SóProvas


ID
2712712
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
TRT - 1ª REGIÃO (RJ)
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                            Texto II


      [...] Saiu da casa da cartomante aos tropeços e parou no beco escurecido pelo crepúsculo — crepúsculo que é hora de ninguém. Mas ela de olhos ofuscados como se o último final da tarde fosse mancha de sangue e ouro quase negro. Tanta riqueza de atmosfera a recebeu e o primeiro esgar da noite que, sim, sim, era funda e faustosa. Macabéa ficou um pouco aturdida sem saber se atravessaria a rua pois sua vida já estava mudada. E mudada por palavras — desde Moisés se sabe que a palavra é divina. Até para atravessar a rua ela já era outra pessoa. Uma pessoa grávida de futuro. Sentia em si uma esperança tão violenta como jamais sentira tamanho desespero. Se ela não era mais ela mesma, isso significava uma perda que valia por um ganho. Assim como havia sentença de morte, a cartomante lhe decretara sentença de vida. Tudo de repente era muito e muito e tão amplo que ela sentiu vontade de chorar. Mas não chorou: seus olhos faiscavam como o sol que morria. Então ao dar o passo de descida da calçada para atravessar a rua, o Destino (explosão) sussurrou veloz e guloso: é agora é já, chegou a minha vez! E enorme como um transatlântico o Mercedes amarelo pegou-a — e neste mesmo instante em algum único lugar do mundo um cavalo como resposta empinou-se em gargalhada de relincho.

      Macabéa ao cair ainda teve tempo de ver, antes que o carro fugisse, que já começavam a ser cumpridas as predições de madama Carlota, pois o carro era de alto luxo. Sua queda não era nada, pensou ela, apenas um empurrão. Batera com a cabeça na quina da calçada e ficara caída, a cara mansamente voltada para a sarjeta. E da cabeça um fio de sangue inesperadamente vermelho e rico. O que queria dizer que apesar de tudo ela pertencia a uma resistente raça não teimosa que um dia vai talvez reivindicar o direito ao grito. [...]

(Excerto adaptado e extraído da obra “A Hora da Estrela”. LISPECTOR, Clarice. 23ª edição. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.)

O seguinte excerto “[...] um dia vai talvez reivindicar o direito ao grito.”, ao ser transposto para a voz passiva analítica, terá como resultado:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: A

    “[...] um dia vai talvez reivindicar o direito ao grito.”

    Seguindo as regras da transposição de voz ativa para voz passiva analítica, "direito ao grito" - objeto direto - torna-se sujeito paciente, o qual deve ser posto no início da frase. Em relação aos verbos, deve existir o verbo auxiliar ser/estar juntamente com o verbo transitivo no particípio. Deste modo:
     

    o direito ao grito (sujeito paciente) vai talvez ser (verbo no auxiliar) reivindicado (particípio do verbo "reivindicar").

    Obs.: notem que a frase na voz analítica sempre terá um verbo a mais. Isso às vezes ajuda a resolver estes tipos de questões com mais agilidade.

     

  •  

    Verbo (IR) - VAI: presente do indicativo. Tem que manter o tempo verbal na transposição.

     

    A - (IR) - VAI - presente do indicativohá formação da VP.

     

    B - SERÁ - futuro de presente do indicativo; há formação da VP.

     

    C - REIVINDICAR-SE-Á - futuro de presente do indicativo; e Não há VP na frase. 

     

    D - REINVINDICARÁ - futuro de presente do indicativo; e Não há VP na frase. 

     

    E - IRÁ - futuro de presente do indicativo; e Não há VP na frase. 

     

  • ...um dia vai talvez reivindicar o direito ao grito...

     

    Enxugando os termos acessórios, que só atrapalham o concurseiro:
    ...vai reivindicar o direito...

     

    Agora, o objeto vira sujeito... e o sujeito vira agente da passiva:
    ...(ELE) vai reivindicar o direito...

    O direito VAI SER reivindicado (por ele).

    (A) o direito (ao grito) vai (talvez) ser reivindicado.

     

  • Voz passiva analítica: é expressa por uma locução verbal formada pelo verbo ser + particípio passado do verbo principal.

  • Como dito pela Isabela, a voz passiva sempre terá um verbo a mais do que a forma na voz ativa.

     

    Ex: Eu fiz o bolo. -> Um verbo.

    Passando para a voz passiva: O bolo foi feito por mim. -> Dois verbos.

     

    Ex: Eu deixarei de fazer o bolo. -> Dois verbos.

    Passando para a voz passiva: O bolo deixará de ser feito por mim. -> Três verbos.

  • Voz passiva

     

    Na voz passiva, o sujeito é paciente, ou seja, recebe a ação expressa pelo verbo. O praticante da ação é classificado como agente da passiva. Admitem transposição de voz passiva somente verbo transitivo direto e bitransitivos. Verbo transitivo indireto, impessoal, intransitivo ou objeto direto preposicionado não admite.

     

    Exemplo: O livro (sujeito paciente) foi escrito por Maria (agente da passiva).

     

    Na língua portuguesa, a voz passiva pode ser analítica ou sintética.

     

     

    Voz passiva analítica é formada por um verbo auxiliar (normalmente o verbo ser), o particípio de um verbo transitivo, uma preposição e o agente da passiva.

     

    Exemplo: O trabalho (sujeito paciente) foi (verbo auxiliar) feito (verbo no particípio) por (preposição) ele (agente da passiva)

     

    Em determinadas frases, o agente da passiva pode não estar explícito.

     

    Exemplo: As roupas (sujeito paciente) foram (verbo auxiliar) passadas (verbo no particípio).

     

  • Voz Passiva Analítica: sua marca principal é, normalmente, a locução verbal formada por ser/estar/ficar + particípio;

    Dica: as questões de concursos exploram quase sempre a construção ser + particípio.

    Fonte: A Gramática para Concursos Públicos | Fernando Pestana

  • Só pelo tempo do verbo mata a questão

  • GAB A

    VERBO SER + PARTICÍPIO

    ser reivindica-do.

  • A título de conhecimento só irá haver transposição de voz passiva nos verbos transitivos diretos :)

  • Algum colega pode explicar o erro da alternativa B? Concordo que a A está correta, mas não consegui identificar o erro da B.

  • Não entendi, entendi como alternativa B.

  • EU ERREI, PORÉM SEI O PORQUÊ:

    o tempo verbal não foi mantido!

    um dia vai talvez reivindicar o direito ao grito (voz ativa)

    o verbo está no tempo presente do indicativo. Portanto, ao transpor a oração para a voz passiva analítica, tem-se que manter esse mesmo tem e modo, devendo ficar:

    o direito ao grito vai talves ser reivindicado.

    a letra A e B possuem o mesmo sentido lógico estão corretas se as analisarmos sem o comando da questão.

    Ambas representam o futuro do presente, porém a forma mais usual é a composta pelo verbo ir (conjugado no presente do indicativo) + infinitivo. Portanto, ao se transpor a voz ativa para a passiva, tem-se que observar a manutenção do tempo e modo verbal original da expressão!