SóProvas


ID
3104104
Banca
FCC
Órgão
SANASA Campinas
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

      Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

      Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela, como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada, amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

      A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo de malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de som e sem inflação.

      Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

*batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143) 

Na frase A miséria não substituíra a pobreza (4° parágrafo), a forma verbal destacada equivale a

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    ? O verbo empregado no pretérito mais-que-perfeito do indicativo (Terminação "-RA"). Pode ser substituído pelo TER/HAVER (conjugado no pretérito imperfeito do indicativo- "Tinha"/"havia") + Verbo principal no particípio.

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • A forma verbal está no pretérito mais-que-perfeito. Existe a forma composta e a forma simples.

    Na forma composta temos: ter/haver+particípio (tinha substituído,havíamos pensado...)

    E temos a forma simples (substituíra, pensávamos...)

    Podemos trocar uma pela outra sem problema algum, ou seja: substituíra(forma simples) ---> troca por tinha substituído (Forma composta).

    Fonte: Fernando Pestana. A Gramática para Concursos Públicos. 4ed, pág. 347.

    COMENTÁRIO DA GEISA SOARES.

  • Essa questão requer conhecimento sobre flexão verbal: formação dos tempos simples e compostos do modo indicativo.

    A forma verbal simples “substituíra" está flexionada no pretérito mais-que-perfeito do modo indicativo. O pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo se dá pela seguinte forma:

    verbo auxiliar flexionado no pretérito imperfeito do indicativo + verbo principal flexionado no particípio.


    Alternativa (A) incorreta – “Substituiu-se" – essa forma verbal traz ideia de reflexividade por conta do pronome reflexivo “se"; nesse caso, destoaria do sentido original, cujo verbo faz parte de uma voz ativa.


    Alternativa (B) incorreta – “Fora substituída" – o verbo auxiliar “fora" está flexionado no pretérito mais-que-perfeito. No pretérito mais-que-perfeito composto, o verbo auxiliar é flexionado no pretérito imperfeito.


    Alternativa (C) incorreta – “Substituía" – forma verbal flexionada no pretérito imperfeito do indicativo. Esse tempo verbal do modo indicativo pode substituir o futuro do pretérito ou o presente do modo indicativo, como forma de polidez ou delicadeza, entretanto, não substitui o pretérito mais-que-perfeito.

    Alternativa (D) correta - A forma verbal “substituíra" equivale a “tinha substituído", tendo em vista que o verbo auxiliar “tinha" está flexionado no pretérito imperfeito do indicativo, e o verbo principal “substituído", no particípio.

    Lembrando que os verbos auxiliares os quais formam o tempo composto são: ter, haver e ser (este raramente empregado).

    Alternativa (E) incorreta – “Teria substituído" – o verbo auxiliar “teria" está flexionado no futuro do pretérito do indicativo. Esse tempo verbal equivale ao futuro do pretérito simples, não ao pretérito mais-que-perfeito.

    Gabarito da professora: Alternativa D.

  • SUBSTITUÍRA - PRETÉRITO MAIS QUE PERFEITO

    TINHA SUBSTITUÍDO - PRETÉRITO MAIS QUE PERFEITO COMPOSTO

    SUBSTITUÍ - PRETÉRITO PERFEITO

    TENHO SUBSTITUÍDO - PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO