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ID
3245920
Banca
FEPESE
Órgão
SJC-SC
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 3


Projeto leva leitura a presos em Santa Catarina


Santa Catarina tem 5,5 mil presos participando do Projeto Despertar Pela Leitura desenvolvido no sistema prisional do Estado. Viabilizado por meio de uma parceria entre a Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa (SAP) e a Secretaria da Educação (SED), o programa estimula a reinserção social do interno por meio da literatura, podendo resultar em quatro dias de remição de pena por livro lido.

Para integrar o projeto e obter o benefício, não basta apenas ler o livro. Depois de participar de uma prova de nivelamento, os internos selecionados recebem as orientações e um livro, que deverá ser lido na cela em até 30 dias. Passado o período, retornam à sala de aula para escrever uma resenha. O texto é avaliado pela comissão de ensino da unidade prisional e lhe é atribuída uma nota, sendo que a média de aprovação é 6,0 (seis). Se o reeducando for aprovado, o documento é encaminhado para o juiz da Vara de Execuções Penais, que concede ou não a remição de quatro dias de pena. Se não conseguir alcançar a média, tem mais uma chance para escrever nova resenha. Caso ainda não obtenha a pontuação mínima, o detento precisa começar a leitura de um novo livro. Cada interno pode ler até 12 livros por ano o que garante remição de 48 dias de pena.

Os livros que fazem parte do projeto são selecionados e devem seguir critérios como contribuir para a formação intelectual do interno e não estimular a violência. De acordo com a professora que atua no projeto, os textos produzidos pelos detentos revelam uma reflexão acerca dos atos que cometeram e que os levaram a estar atrás das grades. Além promover a autoanálise, o projeto tem se mostrado bastante eficiente na melhoria da produção textual, tanto que 160 internos estão cursando o ensino superior.

A Gerente de Desenvolvimento Educacional do Departamento de Administração Prisional (Deap) assinala que, no início, o objetivo do interno é apenas a remição da pena. “Mas a partir do momento em que ele começa a ter contato com a literatura, em muitos casos, é possível notar uma mudança no seu comportamento para melhor”, comenta. Segundo ela, “nosso objetivo, enquanto estado, é devolver essa pessoa privada de liberdade para a sociedade, para sua família, para sua comunidade, com uma perspectiva de vida melhor do que quando entrou no sistema”.

Para o titular da SAP, a educação constitui-se também em uma estratégia de segurança prisional. “Na medida em que podemos oferecer trabalho e ensino para o interno, ele começa a ter uma nova perspectiva de vida, se aproxima dos familiares e tem a possibilidade de recuperar os laços sociais.”

IENSEN, Jacqueline. Disponível em: http://www.sed.sc.gov.br/secretaria/imprensa/ noticias/30389-projeto-leva-leitura-a-5-5-mil-presos-em-santa-catarina Acesso em: 18 out 2019. [Adaptado]

Texto 2


Investir em educação ‘fecha’ prisões

Entrevista da BBC News Brasil com Clara Grisot.


Clara Grisot, formada em ciências políticas e sociologia, é cofundadora da associação francesa Prison Insider, que coleta informações sobre as condições das prisões no mundo.

BBC News Brasil Pesquisas no Brasil indicam que a maioria concorda com a afirmação de que “bandido bom é bandido morto”. Qual seria a reação em outros países desenvolvidos?

Grisot – Esse tipo de discurso não é algo específico do Brasil. É uma visão comum no mundo. Vemos que a sociedade tem uma real falta de empatia em relação [……] pessoas encarceradas. O tratamento dado aos presidiários não interessa [……] quase ninguém, mas constatamos que isso é ainda mais forte nos países com grandes desigualdades sociais.

BBC News Brasil De que forma a violência no Brasil, que afeta a população diariamente, influencia o olhar dos brasileiros sobre a situação nos presídios?

Grisot – O que acontece dentro das prisões em países com muita violência é a exacerbação do que acontece nas ruas. Isso explica [……] violência que surge regularmente no sistema carcerário brasileiro e, certamente, o olhar dos brasileiros sobre a situação do sistema prisional do país. Já é tão violento fora (nas ruas) que o que acontece dentro das prisões é praticamente algo que não lhes diz respeito.

BBC News BrasilNo Brasil e em outros países, prevalece a visão de que penas mais severas reduziriam os riscos da pessoa cometer um crime. Você concorda com isso?

Grisot – Com base nas informações que pudemos obter em todos os países do mundo, percebemos que a prisão não funciona. Quanto mais as penas forem longas e os prisioneiros forem tratados como um nada, menos preparamos seu retorno [……] sociedade. A prisão destrói. Estudos mostram que quanto menos a pessoa ficar presa, menos ela ficará dessocializada e menores serão as chances de reincidência. Se ela não voltar [……] praticar um delito, não haverá novas vítimas. Todo esse discurso de repressão produz efeitos contrários ao desejado. É paradoxal. Se as pessoas realmente estivessem ao lado das vítimas, elas seriam favoráveis a penas alternativas.

BBC News BrasilMuitos no Brasil acham que um país sem recursos suficientes para a educação não deveria investir em presídios. Qual é a sua avaliação?

Grisot – A corrida para o aprisionamento e a construção de prisões têm um custo extremamente alto tanto economicamente quanto socialmente. O Brasil dá continuidade a uma política repressiva que fracassou, sobretudo nos Estados Unidos, onde certos Estados gastam mais com prisões do que com universidades. Isso tem efeitos devastadores, com consequências sobre comunidades e gerações inteiras. Alguns têm recuado em razão dos estragos constatados. A educação é uma das primeiras muralhas contra a pobreza. São os pobres que são presos em massa e isso em todos os lugares. Construir presídios em detrimento da educação é uma escolha infeliz porque apostar na educação significa fechar prisões.

BBC News BrasilNo Brasil, difundiu-se a ideia de que os direitos humanos são os “direitos dos manos”, dos bandidos. O que explica isso?

Grisot – Isso faz parte de uma retórica clássica que chamamos de populismo penal que quer dividir os direitos humanos. Nós dizemos que os direitos humanos são indivisíveis e não podem ser negociados. Todos devem ser tratados com dignidade. Seria um grande retrocesso pensar o contrário.

FERNANDES, Daniela. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48445684 Acesso em 18 out.2019. [Adaptado]


Considere os trechos retirados dos textos 2 e 3.

1. Se as pessoas realmente estivessem ao lado das vítimas, elas seriam favoráveis a penas alternativas. (texto 2)

2. Viabilizado por meio de uma parceria entre a Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa (SAP) e a Secretaria da Educação (SED), o programa estimula a reinserção social do interno por meio da literatura […]. (texto 3)

3. Além de promover a autoanálise, o projeto tem se mostrado bastante eficiente na melhoria da produção textual. (texto 3)


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • B

  • Gab: B

    O pretérito imperfeito do subjuntivo (sse) se usa com o futuro do pretérito do modo indicativo (ria)

    ex: se eu tivesse dinheiro faria uma plástica.

    O futuro do subjuntivo se usa com o futuro do indicativo (rei)

    ex: quando ou for rica, farei uma plástica.

  • a) Em 1, o pronome pessoal “elas” faz referência a “vítimas”.

    Se as pessoas realmente estivessem ao lado das vítimas, elas seriam favoráveis a penas alternativas. (texto 2)

    *Faz referência a pessoas.

    b) Em 1, as formas verbais podem ser substituídas, respectivamente, por “estiverem” e “serão”, mantendo-se a correlação modo-temporal.

    Se as pessoas realmente estivessem ao lado das vítimas, elas seriam favoráveis a penas alternativas. (texto 2)

    *Se as pessoas realmente estiverem ao lado das vítimas, elas serão favoráveis a penas alternativas.

    C) Em 2, o termo sublinhado indica que a oração está na voz passiva.

     Viabilizado por meio de uma parceria entre a Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa (SAP) e a Secretaria da Educação (SED), o programa estimula a reinserção social do interno por meio da literatura […]. (texto 3)

    *Voz ativa

    d) Em 3, a sequência sublinhada pode ser substituída por “mostrou-se”, sem prejuízo do significado temporal.

    Além de promover a autoanálise, o projeto tem se mostrado bastante eficiente na melhoria da produção textual. (texto 3)

    *Se substituir por mostrou-se a frase mudaria o sentido, como se fosse um projeto que começou e acabou, já em tem se mostrado o projeto continua em andamento.

    e) Em 3, se “projeto” estivesse no plural, a construção, de acordo com a norma culta da língua escrita, seria: “os projetos tem se mostrado bastantes eficientes na melhoria das produções textuais”.

    Bastante, na frase, está funcionando como advérbio de intensidade, então ele não flexiona, tem que continuar como bastante, sem o s.

  • e) Em 3, se “projeto” estivesse no plural, a construção, de acordo com a norma culta da língua escrita, seria: “os projetos tem se mostrado bastantes eficientes na melhoria das produções textuais”.

     

    “os projetos têm-se mostrado bastante eficientes na melhoria das produções textuais”.

     

    Gabarito, letra B.

     

  • "Em 3, a sequência sublinhada pode ser substituída por “mostrou-se”, sem prejuízo do significado temporal."

    Mostrou-se = pretérito perfeito

    Tem se mostrado = Pretérito perfeito composto = verbo ter ou haver no presente do indicativo + verbo no particípio

    Vai entender!

  • Assertiva B

    Em 1, as formas verbais podem ser substituídas, respectivamente, por “estiverem” e “serão”, mantendo-se a correlação modo-temporal.

  • A questão discorre do assunto de correlação verbal, concordância nominal e verbal, termos referências e voz verbal. Queremos uma análise correta das frases acima.

    a) Incorreta.

    O pronome "elas" faz referência às pessoas. Reparem que a conjunção "se" impõe uma ideia de condição às pessoas e, logo após, usa o pronome para retomá-las.

    Se as pessoas realmente estivessem ao lado das vítimas, elas seriam favoráveis a penas alternativas

    b) Correta.

    No caso do primeiro verbo, seria trocado apenas o seu tempo, o que não acarreta mudança gramatical, pois a oração é condicional e precisa de um verbo no subjuntivo e o que verdadeiramente aconteceu. Sairia um verbo do passado do subjuntivo (estiverem) e entraria um futuro do subjuntivo ( estiverem). Esses verbos precisam de um outro no futuro do indicativo para manter a relação de condicionalidade, o que de fato aconteceu, pois saiu um verbo do futuro do pretérito ( seriam) e entrou um no futuro do presente ( serão).

    futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo

    c) Incorreta.

    O examinador quis induzir ao erro colocando um adjunto adverbial preposicionado para confundirmos com um agente da passiva.

    "....o programa estimula a reinserção social do interno por meio da literatura..."

    d)   Incorreta.

    Não se utiliza ênclise diante de verbo no particípio, por isso, não poderia mudar a posição do pronome.

    "... tem se mostrado ..."

    e) Incorreta.

    O verbo TER na terceira pessoa do plural deve se acrescentar o acento circunflexo. O segundo erro, é que a palavra "bastante "na forma que está empregada é um advérbio e não varia para o plural.

    Forma correta: os projetos têm se mostrado bastante eficientes na melhoria das produções textuais”.

    GABARITO: B