SóProvas


ID
2719783
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
IFF
Ano
2018
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Caso clínico 6A2AAA


    Rosa, mãe de Alan, com dezessete anos de idade, procurou a rede de atenção psicossocial (RAPS) disponível em sua região, pois estava preocupada com seu filho. Em acolhimento inicial com psicólogo e enfermeiro, após atendimento na presença da mãe, o adolescente afirmou que não tinha mais conseguido lidar com o sentimento de tristeza e angústia. Disse que não tinha amigos, que não tinha vontade de fazer nada e que tinha perdido a vontade de viver. Afirmava que tinha um plano definido para alcançar seu objetivo, após duas tentativas de suicídio fracassadas. Pediu para que não falassem nada à sua mãe, com medo de represália ou mesmo da reação dela. Num primeiro momento, a mãe disse que o filho nunca teve problemas escolares, mas sempre foi calado. Ressaltou que ele sempre teve poucos amigos e baixa autoestima, e que até o momento do atendimento, “passava boa parte do tempo dormindo” (sic). Ela informou que se deixasse ele passava o dia na cama, e que ele não tinha coragem de tirar um copo do lugar. Ela relatou: “Nem comer, ele come; tenho que insistir. Não é a toa que ele perdeu 5 kg no último mês” (sic). Ao ser indagada se relacionava o quadro do filho a alguma situação ou contexto, a mãe respondeu: “desde que terminou com a namorada mês passado, Alan nunca mais foi o mesmo” (sic).

Considerando o caso clínico 6A2AAA, a atuação do psicólogo e as políticas públicas, assinale a opção correta.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito. C - Alan corre risco de suicidio e fatores AMBIENTAIS e aspectos SOCIODEMOGRÁFICOS são fatores de risco. 

  • quanto a questão de quebra de sigilo, artigo do cód de ética do psico:


    Art.9º - É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de

    proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos

    ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.


    Art.10º - Nas situações em que se configure conflito entre as

    exigências decorrentes do disposto no Art.9º e as afirmações dos

    princípios fundamentais deste Código, excetuando-se os casos previstos

    em lei, o psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo, baseando

    sua decisão na busca do menor prejuízo.

  • Olá Tamires e Renata, por que a questão B está errada???? Obrigada.

  • Tamires, doenças incapacitantes são aqueles em que o paciente não consegue realizar de jeito nenhum, como cuidar da higiene pessoal, se alimentar, se locomover.......

  • Alguém possui bibliografia?

  • quais são os fatores ambientais e sociodemográficos que são fatores de risco para o quadro atual de alan (por ex. suicidio)?

  • Ismara Roriz, alguns fatores:

    Sexo, idade, estado civil, condição profissional e econômica e vivências estressoras.

  • A questão solicita conhecimentos acerca da psicopatologia e atuação do psicólogo no contexto da atenção psicossocial.


    É apresentado um caso hipotético em que o paciente revela sintomas de: sentimentos intensos de tristeza e angústia, apatia e anedonia (vontade de não fazer nada (sic)), perda de peso, perda de energia e ideações e tentativas de suicídio. A partir desses sintomas relatados, percebe-se que o adolescente pode estar apresentando um transtorno depressivo maior.


    Nesse caso, o psicólogo deve preocupar-se, principalmente, com as ideações e tentativas de suicídio do paciente, pelo qual é o sintoma mais emergente que pode acabar se concretizando.



    Vamos às alternativas:



    1. ERRADO

    De acordo com o Código de Ética do Psicólogo, o sigilo do paciente deve ser preservado, mas há casos que podem ser quebrados com objetivo de buscar menor prejuízo para o paciente. Nesse caso, é possível que o profissional trabalhe em conjunto com a família para lidar com os pensamentos recorrentes do paciente em tirar sua vida. O ideal é conversar inicialmente com o paciente e relatar o que precisará ser dito a seus familiares ou qualquer vínculo de apoio que ele possua, tentando ao máximo resguardar o sigilo.


    1. ERRADO

    Na apresentação do caso clínico, não houve menção quanto à condição clínica incapacitante do paciente. De aordo com o manual de prevenção ao suícido, são condições clínicas incapacitantes - e, consequentemente, fatores de risco para o suicídio: 

    • doenças orgânicas incapacitantes;

    • dor crônica;

    • lesões desfigurantes perenes;

    • epilepsia;

    • trauma medular;

    • neoplasias malignas;

    • Aids


    1. CERTO

    De acordo o Manual de Prevenção ao Suicídio¹, os fatores de risco existentes são os transtornos mentais, fatores sociodemográficos (que compreendem os ambientais), fatores psicológicos e condições clínicas incapacitantes. Com relação aos fatores sociodemográficos, podemos relacionar:


    • ser do sexo masculino; • estar nas faixas etárias entre 15 e 35 anos e acima de 75 anos; • estratos econômicos extremos; • residentes em áreas urbanas; • desempregados (principalmente perda recente do emprego); • aposentados; • isolamento social; • solteiros ou separados; • migrantes.


    1. ERRADO

    Alan apresenta risco grave, de acordo com a classificação. Está apresentando grande e intenso número de sintomas que têm causado grande prejuízo e sofrimento na esfera da sua vida tanto social como profissional. Além disso, a ideação suicida é recorrente, com duas tentativas de tirar sua vida - o que torna seu caso mais preocupante 


    1. ERRADO

    Dada a gravidade do caso, é necessário realizar a ficha de notificação. A Ficha Individual de Notificação (FIN) é uma exigência do Ministério da Saúde para alimentar o SINAN - Sistema Informação de Agravos de Notificação para informar casos suspeitos ou confirmados de violência doméstica/intrafamiliar, sexual, autoprovocada, tráfico de pessoas, trabalho escravo, trabalho infantil, tortura, intervenção legal e violências homofóbicas contra mulheres e homens em todas as idades. No caso de violência extrafamiliar/comunitária, somente serão objetos de notificação às violências contra crianças, adolescentes, mulheres, pessoas idosas, pessoas com deficiência, indígenas e população LGBT. 


    Como Alan tentou duas vezes contra sua vida e suspeita-se de pensamentos recorrentes para consolidação do fato, é necessário o preenchimento da FIN.




    Gabarito da Professora: LETRA C.


    Fontes:


    DSM V

    ¹Prevenção do Suicídio: Manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Ministério da Saúde (2017)

    Portal SINAN - Governo Federal


  • É preciso dizer que a letra B está errada porque não estão presentes, no contexto apresentado, as condições incapacitantes. Para isso tomamos como indicação a lista de condições apresentada no artigo: Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio, Ministério da Saúde; Organização PanAmericana de Saúde; Universidade Estadual de Campinas, 2006, p. 15.

    Segundo o artigo, condições clínicas incapacitantes são: doenças orgânicas incapacitantes; dor crônica; lesões desfigurantes perenes; epilepsia; trauma medular; neoplasias malignas; Aids.

    Assim, sobra apenas a letra C que menciona os fatores ambientais como sendo de risco para o suicídio de Alan.