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ID
3424588
Banca
CONSULPAM
Órgão
Prefeitura de Viana - ES
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O Escriba


         Conhecida também pelo pernóstico apelido de Sorbonne, a Escola Superior de Guerra era produto de um sincero interesse da cúpula militar pelo aprimoramento intelectual dos oficiais superiores, mas também de um desejo dos ministros de manter longe dos comandos de tropa e de posições importantes no Estado-Maior os oficiais de muita capacidade e pouca confiança. Enquanto se puniam com transferências para circunscrições de recrutamento os coronéis chucros ou extremados, a oposição militar bem-educada ganhava escrivaninhas na ESG, cuja primeira virtude era a localização: no Rio de Janeiro, debruçada sobre a praia da Urca. Em 1953, somando-se os estagiários ao seu quadro de pessoal, a ESG dava o que fazer a doze generais, três almirantes, dois brigadeiros, 33 coronéis e onze capitães-de-mar-e-guerra, efetivo equivalente a mais que o dobro dos coronéis e generais que foram para a guerra.
         Desde 1950 a escola juntava por volta de setenta civis e militares num curso de um ano, verdadeira maratona de palestras e estudos em torno dos problemas nacionais. Essa convivência de oficiais, burocratas e parlamentares era experiência inédita, mas seria exagero dizer que nos seus primeiros dez anos de vida a ESG aglutinou uma amostra da elite nacional. O número de estagiários sem ligação funcional com o Estado dificilmente alcançava um terço das turmas. A seleção dos 483 militares que fizeram qualquer tipo de curso na ESG entre 1950 e 1959 deu-se sem dúvida no estrato superior da oficialidade. Dois chegaram à Presidência da República (Geisel e Castello Branco), 23 ao ministério, e, deles, seis chefiaram o Exército. Com os 335 civis que passaram pela escola no mesmo período, o resultado foi outro. Só quatro chegaram ao ministério. Um deles, Tancredo Neves, pode ser computado como se tivesse chegado à Presidência.
           A escola funcionava num clima grandiloquente e autocongratulatório. Suas primeiras turmas incluíam oficiais sinceramente convencidos de que participavam de um mutirão intelectual que repensava o Brasil. Havia neles um verdadeiro sentido de missão. “Nenhum de nós sabia nada e queríamos que alguém nos desse ideias”, contaria mais tarde o general Antônio Carlos Muricy. Ainda assim, a ESG não produziria uma só ideia ao mesmo tempo certa e nova. Seus fundadores empilharam conceitos redundantes, como Planejamento da Segurança Nacional, e impenetráveis, como o Conceito Estratégico Nacional, atrás dos quais se escondia uma metafísica do poder estranha à ordem e às instituições democráticas, aos sistemas partidários e aos mecanismos eleitorais. Carlos Lacerda chamava-a de “escola do blá-blá-blá”. Com o tempo edificou-se a mitologia de que a Sorbonne foi laboratório de aperfeiçoamento da elite nacional e sacrário ideológico do regime de 1964. Parte da cúpula militar que a criou, no entanto, haveria de tomá-la como mau exemplo tanto pela fauna como pela flora. “Cuidado com os picaretas. Veja a ESG”, advertiu Geisel a um amigo. As famosas apostilas de capa cinza eram documentos irrelevantes para o general: “Podem ir para o lixo, pois as turmas e os grupos são muito díspares”.
        Fundada na premissa de que o subdesenvolvimento brasileiro era produto da falta de articulação e competência de sua elite, a ESG se propunha a sistematizar o debate dos problemas do país. Oferecia-se também como centro de estudos para uma crise universal muito mais ameaçadora e urgente. Em maio de 1949 a escola ainda não estava legalmente organizada, mas seu comandante, o general Oswaldo Cordeiro de Farias, advertia: “Precisamos preparar-nos para a eventualidade da terceira guerra mundial, o que é uma consequência do panorama internacional, uma política de autodefesa, um imperativo de nossa soberania e do nosso espírito de sobrevivência. Viver despreocupado problema, num mundo que não se entende, é ter mentalidade suicida”.
          Esse mundo vivia sob a influência de duas expressões: Cortina de Ferro e Guerra Fria.
        A primeira fora mais uma expressão genial do ex-primeiro-ministro inglês Winston Churchill. Em março de 1946, discursando na pequena cidade de Fulton, nos Estados Unidos, ele denunciou: “De Stettin, no Báltico, a Trieste no Adriático, uma cortina de ferro caiu sobre o Continente. Atrás dessa linha, todas as capitais dos velhos Estados da Europa Central, Varsóvia, Berlim, Praga, Viena, Budapest, Belgrado, Bucarest e Sofia, todas essas famosas cidades, bem como as populações que as circundam, estão submetidas não só à influência soviética, mas a um grande e crescente controle por Moscou”.
         A segunda fora produto da memória do jornalista americano Walter Lippmann. Ao dar título a uma coletânea de artigos dos últimos meses de 1947, ele recorreu à expressão francesa usada em 39 para designar a política de intimidação de Hitler na Europa, “la guerre froide”.


(GASPARI, E. A ditadura derrotada. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 121-124). 

O item inteiramente CORRETO quanto à grafia vigente das palavras é:

Alternativas
Comentários
  • A questão pede o item correto quanto à grafia.

    Letra A incorreta pois logo no início ela traz uma palavra no singular em seguida com o verbo no plural : O CCAD têm. O correto seria : O CCAD tem ....

    Letra B incorreta pois traz a palavra PESPECTIVAS . O correto seria PERSPECTIVAS.

    Letra D incorreta pois traz a palavra industrial com acento agudo e a palavra não possui.

    GABARITO LETRA C

  • GABARITO: LETRA C

    A) O CCAD têm como objetivo preparar a comunidade de aquisição de defesa do Brasil e uma de suas primeiras iniciativas foi a realização do 1º Seminário de Gestão de Aquisição de Defesa (SEGAD), em novembro de 2018 ? O correto é "tem" (=singular).

    B) Com o tema ?Pespectivas e Novos Desafios para a Gestão da Aquisição de Defesa no Brasil? e painéis ministrados por personalidades internacionais e brasileiras, o seminário abordou temas diretamente ligados aos procedimentos de aquisição das Forças Armadas ? o correto é "perspectivas".

    C) O evento contou com a participação dos principais gestores da comunidade de aquisição em defesa do Brasil envolvidos direta ou indiretamente na gestão de processos de obtenção de sistemas de armas por aquisições diretas (compras) ou por intermédio de projetos sustentáveis de pesquisa, de desenvolvimento tecnológico e de capacitação industrial.

    D) O objetivo do SEGAD foi mapear caminhos para o crescimento, sustentabilidade e proteção da base científica, tecnológica e indústrial voltada para a Defesa (BCTID), e valorizar o papel central da comunidade na inovação dos processos de gestão ? o correto é "industrial".

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Tem que ter olhos de águia!

  • Não dá para enxergar esse Pespectivas na hora da prova não! kkkkkkk

  • Eu acertei ! Mas não tinha visto nenhum desses erros! kkkk

    #segueofluxo

  • Jogo de caça erros.

  • Tem que ler com bastante calma e atenção pra conseguir ver os erros e acertar a questão!

  • prova pra juiz?

  • a) O CCAD têm como objetivo preparar a comunidade de aquisição de defesa do Brasil e uma de suas primeiras iniciativas foi a realização do 1º Seminário de Gestão de Aquisição de Defesa (SEGAD), em novembro de 2018.

    TEM --> singular

    TÊM --> plural

    b) Com o tema “Pespectivas e Novos Desafios para a Gestão da Aquisição de Defesa no Brasil” e painéis ministrados por personalidades internacionais e brasileiras, o seminário abordou temas diretamente ligados aos procedimentos de aquisição das Forças Armadas.

    Perspectiva. Não consegui enxergar esse erro ortográfico.

    c) O evento contou com a participação dos principais gestores da comunidade de aquisição em defesa do Brasil envolvidos direta ou indiretamente na gestão de processos de obtenção de sistemas de armas por aquisições diretas (compras) ou por intermédio de projetos sustentáveis de pesquisa, de desenvolvimento tecnológico e de capacitação industrial. GABARITO

    d) O objetivo do SEGAD foi mapear caminhos para o crescimento, sustentabilidade e proteção da base científica, tecnológica e indústrial voltada para a Defesa (BCTID), e valorizar o papel central da comunidade na inovação dos processos de gestão.

    Indústria --> palavra paroxítona terminada em ditongo crescente, logo a acentuação se justifica.

    Industrial --> palavra oxítona terminada em L não é acentuada.

  • questão muito boa! tem que prestar bastante atenção nos itens !

  • A ortografia trata da escorreita grafia das palavras, isto é, consoante aos padrões normativos do idioma. Inspecionemos as alternativas:

    a) O CCAD têm como objetivo preparar a comunidade de aquisição de defesa do Brasil e uma de suas primeiras iniciativas foi a realização do 1º Seminário de Gestão de Aquisição de Defesa (SEGAD), em novembro de 2018.

    Incorreto. É inoportuna a presença do acento diferencial na forma verbal "tem", visto o sujeito ser termo no singular;

    b) Com o tema “Pespectivas e Novos Desafios para a Gestão da Aquisição de Defesa no Brasil” e painéis ministrados por personalidades internacionais e brasileiras, o seminário abordou temas diretamente ligados aos procedimentos de aquisição das Forças Armadas.

    Incorreto. Grafou-se inadvertidamente "pespectivas" no lugar de "perspectivas";

    c) O evento contou com a participação dos principais gestores da comunidade de aquisição em defesa do Brasil envolvidos direta ou indiretamente na gestão de processos de obtenção de sistemas de armas por aquisições diretas (compras) ou por intermédio de projetos sustentáveis de pesquisa, de desenvolvimento tecnológico e de capacitação industrial.

    Correto. Não houve lesão à ortografia;

    d) O objetivo do SEGAD foi mapear caminhos para o crescimento, sustentabilidade e proteção da base científica, tecnológica e indústrial voltada para a Defesa (BCTID), e valorizar o papel central da comunidade na inovação dos processos de gestão.

    Incorreto. Grafou-se inadvertidamente "indústrial" no lugar de "industrial". Não recebe acento essa oxítona.

    Letra C

  • Só consegui encontrar o erro na letra a, b e d passaram totalmente despercebidas. Realmente questões de português bem difíceis, necessário muita atenção.

  • Acho que tô cansada... não consegui ver os erros das letras b e d. :/

  • Sinceramente, marquei a C sem encontrar o erro da D. Mas deu certo!

  • Questão chata p/ caramba, mas tem de ter atenção.

  • Questão capciosa, essa banca adora questões assim, tem que olhar palavra por palavra....