SóProvas


ID
2813113
Banca
FCC
Órgão
SEFAZ-GO
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                      Os deuses de Delfos


      Segundo a mitologia, Zeus teria designado uma medida apropriada e um justo limite para cada ser: o governo do mundo coincide assim com uma harmonia precisa e mensurável, expressa nos quatro motes escritos nas paredes do templo de Delfos: “O mais justo é o mais belo”, “Observa o limite”, “Odeia a hybris (arrogância)”, “Nada em excesso”. Sobre estas regras se funda o senso comum grego da Beleza, em acordo com uma visão do mundo que interpreta a ordem e a harmonia como aquilo que impõe um limite ao “bocejante Caos”, de cuja goela saiu, segundo Hesíodo, o mundo. Esta visão é colocada sob a proteção de Apolo, que, de fato, é representado entre as Musas no frontão ocidental do templo de Delfos.

      Mas no mesmo templo (século IV a.C.), no frontão oriental figura Dioniso, deus do caos e da desenfreada infração de toda regra. Essa coabitação de duas divindades antitéticas não é casual, embora só tenha sido tematizada na idade moderna, com Nietzsche. Em geral, ela exprime a possibilidade, sempre presente e verificando-se periodicamente, da irrupção do caos na beleza da harmonia. Mais especificamente, expressam-se aqui algumas antíteses significativas que permanecem sem solução dentro da concepção grega da Beleza, que se mostra bem mais complexa e problemática do que as simplificações operadas pela tradição clássica.

      Uma primeira antítese é aquela entre beleza e percepção sensível. Se de fato a Beleza é perceptível, mas não completamente, pois nem tudo nela se exprime em formas sensíveis, abre-se uma perigosa oposição entre Aparência e Beleza: oposição que os artistas tentarão manter entreaberta, mas que um filósofo como Heráclito abrirá em toda a sua amplidão, afirmando que a Beleza harmônica do mundo se evidencia como casual desordem. Uma segunda antítese é aquela entre som e visão, as duas formas perceptivas privilegiadas pela concepção grega (provavelmente porque, ao contrário do cheiro e do sabor, são recondutíveis a medidas e ordens numéricas): embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a alma, é somente às formas visíveis que se aplica a definição de belo (Kalón) como “aquilo que agrada e atrai”. Desordem e música vão, assim, constituir uma espécie de lado obscuro da Beleza apolínea harmônica e visível e como tais colocam-se na esfera de ação de Dioniso.

      Esta diferença é compreensível se pensarmos que uma estátua devia representar uma “ideia” (presumindo, portanto, uma pacata contemplação), enquanto a música era entendida como algo que suscita paixões.

(ECO, Umberto. História da beleza. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2004, p. 55-56) 

Considerando-se o uso linguístico nos segmentos, no contexto em que ocorrem no texto, está correto o que se afirma em:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: E

  • A) Segundo a mitologia, Zeus tivesse designado... - Falta um Se Zeus tivesse designado... pra ficar mais "leve" aos olhos... 
    B) O governo do mundo ajusta-se assim à uma harmonia... - Nesse caso não exige. Preposição + Art. Definido + Art. Indefinido...
    C) Aqui o sentido muda, fisicamente falando. De cuja goela saiu (saindo da goela.. de dentro pra fora)... Em cuja goela imergiu (entrando na goela... de fora pra dentro...)
    D) embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a alma... --> ???
    E) Se pensarmos... Caso pensemos... vai pro subjuntivo sim!

  • Alguém poderia me explicar o erro da letra D?

    Obrigada, desde já!

  • Fernanda, o certo seria "seja reconhecidO". O verbo vai concordar com "privilégio".

  • Não entendi a D, alguém explica ?

  • Ce L, se fosse reescrever a frase da alternativa D na voz passiva analítica, o correto seria:

    embora o privilégio de exprimir a alma seja reconhecido à música

     

    Espero ter ajudado!!

  • INDIQUEM PARA COMENTÁRIO DO  PROFESSOR

    INDIQUEM PARA COMENTÁRIO DO PROFESSOR

     

    PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO: 

    - Tem que ter um "Se" ou um "Que". Se eu fizesse, que eu pensasse. Não há nem "se" nem "que" na alternativa A.

     

    Antes de pronome, crase passa fome!

     

    Imergir é entrar, e não sair!

     

    D não entendi muito bem.

  • Sobre a letra D.

    Primeiro olhei o SE, depois olhei o verbo. Percebi que o verbo é transitivo direto.  Cheguei à conclusão que se trata de partícula apassivadora.

    Sabemos que na voz passiva, se há partícula apassivadora, não há objeto direto.  Repetindo: Se há P.A, não há OD.

    Há o que então?! SUJEITO.

     

    Analisando a frase: O sujeito é: O privilégio.

    Pq não poderia ser a música? Simples, não existe sujeito preposicionado. Repara a crase ai antes da palavra música.

  • A palavra CASO, no sentido utilizado na assertiva E, reflete a noção de hipótese, conjectura, chance, possibilidade.



    *TALVEZ: indica possibilidade, mas não certeza (empr. freq. com o verbo no subjuntivo e, raras as vezes, com o verbo no indicativo); acaso, quiçá, porventura (FONTE: Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa).



    Utilizar TALVEZ antes do verbo é um macete para identificar se ele é do modo presente do subjuntivo.



    DICAS PARA IDENTIFICAR OS MODOS:


     

    MODOS DO INDICATIVO:

    *PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO: palavras terminadas em (VA) e (IA); verbos terminados em (NHA) tinha ou vinha, por exemplo; ERA/ERAM;

    *PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO:  coloque (ONTEM) antes do verbo;

    *PRETÉRITO MAIS QUE PERFEITO DO INDICATIVO: verbos terminados em (RA) e (RE) átonos;

    *FUTURO DO PRESENTE DO INDICATIVO: verbos terminados em (RA) e (RE) tônicos;

    *FUTURO DO PRETÉRITO DO INDICATIVO: verbos terminados em (RIA) e (RIE).

     

     

    MODOS DO SUBJUNTIVO:

    *PRESENTE DO SUBJUNTIVO: coloque (TALVEZ) antes do verbo;

    *PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO: coloque (SE) antes do verbo; verbos terminados em (SSE);

    *PRETÉRITO PERFEITO DO SUBJUNTIVO: coloque (QUANDO) antes do verbo; verbos terminados em (R).

     

     

    MODOS DO IMPERATIVO (não se conjuga a 1ª pessoa do singular):

    *IMPERATIVO AFIRMATIVO: a segunda pessoa do singular e a segunda pessoa do plural são retiradas do presente do indicativo, suprimindo-se o (S) final. As demais pessoas são exatamente as mesmas do presente do subjuntivo;

    *IMPERATIVO NEGATIVO: todas as pessoas são exatamente as mesmas do presente do subjuntivo.

     

     

    "Nossa vitória não será por acidente".

  • Embora se reconheça (V.T.D.I.) à música (O.I.) o privilégio (O.D.)

    Embora seja reconhecido o privilégio à música.. 

  • Para não confundir mais!!!

      

    A

    Emergir => Em cima, que vem primeiro. Significa subir, ir tona

    Imergir => Embaixo, vem depois. Significa afundar, ir para baixo.

    O

    U

  • Na letra B, substituindo "coincide assim com uma harmonia" por "ajusta-se assim à uma harmonia", ficaria incorreto, pois se substituir harmonia por um sinônimo masculino, no caso equílibrio, ficaria "ajusta-se assim a um equilíbro", logo não necessita de crase quando ambos os termos não sofreriam variação no a.

    Bom, não sou muito técnica pra justificar mas é assim que eu entendo. 

  • (A) A forma verbal destacada em Zeus teria designado (1º parágrafo) não pode ser substituída pelo pretérito imperfeito do subjuntivo sem prejuízo da correção gramatical, porque “tivesse designado” causaria um erro de emprego do tempo verbal, já que a referência é futura em relação a um passado remoto mitológico.

     

    (B) A substituição da forma verbal em o governo do mundo coincide assim com uma harmonia precisa imensurável (1º parágrafo) por ajusta-se exige a substituição do elemento sublinhado por a, sem crase, pois não há crase antes de “uma”.

     

    (C) O sentido se altera caso se substitua o seguimento sublinhado em de cuja goela saiu […] o mundo (1º parágrafo) por em cuja goela imergiu, porque “imergir” é afundar, submergir.

     

    (D) A reescrita de embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a alma (3º parágrafo) com o verbo na voz passiva analítica deve conter a forma seja reconhecidO, concordando com “privelégio”.

     

    (E) Ao substituir-se a conjunção em Esta diferença é compreensível se pensarmos (4º parágrafo) por caso, o verbo pensar deve assumir a forma do presente do modo subjuntivo.

    Correto. Se pensarmos vira “caso pensemos”.

     

    PROF. FELIPE LUCCAS

  • Os dois são condicionais(SE e CASO),so não entendi porque tem que ter a mudança verbal,

    Caso nos pensamos... porque está errada?

     

  • Esta diferença é compreensível se pensarmos que uma estátua devia representar uma “ideia"(...)

    Se trocarmos para "pensemos", o "devia" também deveria passar para "devesse" para mantermos a correção do período, não???

    Pensei que essa opção estivesse errada por causa disso.

    Acredito que eu possa ter extrapolado também, pois fui além do que a questão pede.


    Abraço.

  • Reportem abuso nessa propaganda do Luan Pacceli. Enche o saco isso em todas questoes.

  • A) INCORRETA

    A forma verbal destacada em Zeus teria designado (1° parágrafo) pode ser substituída pelo pretérito imperfeito do subjuntivo sem prejuízo da correção gramatical. 

    Caso o verbo "teria" fosse substituído para o pretérito imperfeito do subjuntivo, a frase ficaria da seguinte forma:

    "Segundo a mitologia, Zeus tivesse designado..."

    Ou seja, prejudicaria a correção gramatical.


    B) INCORRETO

    A substituição da forma verbal em o governo do mundo coincide assim com uma harmonia precisa e mensurável (1° parágrafo) por ajusta-se exige a substituição do elemento sublinhado por à. 

    O verbo "ajusta-se" pede a preposição a, porém após o "com" da frase vem um artigo indefinido "uma", assim não há possibilidade de ocorrer crase.


    C)INCORRETO

    O sentido mantém-se inalterado caso se substitua o segmento sublinhado em de cuja goela saiu [...] o mundo (1° parágrafo) por em cuja goela imergiu. 


    "Imergir" significa afundar. 


    D) INCORRETO

    A reescrita de embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a alma (3° parágrafo) com o verbo na voz passiva analítica deve conter a forma seja reconhecida. 


    O verbo reconhecer deve concordar com "privilégio", portanto seria, SEJA RECONHECIDO.


    E) CORRETO

  • A letra D exigiu que nós soubessemos identificar o sujeito em uma oração na voz passiva sintética, já que ela é fundamental para fazer a concordância de modo correta ao transpor para a voz passiva analítica. 

    Temos que lembrar, como já comentado, que em orações na voz passiva não existe Objeto Direto (Objeto Indireto pode existir sem problemas), MAS a presença de um verbo com transitividade direta (VTD ou VTDI) na oração na voz ativa é condição necessária para que seja possível haver a transposição da voz ativa para a voz passiva, já que o Objeto Direto da voz ativa tornar-se-á o Sujeito Paciente da voz passiva.

  • Sobre a alternativa D:


    Pelo simples fato de o verbo reconhecer ser VTI, matamos que não haverá voz passiva. Lembrando: Verbos de Ligação, Intransitivos e Transitivos Indiretos NÃO têm voz passiva!


    Bons estudos!


    Instagram: @el_arabe_trt

  • LETRA E

    SE - VERBO NO FUTURO DO SUBJUNTIVO

    CASO - VERBO NO PRESENTE DO SUBJUNTIVO

  • Emergir - Externo

    Imergir - Interno

  • Deus me ajude com FCC. Prefiro Cespe!

  • A letra D está errada pois deveria ser: Embora seja reconhecido à música o privilégio de exprimir a alma. (é reconhecido que o privilégio de exprimir a alma cabe à música). Não é a música que é reconhecida.

  • Onde está a conjunção da letra E?

  • Eu acredito que a conjunção da letra E, seja o SE, ficando da seguinte forma ... caso pensemos. Se estiver errada me corrijam por favor.

  • O verbo da letra D é VTDI. Quem reconhece, reconhece algo a alguém. Reconhece o privilégio à musica

  • "Caso pensemos". Letra E

  • ALTERNATIVA A – ERRADO – A forma verbal “teria” faz referência a uma ação futura em relação a um passado mitológico remoto. Caso se substitua por “tivesse”, estar-se-ia fazendo referência a uma ação hipotética no passado.

    A construção resultante seria: “Segundo a mitologia, Zeus tivesse designado uma medida apropriada e um justo limite para cada ser: ...”. Nela há carência de elementos coesivos que introduzam a forma verbal de Subjuntivo. Seria necessária uma adaptação de construção do tipo: “Segundo a mitologia, se Zeus tivesse designado uma medida apropriada e um justo limite para cada ser: ...“.

    ALTERNATIVA B – ERRADO – Fazendo a alteração sugerida, a construção resultante seria: ... o governo do mundo ajusta-se assim à uma harmonia precisa e mensurável...

    O emprego do acento indicador de crase é inadequado, haja vista que o substantivo “harmonia” já está determinado por artigo indefinido “uma”. Não faria sentido um artigo definido antecedendo um artigo indefinido.

    ALTERNATIVA C – ERRADO – Preserva-se a correção gramatical. No entanto, o sentido sofre alteração. No trecho original – “de cuja goela saiu”-, o movimento é para fora (de dentro da goela para fora dela). Já no trecho reescrito – “em cuja goela imergiu” -, o movimento é para dentro (de fora da goela para dentro dela). Lembre-se de que “imergir” significa “mergulhar”; “emergir”, “surgir”, “vir à tona”.

    ALTERNATIVA D – ERRADO – A forma verbal “se reconheça” está na voz passiva sintética. O pronome “se” é apassivador, pois está associado a um verbo que solicita objeto direto (quem reconhece reconhece algo/alguém).

    A “missão” da partícula apassivadora é transformar esse objeto direto em sujeito paciente. 

    No caso específico, o objeto direto do verbo “reconhecer” seria “o privilégio de exprimir a alma”. Com a entrada do “se” apassivador, esse termo se converte em sujeito. Portanto, o sujeito da forma verbal “se reconheça” é “o privilégio de exprimir a alma”, com núcleo “privilégio”.

    Logo, a forma sintética “embora se reconheça... o privilégio...” se converte na forma analítica “embora o privilégio... seja reconhecido...”.

    Assim, o item erra por um detalhe: é “reconhecido”, e não “reconhecida”.

    ALTERNATIVA E – CERTO – De fato! Fazendo-se a alteração proposta, ter-se-ia: Esta diferença é compreensível caso pensemos”.

    Resposta: E

  • Eu errei essa questão achando que na letra deveria ocorrer mais mudanças nos tempos verbais na frase para ficar correto.

  • RÁÁÁÁ!!!! Pegadinha do Malandro!!!

  • Eu sei que é importantíssimo sabermos a correlação entre os tempos verbais e como realizar corretamente as conjugações.... mas não consigo entender porque raios devemos saber exatamente todos os tempos e modos perfeitamente! putz

  • odeio essa banca. não farei nenhuma prova da fcc :)