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ID
3380440
Banca
FEPESE
Órgão
CELESC
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Como as faces de Janus


Vivemos no mundo das redes, dos computadores portáteis, da telefonia móvel, na era da informação ubíqua, da notícia instantânea, global, planetária, que percorre – num átimo– as veias e artérias de fibra óptica do planeta. Nesse contexto, a cibercultura tem um papel ambiguamente universal: ela potencializa aquilo que somos, sem fazer exceções acerca de valores morais, políticos e ideológicos. Ela, como as demais projeções de nossa própria cognição, enfim, de nossa consciência e inteligência além de nossos próprios corpos biológicos, exprime com precisão aquilo que realmente somos. Na internet, por exemplo, encontra- -se absolutamente tudo, em termos de conteúdos. O que vai diferenciar a experiência é justamente o usuário e sua cognição particular, que se estende além dele através dessas redes informacionais. Num só termo, trata-se de extensões de nossa própria mente plasmadas nos objetos técnicos que concebemos e usamos. Se mergulho no ciberespaço para pesquisar algo importante, que diz respeito à minha pesquisa da crítica da tecnologia, e já tenho em mente o que procuro, minha experiência será uma, e dirá respeito a uma intenção que já trago comigo e que estendo aos tais objetos, mas se só intuo a minha busca, se saio a navegar de link em link, minha experiência será completamente diferente, e poderei chegar a lugares inimaginados, ou, também, a lugar algum, dependendo do que sejam as minhas próprias expectativas.

O que queremos dizer é que não há nada nas tecnologias que não seja absolutamente humano. Todos os conteúdos foram programados, postados e produzidos por seres humanos, e é por isso que a cibercultura e o ciberespaço servem também a terroristas fundamentalistas, pois são como espelhos límpidos da nossa própria face no mundo, de nossas ações e intenções, sejam elas pacifistas, terroristas, ecologistas, capitalistas e assim por diante. Como as duas faces de Janus, a cibercultura e o ciberespaço trazem para nós que os utilizamos potencializações e reciprocidades daquilo que de fato já somos, e se por um lado podem ser usados como ferramentas educacionais, pedagógicas, humanitárias, por exemplo, de pesquisa escolar, acadêmica e científica, objetivando uma sociedade melhor, mais esclarecida e igualitária, por outro podem, também, dar suporte a fins e intenções totalmente diversos, como ensinar a fazer bombas, espalhar pelo mundo ideologias extremistas e fundamentalistas infames, coordenar ataques terroristas aqui ou alhures e assim por diante. É como se Janus não tivesse apenas duas, mas sim infindáveis faces e expressões, assim como a humanidade tem, ou seja, não foi a internet que começou e provocou o terrorismo, mas sim o contrário: há terrorismo, intolerância e desumanidade no mundo, nas culturas, nas mentes e corações humanos, por isso também se refletem nesse grande espelho que a internet de fato é.

Nota: Janus é um deus romano cuja imagem está associada a mudanças e transições. No texto, a referência a Janus indica ambiguidade.

QUARESMA, A. Ruptura e tragédia social. Sociologia. ed. 72. 2017. p. 52; 55-57.[Adaptado]

Considere o trecho abaixo:


É como se Janus não tivesse apenas duas, mas sim infindáveis faces e expressões, assim como a humanidade tem, ou seja, não foi a internet que começou e provocou o terrorismo, mas sim o contrário: terrorismo, intolerância e desumanidade no mundo, nas culturas, nas mentes e corações humanos, por isso também se refletem nesse grande espelho que a internet de fato é. (2° parágrafo)


Assinale a alternativa correta em relação ao trecho.

Alternativas
Comentários
  • Resposta: alternativa B

    A expressão E SIM, quando equivale a MAS deve vir precedida de vírgula.

    Exemplo: João não quer consolo, E SIM ajuda.

  • GABARITO: LETRA B

    ? É como se Janus não tivesse apenas duas, mas sim infindáveis faces e expressões, assim como a humanidade tem, ou seja, não foi a internet que começou e provocou o terrorismo, mas sim o contrário: há terrorismo, intolerância e desumanidade no mundo, nas culturas, nas mentes e corações humanos, por isso também se refletem nesse grande espelho que a internet de fato é. (2° parágrafo)

    ? Temos uma expressão que traz um valor adversativo, contraditório, pode ser substituída perfeitamente pela expressão "e sim".

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Assertiva b

    A expressão “mas sim”, nas duas ocorrências, pode ser substituída por “e sim” sem prejuízo na relação semântica de adversidade.

  • Se não estou enganado, na letra E o primeiro "se" é partícula de realce.

  • Qual a função do "se" no início da frase? Ele é componente do subjuntivo do verbo ter. Certo?

  • A - Item errado. Com valor existencial, apenas na última ocorrência (há).

    B - Item certo.

    C - Item errado. A expressão “ou seja” explica a mesma ideia com outras palavras.

    D - Item errado. Pretérito imperfeito do subjuntivo (tivesse), presente do indicativo ( tem, há, refletem-se e é) e pretérito perfeito ( começou e provocou)

    E - Item errado. A partícula “se” , na primeira ocorrência, funciona como conjunção subordinativa condicional. 

    Gabarito, letra B.

  • "É como se Janus não tivesse apenas duas"

    Alguns colegas acham que o "se" seja uma partícula de realce ou uma conjunção condicional. Discordo! Acredito que trata-se de uma Conjunção integrante por poder ser substituída por "isso": É como isso.

    Tem um exemplo nesse site:

    https://www.normaculta.com.br/conjuncao-integrante/#:~:text=Conjun%C3%A7%C3%B5es%20integrantes%20s%C3%A3o%20conjun%C3%A7%C3%B5es%20subordinativas,Conjun%C3%A7%C3%B5es%20integrantes%3A%20que%2C%20se.