SóProvas


ID
2570845
Banca
PR-4 UFRJ
Órgão
UFRJ
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                             TEXTO 4


      Adiante, o célebre conto Um Apólogo, de Machado de Assis. Leia-o, com atenção, e responda às questões propostas a seguir.


                                     “UM APÓLOGO

      Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

      — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?

      — Deixe-me, senhora.

      — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.

      — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

      — Mas você é orgulhosa.

      — Decerto que sou.

      — Mas por quê?

      — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?

      — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...

      — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...

      — Também os batedores vão adiante do imperador.

      — Você é imperador?

      — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...

      Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

      — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...

      A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

      Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:

      — Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

      Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

      — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.

      Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:

      — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!” 

Sobre o termo em destaque na frase “Parece que a agulha não disse nada; (...)” é correto afirmar que: 

Alternativas
Comentários
  • O termo em destaque ( fui conferir a prova ) é DISSE

  • não tem termo destacado 

  • O termo destacado é DISSE E o gabarito é a opção c
  • Não vi nenhum termo destacado na frase.

     

  • Letra C

     

  • O termo em destaque é o verbo Disse ( negrito) .. RESPOSTA c

  • Trissilabo.?

  • 1: disse, vem do verbo Dizer.

    2: Dividi-se em duas silabas (Dissilabas), DIS-SE.

    3: 'DISE', veja que há duas vogais ao lado do "S", logo o "S" dobra.    (DISSE)

  • Meus caros, no texto não há palavra destacada (pode ser que no momento de copiar a questão para colar no site, não veio na formatação que foi impressa a prova). Mas na questão há sim o destaque: “Parece que a agulha não disse nada; (...)”. Notem que DISSE está em negrito.

     

    Gabarito, sem medo de errar, alternativa C.

  • só tem uma palavra grafada, quem fez isso tava doidao

  • Justamente, amigo. Só existe uma palavra grafada: "Disse", que é pra você classificá-la na questão.

  • Sinceramente fiquei com um pouco de dúvida nessa questão, porém errei.. :(

    obrigada pelas observações das questões nos comentários.

     

  • Disse esta em negrito

    letra c

     

  • Alguém pode explicar melhor por que é a letra C ?

  • Termo destacado: "disse".

    i(1) ERRADA é verbo; (2) NÃO é monossílabo e (3) é grafado com “s” dobrado, porque este está entre vogais. 

    b ERRADA 1) NÃO é substantivo; (2) NÃO é monossílabo e (3) é grafado com “s” dobrado, porque este é pronunciado com o som do “c” intercalado. 

    c CORRETA ( 1) é verbo; (2) divide-se em duas sílabas e (3) é grafado com “s” dobrado, porque este está entre vogais e é pronunciado com o som do “s” inicial.

    d ERRADA1) é verbo; (2) NÃO é trissílabo e (3) é grafado com “s” dobrado, porque está flexionado no pretérito perfeito.(a regra de s dobrado não se refere à flexão de verbo)

    e ERRADA (1) é verbo; (2) NÃO é polissílabo e (3) é grafado com “s” dobrado, porque está conjugado no pretérito imperfeito.

  • O que está errado n letra E) disse - pretérito perfeito - eu disse  - Pretérito imperfeito - eu dizia

    monossilabo - 1 silaba - não, sim, pão, fé ...

    Polissilabo -  mais de uma sílaba

  • Complementando aqui a divisão silábica e sua classificação, sobre a qual pouco se falou:

    MONOSSÍLABOS (1 SÍLABA): "PÃO", "NÃO", "CHÃO", "CÃO", "PÉ" 

    DISSÍLABOS (2 SÍLABAS): "CAFÉ" CA-FÉ, "TRATOR" TRA-TOR, "ROBÔ" RO-BÔ

    TRISSÍLABOS (3 SÍLABAS): "ÁRVORE" ÁR-VO-RE, "MACACO" MA-CA-CO, "PÁSSARO" PÁS-SA-RO

    POLISSÍLABOS (4 OU MAIS SÍLABAS) "AMIZADE" A-MI-ZA-DE, "MALUQUICE" MA-LU-QUI-CE, "CONSTITUCIONAL" CONS-TI-TU-CIO-NAL (ESTE TEM 5 SÍLABAS), e caso existam outras palavras com 4 ou mais sílabas, são todos polissílabos.

    URBANA LEGIO OMNIA VINCIT

     

  • Questão mais fácil do que parece. Mataria pelas primeiras 2 informações.
  • As pessoas não sabem diferenciar uma palavra em negrito que serve para destacar.
    Alternativa C

    (1) é verbo; Indicativo Pretérito Perfeito
    (2) divide-se em duas sílabas; DIS-SE(digrafo SS se separam). Quantas vezes você abriu a boca para dizer a palavra Disse? Duas, né?! Então é um dissilabo
    (3) é grafado com “s” dobrado, porque este está entre vogais e é pronunciado com o som do “s” inicial. O S sozinho entre vogais fica com som de Z, então para resolver isso, é preciso colocar SS para ter o som correto. 

  • Michel Soares, vc é demais......

    kkkkkkk, morri com seu comentário...

    Mt ótimo.....hahahah

  • Ja respondi essa questão aqui e na época eu errei pq nao tinha termo destacado, mas agora o qc negritou a palavra

  • Letra: C

     

    (1) é verbo; (2) divide-se em duas sílabas e (3) é grafado com “s” dobrado, porque este está entre vogais e é pronunciado com o som do “s” inicial.

  • c)

    (1) é verbo; (2) divide-se em duas sílabas e (3) é grafado com “s” dobrado, porque este está entre vogais e é pronunciado com o som do “s” inicial.

  • Alternativa c.

    DISSE - Dissílabo - Duas sílabas.