SóProvas


ID
3077602
Banca
FCC
Órgão
EMAE-SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Batizada Arlette e sublimada como Fernanda, a atriz carioca moldou − e continua moldando − cada personagem vivida no rádio, no teatro, no cinema e na televisão por 75 anos. Leia abaixo um trecho da entrevista de Fernanda Montenegro à Revistae.


Por viver tantos personagens, o ator não se torna um ser diferente?

− Nós somos estranhos. Porque, o que é que nós somos? Esquizofrênicos? Só não estamos num hospício porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. É uma vida dupla. Você tem um espetáculo à noite e faz toda sua vida durante o dia, seja ela qual for, uma vida calma, incontestada, desassossegada, e à noite, você tem que dar conta de outra esfera. Ninguém te obriga a ir [trabalhar]. Nem quando você passa pela perda de um amor. A gente até acha que aquele amor teria gostado se você fosse lá fazer seu espetáculo. Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre e fez o espetáculo da noite. Estou contando um caso extremo, mas isso acontece.


Em casos como esse dá para guardar as emoções?

− A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate na hora. Cada plateia provoca outro estágio no espetáculo. Tem sempre alguma coisa [que muda] porque é tudo muito sutil, embora você faça sempre o “mesmo” gestual. É algo imponderável e inexplicável. Porque é o seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia. Ali tem que haver uma comunhão. Porque às vezes um ator está de um lado do palco, outro ator está do outro lado, eles se olham e dizem: “Hoje não vai sair como a gente quer”. É uma energia cósmica. Mas nunca é exatamente a mesma coisa. Não é. Tanto que às vezes uma pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona, mas um amigo vai ver e não gosta, não entrosou, não comungou, entendeu? Não deveria haver uma luta para conquistar a plateia, mas provocar fascínio e buscar uma comunhão.


O que significa esse ofício de atriz?

– É como se fosse um ato religioso: você entra no teatro e espera começar. Já estão todos sentados? Já está na hora? Aí, faz-se alguma coisa: toca-se uma campainha, uma luz muda, os atores entram mesmo com a luz... Ou seja, tem um início. Aí você fica diante de um ser humano. É como uma missa. O que é o padre? Um ator. Ele está ali paramentado, num cerimonial religioso. Se é Páscoa, é uma cor, se é Semana Santa ou Natal, são outras cores. Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval, e as pessoas ficam ali. Acho que, no fundo, tudo na vida é um teatro. Já falava o Velho Bardo [William Shakespeare]: para cada pessoa, você se apresenta, mesmo que um pouquinho, de maneira diferente. Às vezes até a cada hora do dia, até para você mesmo. Quem é a gente?

                                                  (Adaptado de: Revistae, São Paulo, Sesc, jul. 2018.) 

As frases abaixo referem-se à pontuação do texto.


I.   Em a atriz carioca moldou − e continua moldando − cada personagem vivida no rádio (1°parágrafo), podem-se suprimir os travessões sem prejuízo para a correção, ainda que o segmento isolado por eles passe a ter menos realce na frase.

II.  Em Porque é o seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia. (3° parágrafo), pode-se substituir a vírgula imediatamente após “seguinte” por dois-pontos, sem prejuízo para a correção e o sentido.

III. Em Ali tem que haver uma comunhão. Porque às vezes um ator está de um lado do palco (3° parágrafo), com as devidas alterações, pode-se substituir corretamente o ponto final por vírgula.


Está correto o que consta de

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    I. Em a atriz carioca moldou e continua moldando cada personagem vivida no rádio (1°parágrafo), podem-se suprimir os travessões sem prejuízo para a correção, ainda que o segmento isolado por eles passe a ter menos realce na frase. → os travessões podem ser suprimidos sem qualquer erro, traria apenas um menor realce ao trecho, mas podem ser suprimidos.

    II. Em Porque é o seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia. (3° parágrafo), pode-se substituir a vírgula imediatamente após “seguinte” por dois-pontos, sem prejuízo para a correção e o sentido. → correto, temos uma enumeração de itens, os dois pontos fazem esse papel perfeitamente.

    III. Em Ali tem que haver uma comunhão. Porque às vezes um ator está de um lado do palco (3° parágrafo), com as devidas alterações, pode-se substituir corretamente o ponto final por vírgula. → correto, temos uma oração subordinativa causal marcada pela conjunção "porque", equivale a "já que", a vírgula separa, também, corretamente essa oração, apenas seria colocado a letra minúscula.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Essa l aí não concordo não kkkkkk

  • FCC SE A SENHORA NÃO SABE, VOU LHE DIZER: TRAVESSÃO É PARA DAR ENFASE. QUE ÓDIO !

    FCC SE A SENHORA NÃO SABE, VOU LHE DIZER: TRAVESSÃO É PARA DAR ENFASE. QUE ÓDIO !

    FCC SE A SENHORA NÃO SABE, VOU LHE DIZER: TRAVESSÃO É PARA DAR ENFASE. QUE ÓDIO !

  • Pessoal, uma dúvida.

    Na Primeira frase, ao se retirar os travessões, eu não deveria colocar as vírgulas para manter a estrutura da frase??

    Pois no meu ponto de vista, a informação "e continua moldando" é uma informação extra, então deveria estar separada da frase original. Ou eu estou equivocado?

  • A segunda eu li rapido e só lembrei isto: não se deve ' fechar' com virgula o que se 'abre'com dois pontos. Mas só depois que errei, percebi que tinha uma enumeração, conforme Arthur explicou. Fiquem ligado, ler rapido é esparro.

  • Na I, a supressão de travessões não traria prejuízos para a correção nem precisaria de vírgulas porque já tem o "e" unindo as orações e, principalmente, porque é proibido utilizar a vírgula para unir orações que tenham o mesmo sujeito.

    A atriz é sujeito de moldou, e a atriz também é sujeito de continua.