SóProvas


ID
2556028
Banca
PUC-PR
Órgão
TJ-MS
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A esfinge, um monstro mitológico alado, com a cabeça de uma mulher e o corpo de um leão, assolava a cidade de Tebas na Grécia. Emboscava jovens em um lugar ermo e os desafiava (“Decifra-me ou devoro-te!”) com o enigma: “Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois e à tarde tem três?”


O único que decifrou a charada foi Édipo, ao responder “O homem, que na infância engatinha usando quatro membros, na vida adulta anda sobre dois pés, mas na velhice precisa de um cajado como apoio”. Por ter resolvido o enigma, Édipo acabou tornando-se rei de Tebas, casando-se, sem saber, com sua mãe, Jocasta, e sofrendo um fim infeliz, como bem descrito por Sófocles em sua tragédia Édipo Rei.


A resposta de Édipo bem descreve o arco de vida dos seres humanos, que se inicia na infância e termina na decadência da velhice e na morte. Tal trajetória é a inevitável consequência da impossibilidade de manter, indefinidamente, o estado de baixa entropia que caracteriza o organismo vivente. Tudo no universo está sujeito à segunda lei da termodinâmica, que determina o fluxo do tempo e traz a velhice.


O que sempre me impressionou na história do Édipo é o fato de tantos outros jovens antes dele terem morrido por serem incapazes de responder a uma pergunta tão elementar. Talvez eles não lembrassem mais da infância e não percebessem que um dia envelheceriam. De fato, a humanidade há séculos vive tentando negar a inexorabilidade da morte, fantasiando sobre como escapar dela.


Daí vem a busca incessante pela mítica “fonte da juventude”, cujas águas seriam capazes de rejuvenescer aqueles que as bebessem. Tal fonte certamente não existe, mas, independentemente disso, a humanidade tem conseguido aumentar consideravelmente a sua expectativa de vida, através de melhor nutrição, saneamento básico, antibióticos e outros progressos da medicina.

Disponível em:<http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/4315/n/tempus_fugit> . Acesso em: 14/08/17. 

Assinale a alternativa em que a expressão destacada a seguir está empregada em DESACORDO com as recomendações da norma gramatical.

Alternativas
Comentários
  • Acredito que o erro da esteja em usar o "através" dissociado de uma ideia de passagem, de movimento, entre pontos ou lugares. Segundo alguns gramáticos, melhor seria usar a expressão "por meio de" ou equivalente.

  • ATRAVÉS x POR MEIO DE

     Através de: Usa-se com sentido de transpor/cruzar/de um lado para outro.

    • A luz entrava através de uma fresta.
    • Avistei Luísa através da janela.

    Por meio de: significa “por intermédio de”

    • As pessoas mudas comunicam-se por meio de gestos.
    • Soube da notícia por meio de um e-mail.

     

    Gab: C

  • gab C - 

    A diferença entre as duas expressões é, originalmente, bem clara: a locução "através de" possui significado ligado a movimento físico, indicando a ideia de atravessar. É sinônimo de "pelo interior de", "por dentro de". Exemplos:

    "O namorado passou uma flor através da janela"

    “Olhava através da vidraça o que acontecia na rua”
     

    Já "por meio de" se relaciona à ideia de instrumento, utilizado na execução de determinada ação. Exemplo:

    "Eu enviei o pacote por meio do correio"

    “Farei uma explicação mais precisa por meio de um exemplo

    O que ocorre é que, num processo metafórico, as duas expressões acabaram se confundindo. Os elementos linguísticos que denotam movimento físico foram sendo progressivamente empregados para referências ao movimento não físico e, em seguida, para outras referências.

     

    Assim, a expressão "através de" passou a ser empregada em um leque maior de situações, como em:

    "Eu conheci meu namorado através da internet", em vez de "Eu conheci meu namorado por meio da internet".

    No entanto, enquanto não for possível de fato atravessar literalmente um computador ou um celular para ir ao encontro do seu par, é recomendado o uso da locução "por meio de".