SóProvas


ID
2668642
Banca
FCC
Órgão
TRT - 6ª Região (PE)
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Para responder a questão abaixo, considere o texto abaixo.


    Vou falar da palavra pessoa, que persona lembra. Acho que aprendi o que vou contar com meu pai. Quando elogiavam demais alguém, ele resumia sóbrio e calmo: é, ele é uma pessoa. Até hoje digo, como se fosse o máximo que se pode dizer de alguém que venceu numa luta, e digo com o coração orgulhoso de pertencer à humanidade: ele, ele é um homem.

    Persona. Tenho pouca memória, por isso já não sei se era no antigo teatro grego que os atores, antes de entrar em cena, pregavam ao rosto uma máscara que representava pela expressão o que o papel de cada um deles iria exprimir.

    Bem sei que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e que a máscara as esconde. Por que então me agrada tanto a ideia de atores entrarem no palco sem rosto próprio? Quem sabe, eu acho que a máscara é um dar-se tão importane quanto o dar-se pela dor do rosto. Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que vão vivendo fabricam a própria máscara. E com muita dor. Porque saber que de então em diante se vai passar a representar um papel é uma surpresa amedrontadora. É a liberdade horrível de não ser. E a hora da escolha.

    Mesmo sem ser atriz nem ter pertencido ao teatro grego – uso uma máscara. Aquela mesma que nos partos de adolescência se escolhe para não se ficar desnudo para o resto da luta. Não, não é que se faça mal em deixar o próprio rosto exposto à sensibilidade. Mas é que esse rosto que estava nu poderia, ao ferir-se, fechar-se sozinho em súbita máscara involuntária e terrível. É, pois, menos perigoso escolher sozinho ser uma pessoa. Escolher a própria máscara é o primeiro gesto involuntário humano. E solitário. Mas quando enfim se afivela a máscara daquilo que se escolheu para representar o mundo, o corpo ganha uma nova firmeza, a cabeça ergue-se altiva como a de quem superou um obstáculo. A pessoa é.

    Se bem que pode acontecer uma coisa que me humilha contar.

    É que depois de anos de verdadeiro sucesso com a máscara, de repente – ah, menos que de repente, por causa de um olhar passageiro ou uma palavra ouvida – de repente a máscara de guerra de vida cresta-se toda no rosto como lama seca, e os pedaços irregulares caem com um ruído oco no chão. Eis o rosto agora nu, maduro, sensível quando já não era mais para ser. E ele chora em silêncio para não morrer. Pois nessa certeza sou implacável: este ser morrerá. A menos que renasça até que dele se possa dizer “esta é uma pessoa”.


(Adaptado de: LISPECTOR, Clarice. “Persona”, em Clarice na cabeceira: crônicas. Rio de Janeiro, Rocco Digital, 2015)

Na frase E ele chora em silêncio para não morrer (último parágrafo), a oração sublinhada acima complementa o sentido

Alternativas
Comentários
  • GABARITO LETRA E

     

    Normalmente a FCC utiliza a preposição para com sentido de finalidade. Outros significados que esta preposição poderia assumir:

     

    Preposição que indica a orientação ou o sentido de: caminharam para o exterior do hotel.

    Que determina a designação, a classificação: filme proibido para menores.

    Que age contra: remédio para dor de cabeça.

    Com o propósito de: estuda para entrar na faculdade.

    Que vai acontecer a qualquer momento: o show está para terminar.

    Segundo a opinião de: para o autor, o livro é ótimo.

    Com o objetivo de: viajou para descansar.

    Apropriado a: é um espetáculo para assistir ou para ouvir?

    Tendo em consideração: para o dinheiro que gasta, ainda tem economias.

    Que se preparou ou está apto: ela é a aluna para o trabalho.

     

    Fonte https://www.dicio.com.br/para/

  • Letra (e)

     

     

    Finais: indicam finalidade, objetivo, com as locuções conjuntivas: para que, a fim de que, que (= para que), porque (= para que):

     

    Afastou-se depressa, para que não o víssemos.
    Viemos aqui a fim de que realizássemos um acordo.
    “Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis)
    “Fez tudo porque eu não obtivesse bons resultados.”

     

    Muito utilizada é a forma reduzida de infinitivo:

     

    Suportou todo tipo de humilhação para obter o visto americano.

     

    Décio Terror

  • Olha la: B O N I T O.

     

    E ele chora em silêncio para não morrer.

     

    COMENTÁRIO: 

    1) em silêncio (Adverbiopara não morrer (Adverbio).
    2) Um adverbio mode se referir a outro adverbio.
    3) se você retirar em silêncio ainda mantem o sentido da frase.
    4) para não morrer expressa finalidade.

    Obs: a letra C) ate que tava legal, mas fico errada em falar em adjetivo.
     

  • PARA + VERBO = FINALIDADE !

  • levanta a mão quem não entendeu o enunciado da questão 

  • Assim que a prova é lançada as questões ainda nao estão classificadas, pq ainda não deu tempo!! Já já aparecem as classificações!

  • GABARITO E

     

    E ele chora (verbo) em silêncio (adjunto adverbial de modo) para não morrer (adjunto adverbial de finalidade). 

     

    Modo/maneira --> Finalidade/objetivo 

     

    Complementam o sentido do verbo "chorar", possuindo a função sintática de advérbio. 

  • pensei que CHORA fosse V.I

  • várias cascas de bacanas antes de chegar a E

  • Vá direto ao comentário do Bruno Mendes ...

  • CHORAR não seria V.I ? 

  • Vamos parar de churumelas? Simples: Ele Chora para não morrer. Em Silêncio é o modo como isso se dá! Ou seja, "para não morrer" completa o verbo chorar! 

  • Chora é V.I., tanto que a banca classifica "para não morrer" com tendo função adverbial...

     

  • TEMPO -> AO + INFINITIVO

    CAUSA -> POR + INFINITIVO

    CONCESSÃO -> APESAR DE + INFINITIVO

    FINALIDADE -> PARA + INFINITIVO

  • O ''para'' expressa ideia de finalidade!

  • tao obvia que dá até medo

  • Outro exemplo comparativo:

     

    `` O diretor gritou / para que (a fim de que) o ouvissem [Oração Subordinada Adverbial Final]`` - {para que} é conjunção final (finalidade)

  • Como diz Fernando Pestana:"Decore as conjunções"

  • Não marquei a letra "E" porque o verbo chorar é intransitivo.

    Por que a questão diz que oração sublinhada complementa o sentido do verbo chorar?

  • "E ele chora em silêncio / para não morrer."

         O.P                        O. Sub. Adverbial Final

     

     

    O verbo chorar é, de fato, intransitivo. A assertiva afirma que complementa, não completa o sentido do verbo, o que são coisas distintas. Para completar o verbo, temos os objetos que são necessários aos verbos transitivos. Para complementar, temos os adjuntos adverbiais que podem ser dispensados. Ao afirmar que a oração possui função adverbial, a assertiva está dizendo, nada menos, que a oração é um adjunto adverbial, mais especificamente, de finalidade. Ou seja, trata-se de um adjunto adverbial oracional que normalmente complementa o sentido de um verbo intransitivo, como é o caso.

     

    Quem escolheu a busca não pode recusar a travessia - Guimarães Rosa

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    Gabarito: E

  • Pessoal, cuidado com o "para". A depender do contexto, ele possui diferentes sentidos. Não fixe em mente que ele apenas expressa finalidade. Veja nessa questão a expressão, não de finalidade, mas de direção : Q920339

  • Pessoal, a FCC ama o "para". Anotem isso no coração.

  • Cada caso é cada caso! Mas na dúvida, vá no geral mesmo PARA+ INFINITIVO kkkkkkkk

  • Letra A: “Para não morrer” não pode ser substituída por substantivo, pois não é uma oração subordinada substantiva, já que não tem conjunção integrante introduzindo esse segmento, mas sim adverbial, pois é iniciada por conjunção com valor semântico de finalidade. Portanto, item inadequado.

    Letra B: “ele” atua como sujeito, não necessitando de complemento ao seu sentido. Além disso, a frase indicada está incorreta pois promoveria redundância, devendo ser escrita como “para que não morra”. Item incorreto.

    Letra C: “Em silêncio”, na verdade, representa o modo como se chora, sendo um adjunto adverbial. Nesse contexto, não precisa também de complemento nem tem função de adjetivo. Item inadequado

    Letra D: “Para” não pode ter função de pronome relativo, portanto não poderia iniciar uma oração subordinada adjetiva. Nesse caso, então, o segmento grifado não pode ser uma oração adjetiva nem modifica o substantivo “silêncio”.

    Letra E: Este é o nosso item correto, pois “para não morrer” indica a finalidade da ação “chorar”, sendo, portanto, adjunto adverbial.