O texto a seguir compõe o primeiro capítulo de um livro que aborda a adolescência e seus conflitos.
Um adolescente um pouco sem rumo, estranhando seu próprio comportamento, paradoxalmente desafiador e arrependido, para você na rua e fala: "Estou só passando por uma fase agora. Todo o mundo passa por fases, não é?" Alguém talvez reconheça sua voz. É Holden, o herói do romance O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger.
Aproveitando-se da situação, atrás e ao lado dele se aglomeram pais e mães de adolescentes. Eles também perguntam: "Então, é assim? Vai passar? É só uma fase?"
Resposta de bolso, caso Holden e os pais o parem na rua: "Não. Não é apenas uma fase. Por isso, nada garante que passe".
Nossos adolescentes amam, estudam, brigam, trabalham. Batalham com seus corpos, que se esticam e se transformam. Lidam com as dificuldades de crescer no quadro complicado da família moderna. Como se diz hoje, eles se procuram e eventualmente se acham. Mas, além disso, eles precisam lutar com a adolescência, que é uma criatura um pouco monstruosa, sustentada pela imaginação de todos, adolescentes e pais. Um mito, inventado no começo do século 20, que vingou, sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial.
A adolescência é o prisma pelo qual os adultos olham os adolescentes e pelo qual os próprios adolescentes se contemplam. Ela é uma das formações culturais mais poderosas de nossa época. [...].
Disponível em: https://wwwl.folha.uol.com.br/folha/ publifolha/351920-contardo-calligaris-explica-a-adolescencia-e-seus-desafios-no-mundo-moderno.shtml. Acesso em: 20 fev. 2019.
Os termos destacados (dele, seus, eles, criatura e ela) retomam, respectivamente, as seguintes palavras referidas no texto: