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ID
2537884
Banca
FEPESE
Órgão
SES-SC
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1


Não quero ser feliz, quero é ter uma vida interessante


O que é felicidade hoje?


Não gosto muito da palavra felicidade. Acho que é uma ilusão mercadológica. O que a gente pode estudar são as condições do bem-estar. A sensação de competência no exercício do trabalho, já se sabe, é a maior fonte de bem-estar, mais que a remuneração. Nós temos um ideal de felicidade um pouco ridículo. Um exemplo é a fala do churrasco. Você pega um táxi domingo ao meio-dia para ir ao escritório e o taxista diz: “Ah, estamos aqui trabalhando, mas legal seria estar num churrasco tomando cerveja”. Talvez você ou o taxista sofram de úlcera, e não haveria prazer em tomar cerveja. Nem em comer picanha…

Em geral, somos péssimos em matéria de prazer. Por exemplo, estamos sempre lamentando que nossos filhos seriam uma geração hedonista, dedicada a prazeres imediatos, quando, de fato, vivemos numa civilização muito pouco hedonista. Por isso, nos queixamos de excessos e nos permitimos prazeres medíocres ou muito discretos.

Mas continuamos acreditando que ser feliz é ter esses prazeres que não nos permitimos. E agora?

Ligamos felicidade à satisfação de desejos, o que é totalmente antinômico com o próprio funcionamento da nossa cultura, fundada na insatisfação. Nenhum objeto pode nos satisfazer plenamente. Então, costumo dizer que não quero ser feliz. Quero é ter uma vida interessante. 

Mas isso inclui os pequenos prazeres?

Inclui pequenos prazeres, mas também grandes dores. Ter uma vida interessante significa viver plenamente. Isso pressupõe poder se desesperar quando se fica sem alguma coisa que é muito importante. É preciso sentir plenamente as dores: das perdas, do luto, do fracasso. Eu acho um tremendo desastre esse ideal de felicidade que tenta nos poupar de tudo o que é ruim. 

A julgar pela quantidade de fotos colocadas nas redes sociais de pessoas sorridentes, elas têm aproveitado a vida e se sentem felizes…

O perfil é a sua apresentação para o mundo, o que implica um certo trabalho de falsificação da sua imagem. Nas redes sociais, a felicidade dá status. Mas esse fenômeno é anterior ao Facebook. Se você olhar as fotografias de família do final do século XIX, início do XX, todo mundo colocava a melhor roupa e posava seriíssimo. Ninguém estava lá para mostrar que era feliz. Ao contrário, era um momento solene. É a partir da câmera fotográfica portátil que aparecem as fotos das férias felizes, com todo mundo sempre sorridente.

E a gente olha para elas e pensa: “Eu era feliz e não sabia”.

Não gosto dessa frase porque contém uma cota de lamentação. E acho que a gente nunca deveria lamentar nada, em particular as próprias decisões. Acredito que, no fundo, a gente quase sempre toma a única decisão que poderia tomar naquelas circunstâncias. Então, não vale a pena lamentar o passado.

Entrevista de Dagmar Serpa com o psicanalista ContardoCalligaris. <http://claudia.abril.com.br/noticias/contardo-calligaris-nao-quero-ser-feliz-quero-e-ter-uma-vida-interessante/> , acesso em 12 de julho de 2017. [Adaptado].

Considere os três trechos abaixo retirados do texto:


1. “[…] estamos sempre lamentando que nossos filhos seriam uma geração hedonista, dedicada a prazeres imediatos, quando, de fato, vivemos numa civilização muito pouco hedonista.” (primeiro bloco de resposta)

2. “Ter uma vida interessante significa viver plenamente. Isso pressupõe poder se desesperar quando se fica sem alguma coisa que é muito importante.” (terceiro bloco de resposta)

3. “Acredito que, no fundo, a gente quase sempre toma a única decisão que poderia tomar naquelas circunstâncias.” (quinto bloco de resposta)


Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ) em relação aos trechos.


( ) Em 1 e 2, o conector “quando” é usado com valores diferentes: no primeiro caso, tem valor adversativo; no segundo, tem valor temporal.

( ) Em 1, a expressão “de fato” poderia ser substituída por “na verdade”, sem prejuízo de significado ao texto.

( ) Em 2, o pronome átono “se” poderia ser colocado depois do verbo (fica-se), sem ferir nenhuma regra de colocação pronominal.

( ) Em 2, o pronome demonstrativo “Isso” faz referência ao conteúdo expresso na frase que precede o pronome.

( ) Em 3, a palavra “que” tem o mesmo funcionamento nas duas ocorrências: é uma conjunção que introduz complemento verbal oracional.


Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.

Alternativas
Comentários
  • Em 2, o pronome átono “se” poderia ser colocado depois do verbo (fica-se), sem ferir nenhuma regra de colocação pronominal. 
    ERRADO fere regra sim, o quando ali é um advérbio de tempo que é palavra atrativa, é um caso obritatório de PRÓclise.


    *Em 3, a palavra “que” tem o mesmo funcionamento nas duas ocorrências: é uma conjunção que introduz complemento verbal oracional. ERRADO não são iguais, visto que o primeiro QUE é csi (conjunção subordinativa integrante) já o segundo é um pr (pronome relativo), veja que pode-se trocar ele por A QUAL. Olha só: a única decisão A QUAL poderia tomar naquelas circunstâncias.

    TMJ

  • Em "2", o pronome demonstrativo “isso” faz referência ao conteúdo expresso na frase que precede (ocorrer anteriormente a; anteceder) o pronome.

    VERDADEIRO

     

    Questão de coesão referêncial.O pronome "isso", na frase em análise, exerce função de um termo anafórico (retoma algo que já foi dito).

     

  • Odair Sousa,

    Insta salientar que essa regra que você expôs não é absoluta. O pronome ISSO USUALMENTE se usa de forma ANAFÓRICA (aponta para trás), assim como o pronome ISTO que se usa de forma CATAFÓRICA (aponta para frente).

  • Acho q é a letra C

  • (V) Em 1 e 2, o conector “quando” é usado com valores diferentes: no primeiro caso, tem valor adversativo; no segundo, tem valor temporal.
    Interpretação do sentido.

    (V) Em 1, a expressão “de fato” poderia ser substituída por “na verdade”, sem prejuízo de significado ao texto.
    Interpretação do sentido.

    (F) Em 2, o pronome átono “se” poderia ser colocado depois do verbo (fica-se), sem ferir nenhuma regra de colocação pronominal.
    Não pode, porque antes do verbo temos uma conjunção temporal.
    " Isso pressupõe poder se desesperar quando se fica sem alguma coisa "

    (V) Em 2, o pronome demonstrativo “Isso” faz referência ao conteúdo expresso na frase que precede o pronome.
    "Ter uma vida interessante significa viver plenamente. Isso... "
    "Isso" retoma o a oração que o antecede.

    (F) Em 3, a palavra “que” tem o mesmo funcionamento nas duas ocorrências: é uma conjunção que introduz complemento verbal oracional.
    Na primeira ocorrência é conjunção integrante;
    Na segunda ocorrência é pronome relativo.

  • arenildo não dá!

  • c-

    Pronome e advérbios atraem próclise. O 1° 'que' é uma conjunção integrante; o 2° é pronome relativo. Conjunção integrante aparece em orações subordinadas. 

  • UM BAITA PEGA RATÃO

  • GABARITO C

    V V F V F

  • aí sim Renó mandando bala nos comentários.

  • V • V • F • V • F