SóProvas


ID
2441944
Banca
INAZ do Pará
Órgão
DPE-PR
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                       A crueldade dos jovens

      Conheci uma mulher cujo filho de 14 anos queria um par de tênis de marca. Separada, ganhava pouquíssimo como vendedora. Dia e noite o garoto a atormentava com a exigência. Acrescentou mais horas à sua carga horária para comprar os tênis. Exausta, ela presenteou o filho. Ganhou um beijo e outro pedido: agora ele queria uma camiseta “da hora”. E dali a alguns dias a mãe estava abrindo um crediário! Já conheci um número incrível de adolescentes que estabelecem um verdadeiro cerco em torno dos pais para conquistar algum objeto de consumo. Uma garota quase enlouqueceu a mãe por causa de um celular cor-de-rosa. Um rapaz queria um MP3. Novidades são lançadas a cada dia e os pedidos renascem com a mesma velocidade. Pais e mães com frequência não conseguem resistir. Em parte, por desejarem contemplar o sorriso no rosto dos filhos.

      Uma Senhora sempre diz:

   – Quero que minha menina tenha o que eu não tive. Pode ser. Mas isso não significa satisfazer todas as vontades! Muita gente é praticamente chantageada pelos filhos. A crueldade de um adolescente pode ser tremenda quando se trata de conseguir alguma coisa. Uma vez ouvi uma jovem gritar para o pai:

   – Você é um fracassado!

      Já conheci uma garota cujo pai se endividou porque ela insistiu em ir à Disney. Os juros rolaram e, dois anos depois, ele vendeu a casa para comprar outra menor e quitar o empréstimo. Outro economizou centavos porque a menina quis fazer plástica. Conselhos não adiantaram:

    – Você é muito nova para colocar implante de silicone.

Ficava uma fúria. Queria ser atriz e, segundo afirmava, não teria chance alguma sem a intervenção. (Não conseguiu. Hoje trabalha como vendedora em uma loja.)

      Procedimentos estéticos, como clareamento de dentes, spas e, claro, plásticas, são muito pedidos, ao lado de roupas de grife, excursões, joias, celulares e todo tipo de eletrônico. É óbvio que o jovem tem o direito de pedir. O que me assusta é a absoluta falta de freio, a insistência e a total incompreensão diante das dificuldades financeiras da família. Recentemente, assisti a uma situação muito difícil. Mãe solteira, uma doméstica conseguiu juntar, ao longo dos anos, o suficiente para comprar uma quitinete no centro de São Paulo.

   – Vou sair do aluguel! – Comemorou.

A filha, 16 anos, no 2º grau, recusou-se:

- Quero um quarto só para mim!

Não houve quem a convencesse. A mãe não conseguiu enfrentar a situação. Continuam no aluguel. O valor dos apartamentos subiu e agora o que ela tem não é o suficiente para comprar mais nada. Muitas vezes, os filhos da classe média estudam em colégio particular ao lado de herdeiros de grandes fortunas. Passam a desejar os relógios, as roupas, o modo de vida dos amigos milionários.

- De repente a minha filha quer tudo o que os coleguinhas têm! Até bolsa de grife.

Uma coisa é certa: algumas equiparações são impossíveis. A única solução é a sinceridade. E deixar claro que ninguém é melhor por ter mais grana, o celular de último tipo, o último lançamento no mundo da informática. Pode ser doloroso no início. Também é importante não criar uma pessoa invejosa, que sofre por não ter o que os outros têm. Mas uma família pode se desestabilizar quando os pais se tornam reféns do pequeno tirano. A única saída para certas situações é o afeto. E, quando o adolescente está se transformando em uma fera, talvez seja a hora de mostrar que nenhum objeto de consumo substitui uma conversa olho no olho e um abraço amoroso.

(Walcyr Carrasco. Disponível em: http://vejasp.abril.com.br/material/a-crueldade-dos-jovens. Acesso em: 08/04/2017.)

Em “uma doméstica conseguiu juntar, ao longo dos anos, o suficiente para comprar uma quitinete no centro de São Paulo.”, as vírgulas foram empregadas para:

Alternativas
Comentários
  • gabarito A 

     

     

  • trata´-se de uma expressão adverbial temporal deslocada na frase (lembre-se da ordem direta S-V-C). na duvida mude ela de local colocando-a no inicio da frase ou no final. aposto não poderia ser pq não esta explicando nada. exemplos de expressões adverbiais:

    de tempo: à noite; à tarde; às vezes; de dia; de manhã; de noite; de quando em quando; de vez em quando; de tempos a tempos; em breve; por vezes

    de lugar: à direita; à esquerda; à distância; ao lado; ao largo; de cima; de dentro; de fora; de longe; de perto; em baixo; em cima; para dentro; para onde; por ali; por aqui; por dentro; por fora; por perto

    de modo: a custo; à pressa; à toa; à vontade; às avessas; às claras; às direitas; às escuras; ao acaso; a torto e a direito; ao contrário; a sós; de bom grado; de cor; de má vontade; em geral; em silêncio; em vão; etc.

    de Intensidade: de muito; de pouco; de todo

    de afirmação: com certeza; com efeito; de fato; na verdade; sem dúvida

    de negação: de forma alguma; de maneira nenhuma; de modo algum

    de dúvida: quem sabe; ao acaso; de provavelmente; etc.

    de meio ou instrumento: cortar a faca; escrever a mão; andar a pé; viajar de avião;

    de companhia: como o(a)

    de assunto: a respei do ; sobre (algo)

  • Gabarito: A

     

    Motivo: adjunto adverbial deslocado (modifica o verbo Juntar). 

     

    Obs: Aposto é um termo que se une a um substântivo ou pronome substântivo, por isso não pode ser a letra (d).

     

  • a-

    Esta isolando uma locução adverbial de tempo. Por estar deslocada, é separada por virgulas. Se estivesse noinicio do periodo e se fosse de pquena extensao, poderia nao vir com virgula

  • a) Isolar uma expressão adverbial. 

  • Ordem direta dos termos no período simples: sujeito + verbo + complemento + adjunto adverbial.

    Trata-se de um adjunto adverbial deslocado.
    GABARITO -> [A]

     

  • To notando que as bancas adoram explorar os adjuntos adverbiais deslocados...