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ID
2379901
Banca
FEPESE
Órgão
MPE-SC
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 11
Teses
A jovem estudante queria 'qualquer coisa, dona Célia, que fale sobre A mulher e seu condicionamento de explorada pelo machismo. Era este o título da obra. 'Vale muitos pontos, sabe?' Cursava a última série do segundo grau e usava muito mal as palavras, o que me predispunha a uma raiva perigosa das escolas, que eu certamente iria descontar nela. Fiz de desentendida: condicionamento de explorada? É, ela falou meio confusa, essas coisas de apanhar de homem, ser estrupada, ganhar de menos que eles, a senhora entende, né? Serve uma poesia? Perguntei já com um autor na cabeça. Não, poesia, não, poesia é sempre coisa muito - como é que é gente? -, muito assim de leve, não é? E eu quero uma coisa forte, a senhora entende, a professora é fogo na jaca. Meio macha? Ah, dona Célia, como é que a senhora adivinhou? Eu estava gostando da tortura: então, você quer um texto em prosa? Em prosa? Repetiu como se ouvisse língua estrangeira. Não, decidiu categórica, não. Não é nem em poesia, nem em prosa. Quero é um artigo de umas vinte linhas, tipo artigo de jornal, arrematou quase doutora, olhando no relógio. Dá pra senhora fazer? Nem repare eu não entrar, tenho ainda pesquisa de ecologia pra fazer. A moça era muito bonita e preferia que fosse analfabeta. A deficientíssjma instrução burlava nela algo muito delicado, punha em sua voz uns meios- -tons acima do natural, tisnava de ansiedade sua respiração, com a horrível qualidade dos males inconsdentes. É sal em carne podre, pensei, não vou fazer artigo nenhum. Primeiro, porque as mulheres são as culpadas de todo mal, portanto merecem o que sofrem. Segundo, porque não vou salvar a escola do Brasil, nem esta menina, escrevendo lugares-comuns sobre nossa condição. Terceiro porque não quero colaborar com esta mania estúpida das escolas de 'trabalharem o folclore, 'trabalharem o social' e o que mais seja, nestas ocasiões fixas como calendários lunares: trabalhinhos, textinhos, exposiçõezinhas, tudo como num ritual de boas maneiras. Nada desce aos intestinos, vero lugar da aprendizagem. Dia da Mulher? Ah, sei. E daí? Não posso te ajudar, não, Neide Ângela. Não?? Ela falou assustada. Mas vou te emprestar um livro. Livro? Ah, disse decepcionada demais. Não tenho tempo de ler, não, dona Célia, é matéria demais, uma outra hora a senhora me empresta. Tão bonita ela, podia cuidar da vida enquanto descobria sua vocação real, ser uma manicura competente, uma doceira de fama, mas não, quer 'fazer faculdade. Quer porque quer. De quem é a culpa, já que as escolas são ma-ra-vi-lho-sas? Ela periga tomar bomba. Está aí, vou contribuir caprichadamente para que ela tome bomba, para que volte este acontecimento formidável da escola antiga, a Bomba, e recuperemos todos a capacidade de sentir medo e respeito. E nem vale ela me olhar com este olhar pidão.
PRADO, Adélia. Filandras. Rio de Janeiro: Record, 2001. p.129-131. 

Considerando o texto 11, assinale a alternativa correta, em conformidade com a norma padrão da língua portuguesa.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: Letra C

     

    Olá, amigos, vamos analisar o ítem correto:

     

    Frase original do texto: ...Nada desce aos intestinos, vero lugar da aprendizagem. Dia da Mulher? Ah, sei. E daí? Não posso te ajudar, não, Neide Ângela. Não?? Ela falou assustada. Mas vou te emprestar um livro....

     

    Na frase "Não posso te ajudar" o correto seria "Não posso a ajudar", pois o verbo ajudar é transitivo direto ( quem ajuda, ajuda alguém). A regra diz que os pronomes “o” e “a” são empregados como objeto direto e, portanto, não haverá complemento precedido por preposição.

     

    Na frase "vou te emprestar um livro", o correto seria "vou lhe emprestar um livro" , pois o verbo empretar é transitivo direto e indireto ( Quem empresta, empresta algo a alguem, nessa caso empretar um livro a alguem...). A regra diz que o pronome “lhe” é usado para substituir o complemento de um verbo transitivo indireto, ou seja, que exige a preposição (a, para ) como antecedente.

     

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  • SERÁ QUE ALGUÉM PODE ME AJUDAR COM ESTA QUESTÃO?

  • eu entendi a substituição dos pronomes, entretando o verbo "deveriam" em vez de "poderiam" na assertiva me confundiu um pouco, uma vez que o pronome oblíquo átono "te" pode ser usado como objeto direto e indireto.

  • Achei a questão um pouco mal elaborada, porque na verdade não está errada "Não posso te ajudar", visto que o pronome oblíquo "te" pode ser usado como segunda pessoa, ou estou errado?

  • por que a D) está errada?!?! É sempre assim, eu aprendo de um jeito e na prática é SEMPRE diferente! Eu aprendo que Futuro do Pretérito combina apenas com o Pretérito do Subjuntivo (é lógico, além de qualquer outro no indicativo). Aí chega na hora da prova e pode combinar também com Presente do Subjuntivo! Eu deveria ter ido pra exatas mesmo viu, pelo menos lá 1+1 é sempre 2. No português a teoria é assim, na prática a resposta pode ser 3, 5, 7...

  • por que a D) está errada?!?! É sempre assim, eu aprendo de um jeito e na prática é SEMPRE diferente! Eu aprendo que Futuro do Pretérito combina apenas com o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo (é lógico, além de qualquer outro no indicativo). Aí chega na hora da prova e pode combinar também com Presente do Subjuntivo! Eu deveria ter ido pra exatas mesmo viu, pelo menos lá 1+1 é sempre 2. No português a teoria é assim, na prática a resposta pode ser 3, 5, 7...