SóProvas


ID
2580343
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
Câmara de Maringá- PR
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                             Oh! Minas Gerais

                        O irresistível sotaque dos mineiros me encanta.


      Sei que deveria ir mais a Minas Gerais do que vou, umas duas, três vezes ao ano. Pra rever meus parentes, meus amigos, pra não perder o sotaque.

      Sotaque que, acho eu, fui perdendo ao longo dos anos, desde aquele 1973, quando abandonei Belo Horizonte pra ir morar a mais de dez mil quilômetros de lá.

      Senti isso quando, outro dia, pousei no aeroporto de Uberlândia e fui direto na lanchonete comer um pão de queijo que, fora de brincadeira, é mesmo o mais gostoso do mundo.

      - Cê qué qui eu isquento um tiquinho procê?

      Foi assim que a mocinha me recebeu, quase de braços abertos, como se fosse uma amiga íntima de longo tempo.

      Sei não, mas eu acho que o sotaque mineiro aumentou – e muito – desde que parti. Quando peguei o primeiro avião com destino à felicidade, todos chamavam o centro de Belo Horizonte de cidade. O trólebus subia a Rua da Bahia, as pessoas tomavam Guarapan, andavam de Opala, ouviam Fagner cantando Manera Fru Fru, Manera, chamavam acidente de trombada e a polícia de Radio Patrulha.

      Como pode, meu filho mais velho, que nasceu tão longe de Beagá, e, que hoje mora lá, me ligar e perguntar:

      - E ai pai, tudo jóia, tudo massa?

      A repórter Helena de Grammont, quando ainda trabalhava no Show da Vida, voltou encantada de lá e veio logo me perguntar se o sotaque mineiro era mesmo assim ou se estavam brincando com ela. Helena estava no carro da Globo, procurando um endereço perto de Belo Horizonte, quando perguntou para um guarda de trânsito se ele poderia ajudá-la. A resposta veio de imediato.

      - Cê ségui essa istrada toda vida e quando acabá o piche, cê quebra pra lá e continua siguino toda vida!

      Já virou folclore esse negócio de mineiro engolir parte das palavras. Debaixo da cama é badacama, conforme for é confórfô, quilo de carne é kidicarne, muito magro é magrilin, atrás da porta é trádaporta, ponto de ônibus é pôndions, litro de leite é lidileiti, massa de tomate é mastumati e tira isso daí é tirisdaí.

      Isso é verdade. Um garoto que mora em São Paulo foi a Minas Gerais e voltou com essa: Lá deve ser muito mais fácil aprender o português porque as palavras são muito mais curtas.

      Mineiro quando para num sinal de trânsito, se está vermelho, ele pensa: Péra. Se pisca o amarelo: Prestenção. Quando vem o verde: Podií.

      Mas não é só esse sotaque delicioso que o mineiro carrega dentro dele. Carrega também um jeitinho de ser.

      A Gabi, amiga nossa mineira, que mora em São Paulo há anos, toda vez que vem, aqui em casa, chega com um balaio de casos de Minas Gerais.

      Da última vez que foi a Minas, ela viu na mesa de café da tia Teresa uma capinha de crochê, cobrindo a embalagem do adoçante. Achou aquilo uma graça e comentou com a tia prendada. Pra quê? Tem dias que Teresa não dorme, preocupada querendo saber qual é a marca do adoçante que a Gabi usa, pra ela fazer uma capinha igual, já que ela gostou tanto. Chega a ligar interurbano pra São Paulo:

      - Num isquéci de mi falá a marca do seu adoçante não, preu fazê a capinha de crocrê procê...

      Coisa de mineiro.

      Bastou ela contar essa história que a Catia, outra amiga mineira – e praticante – que estava aqui em casa também, contar a história de um doce de banana divino que comeu na casa da mãe, dona Ita, a última vez que foi lá. Depois de todos elogiarem aquele doce que merecia ser comido de joelhos, ela revelou o segredo:

      - Cês criditam que eu vi um cacho de banana madurin, bonzin ainda, no lixo do vizinho, e pensei: Genti, num podêmo dispidiçá não!

      Mais de quarenta anos depois de ter deixado minha terra querida, o jeito mineiro de ser me encanta e cada vez mais.

      Quer saber o que é ser mineiro? No final dos anos 80, quando o meu primeiro casamento se acabou, minha mãe, que era uma mineira cem por cento, queria saber se eu já “tinha outra”, como se diz lá em Minas Gerais. Um dia, cedo ainda, ela me telefonou e, ao invés de perguntar assim, na lata, se eu já tinha um novo amor, usou seu modo bem mineiro de ser:

      - Eu tava pensâno em comprá um jogo de cama procê, mas tô aqui sem sabê. Sua cama nova é di casal ou di soltero?


ADAPTADO. VILLAS, Alberto. Oh! Minas Gerais. In: Carta Capital. Publicado em 10 fev. 2017. Disponível em https://www.cartacapital.com. br/cultura/oh-minas-gerais.  

Analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta a(s) correta(s).


I. No excerto “Quando peguei o primeiro avião com destino à felicidade, todos chamavam o centro de Belo Horizonte de cidade [...]”, a oração destacada possui sujeito indeterminado.

II. No fragmento “Quando vem o verde: Podií”, o termo destacado é equivalente à locução verbal “Pode ir”.

III. Em “Tem dias que Teresa não dorme, preocupada querendo saber qual é a marca do adoçante que a Gabi usa, pra ela fazer uma capinha igual, já que ela gostou tanto.”, a palavra destacada exerce a função de adjunto adverbial.

Alternativas
Comentários
  • Analisando as alternativas:

     

    I. No excerto “Quando peguei o primeiro avião com destino à felicidade, todos chamavam o centro de Belo Horizonte de cidade [...]”, a oração destacada possui sujeito indeterminado.

    Errada. Quem é que chamavam o centro [...]  R: Todos (SUJEITO)

     

     

     

    II. No fragmento “Quando vem o verde: Podií, o termo destacado é equivalente à locução verbal “Pode ir”.

    Correta. Vale destacar que o termo destacada está na linguagem coloquial, entretanto na norma culta poderia ser substituida por PODE IR.

     

     

    III. Em “Tem dias que Teresa não dorme, preocupada querendo saber qual é a marca do adoçante que a Gabi usa, pra ela fazer uma capinha igual, já que ela gostou tanto.”, a palavra destacada exerce a função de adjunto adverbial. 

    Correta. Tanto - Adjunto adverbial de intensidade.

  • Precisava somente saber que a I esta errada!

  • so acertei pq sabia que a I estava errada.. Essa II me deu vontade de rir .. kkkkk 

  • Na assertiva I a banca tentou confundir o candidato, usando um pronome indefinido (todos) como sujeito da oração destacada.

  • Gabarito Letra D

     

    Sabendo que a assertiva I está errada não precisa nem verificar as outras.

     

    I. No excerto “Quando peguei o primeiro avião com destino à felicidade, todos chamavam o centro de Belo Horizonte de cidade [...]”, a oração destacada possui sujeito indeterminado.

    Quando Eu peguei.... Logo o sujeito do peguei é "Eu"

    Todos chamavam.... quem é que chamavam ? Todos logo o sujeito de chamavam é "Todos"

  • Que texto lindo! Muito bom de ler! Como mineira preciso concordar com o autor! Aqui, é sim, o melhor lugar pra se viver.

  • "..Oh, Minas Gerais!
    Quem te conhece não esquece jamais
    Oh, Minas Gerais!.."

     

    Melhor região do país!

  • Matando a primeira assertiva já consegue saber o gabarito da questão.

    PMTO

  • GABARITO: D

     

     

    I. No excerto “Quando peguei o primeiro avião com destino à felicidade, todos ELES chamavam o centro de Belo Horizonte de cidade[...]”, a oração destacada possui sujeito indeterminado.

    SUJ. OCUL

     

     

    R:  indeterminado = existe um sujeito mas não se consegue identificar. 

    OBS:1° Verbo na terceira pessoa do plural sem referência ao sujeito no cont...

    2°com pronome se como índice de indeterminção do sujeito.

  • Não vi destaque nenhum nas palavras.

  • Rapaziada que estiver fazendo questões dessa banca pelo App ddo QC não vai conseguir visualizar nenhum destaque nas palavras. Tem que entrar pelo computador mesmo.

  • Victor Chagas, até no computador está assim. Não consigo ver o que deveria estar destacado. ;/

  • Respondi por eliminaçao porque sabia que a PRIMEIRA estava errada, mas a SEGUNDA nao entendi nada, se a banca tivesse colocado somente a opçao TRES teria errado ;(

  • DOUGLAS ,SEU COMENTÁRIO ESTÁ EQUIVOCADO.

  • Obrigada por postarem o gabarito, pessoas de alma gentil!

  • Quem não consegue ver o destacado, acesse por outro navegador que resolve!

  • eliminou a I e "pá e bufff" letra D de corpo e alma.

  • I. No excerto “Quando peguei o primeiro avião com destino à felicidade, todos chamavam o centro de Belo Horizonte de cidade[...]”, a oração destacada possui sujeito indeterminado.POSSUI SUJEITO DETERMINADO, DESTARTE QUESTÃO ERRADA

    II. No fragmento “Quando vem o verde: Podií”, o termo destacado é equivalente à locução verbal “Pode ir”. CORRETO

    III. Em “Tem dias que Teresa não dorme, preocupada querendo saber qual é a marca do adoçante que a Gabi usa, pra ela fazer uma capinha igual, já que ela gostou tanto.”, a palavra destacada exerce a função de adjunto adverbial. CORRETO

  • Só de saber que a primeira seria um sujeito oculto já elimina as restantes.

  • No item 1 não é sujeito oculto, é SUJEITO DETERMINADO. O Sujeito da frase é "Todos"

  •  

    i = sujeito determinado = TODOS!!

    ii = podii em linguagem coloquial
    A linguagem coloquial, informal ou popular é uma linguagem utilizada no cotidiano em que não exige a atenção total da gramática, de modo que haja mais fluidez na comunicação oral. Na linguagem informal usam-se muitas gírias e palavras que na linguagem formal não estão registradas ou tem outro significado = porem pode se substituir tem o mesmo valor!!

    iii = adjunto adverbial de intensidade !!  gostou (*verbo) e tanto (adverbio de intensidade) concordando com o verbo!!

     

  • Matou que a I tem sujeito determinado... Matou a questão. O elaborador foi um amigo e tanto.

  • Essa questão é muito fácil,

    Analisei o item l, vi que osujeito não é indeterminado, pois sujeito é TODOS. Certo? Então, o item I está errado, a questão pede o item certo.

    Vou nas questões analisar: qual delas tem o item I está presente? A,B,C e E,

    Logo, a resposta correta é a: D.

    Estudar é muito bom, mas também precisamos de lógica para se dar bem na prova, não posso perder tempo em analisar todos os itens, se já achei a resposta.


    Boa sorte






  • O termo "todos" é um pronome substantivo, que possui função sintática de sujeito da oração.

  • GABARITO: D

  • Sim, mas quem são ''todos''? pra mim não foi nada determinado ai kk

  • Sim, mas quem são ''todos''? pra mim não foi nada determinado ai kk

  • pela primeira assertiva matava a questão gab d

  • sabendo que I tava errada, já matava a questão

  • Tomara que essa caia na minha prova!

  • “Quando peguei o primeiro avião com destino à felicidade, todos chamavam o centro de Belo Horizonte de cidade [...]”

    Quem chamavam? Todos

    Todos é o sujeito da oração

  • “Quando peguei o primeiro avião com destino à felicidade, todos chamavam o centro de Belo Horizonte de cidade [...]”

    Quem chamavam? Todos

    Todos é o sujeito da oração

  • só precisei observar a primeira!!!

  • Creio que o erro que cometi e alguns cometem é misturar a analise Morfológica com sintática. Na hora da prova é saber respirar fundo e haja inteligencia emocional.

  • Que poha é essa de podil?

  • "todos" não é o sujeito da oração?

  • O sujeito é indeterminado quando SINTATICAMENTE não existe nome na frase q possa preencher a função de sujeito.

    A função sintática de TODOS é sujeito. Cuidado pra não confundirem sentido com função. São coisas diferentes.

  • Eu sou soteropolitana, mas vou confessar que o sotaque mineiro é maravilhoso, apaixonante!

  • Alguem poderia me dizer o que é DOPIL?

  • Questão mal feita, se vc já tem certeza de que a um está errado, só resta uma opção pra marcar.

  • Responde só por eliminação.

  • Olá, Amanda Carvalho. Cuidado para não perder tempo com o texto. Essa, eu resolvi apenas lendo a questão. Às vezes, isso acontece comigo também, fico encantando com alguns textos, me emociono.

    No entanto, na hora da prova, o nome disso é 'casca de banana' para levar você a perder tempo.

  • sujeito indeterminado é um tipo de sujeito que não pode ser identificado na oração. Ele acontece quando não conseguimos perceber o ser que praticou a ação, nem pelo contexto, nem pelo verbo.

    Exemplo:

    Estão cantando na praça desde ontem.

    A partir do exemplo acima, não conseguimos identificar o sujeito da ação verbal, ou seja, não sabemos se eram “eles” ou “elas” que estavam cantando.

  • complemento nominal é sempre preposicionado.

  • Pessoal, é Podií (dos is). Não é Podil (com éle).

  • "TODOS" Sujeito DETERMINADO .

    Quem chamava o centro de Belo Horizonte de cidade ? "TODOS"

    Só matando essa já acertaria a questão .

  • A alternativa I é falsa. Note que o sujeito da forma verbal “chamavam” está representado pelo pronome indefinido “todos”.

    A alternativa II é verdadeira. Trata-se de uma brincadeira com o sotaque mineiro.

    A alternativa III é verdadeira. A palavra “tanto” expressa intensidade, ideia de natureza adverbial. Trata-se de um adjunto adverbial de intensidade.

    Resposta: D

  • Adjunto adverbial e advérbio é a mesma coisa?

  • Adjunto adverbial e advérbio é a mesma coisa?

  • Sim, adj. adverbial e adverbio são a mesma coisa.

  • Gab. Letra D

    Sujeitos:

    Determinados: Pode ser Simples (1 Núcleo), Composto (2 ou mais núcleos) ou OCULTO/ELÍPTICO/DESINENCIAL (Não está explícito, mas pode ser identificado pelo contexto).

    Exemplo de Sujeito Oculto: “Caminhamos durante 40 minutos”. Nós caminhamos.

    “Fui ao mercado”. Eu fui ao mercado.

    Indeterminado: Quando não é possível identificar o sujeito.

    - Geralmente verbos na 3ª pessoa do plural: “Pediram apoio financeiro para ajudar crianças”. Não se sabe quem pediu.

    - Índice de indeterminação: VI, VL e VTI (Verbos na 3ª pessoa do singular) + Partícula SE.

    Ex: Precisa-se de ajuda.

    Gasta-se muito dinheiro nas festas.

    - Verbos no infinitivo pessoal: “É essencial diminuir a desigualdade social”.

    Inexistente: Não existe sujeito, verbos impessoais, sempre na 3ª pessoa do singular.

    - Verbos que indicam fenômenos da natureza (chover, nevar...): “Todos os dias chove no fim da tarde”.

    - Verbo “FAZER” indicando tempo decorrido: “Vai fazer 2 anos que fui ao Canadá”.

    Faz 3 dias que não a vejo”.

    - Verbo “HAVER” com sentido de existir, ocorrer ou indicando tempo decorrido: “ vagas neste local”.

    “Ela frequenta o clube 5 anos”.

    - Verbos SER, IR (para) e ESTAR quando indicam TEMPO:

    “Já são 9 horas”.

    “Está indo para 1h de prova”.

    “Lá está anoitecendo”.

  • Sujeito indeterminado. É aquele que, embora existindo, não se pode determinar nem pelo contexto, nem pela terminação do verbo. No caso da assertiva, podemos dizer que todos, equivale a eles, os mineiros, logo não será sujeito indeterminado.

  • O item III me deixou indeciso, mas fui na eliminação e deu certo.

  • Mas "todos" é um pronome indefinido, todos podiam ser qualquer pessoa

  • Instituto AOCP foi uma mãe nesta questão.