verifica-se outro objeto direto na letra A, mas a banca não entendeu dessa forma e marcou a letra B como resposta.

  • Eu entendi que seria a letra B, pelo fato de o verbo "Explicar", ser OD. b) Queria ver o meu passado, ver se havia alí alguma chave que explicasse meu presente hoje. Então, "que explicasse" seria VTD e "presente", Objeto Direto. olhem essa questão aqui: (PUC-SP) No trecho: “Se eu convencesse Madalena de que ela não tem razão… Se lhe explicasse que é necessário vivermos em paz…”, os verbos destacados são, respectivamente: b) transitivo direto e indireto, transitivo direto, transitivo direto e indireto, intransitivo. Me corrijam se eu estiver errado, retomei hoje os estudos. Grato.
  • ESSA EXPLICAÇÃO DA PROFESSORA NÃO ESTÁ COERENTE.
  • Acho que a intenção da banca é achar a alternativa que apresenta uma O.S. Adjetiva Restritiva introduzida pelo pronome relativo "que". Por isso, o gabarito foi dado como letra B. A professora se "embananou" nessa questão.

  • Já me deparei com essa questão diversas vezes e tento entendê-la.

    A maneira que encontrei para concordar com este gabarito foi esta:

    Há alguns anos, eu vi um documentário do cineasta Mika Kaurismaki e do Jim Jarmusch sobre um filme que o Samuel Fuller ia fazer no Brasil, em 1951.

    Substitui o QUE por uma preposição

    Tenho que fazer algo = tenho de fazer algo

    Há alguns anos, eu vi um documentário do cineasta Mika Kaurismaki e do Jim Jarmusch sobre um filme do Samuel Fuller.

    Queria ver o meu passado, ver se havia ali alguma chave que explicasse meu presente hoje.

    Queria ver o meu passado, ver se havia ali alguma chave para explicar meu presente hoje.