Dejours (2015) agrupa os diferentes componentes da ansiedade em três partes. Em primeiro lugar, a "Ansiedade relativa à degradação do funcionamento mental e do equilíbrio psicoafetivo": a desestruturação das relações com os colegas de trabalho, pela existência de situações de discriminação e agressividade com os superiores, pode levar o trabalhador à perda do equilíbrio mental; a consciência desse risco pode fazer com que as relações sociais (principalmente no ambiente doméstico) sejam contaminadas ou com que o trabalhador faça uso de bebidas alcoólicas e psicotrópicos com o objetivo de diminuir a pressão que sofre internamente. Além disso, a própria insatisfação com a ausência de autonomia para atuar na organização do trabalho leva à ansiedade pela paralisação da atividade criativa. Já a "Ansiedade relativa à degradação do organismo" é relacionada aos riscos físicos que o trabalhador percebe nas condições que lhe são oferecidas para a execução de seu trabalho, tais como riscos de acidentes de trabalho e doenças profissionais. De acordo com o autor "a ansiedade é a sequela psíquica do risco que a nocividade das condições de trabalho impõe ao corpo" (DEJOURS, 2015). Por fim, apesar do sofrimento relacionado à forma como o trabalho se organiza e dos riscos que a execução do trabalho impõe ao sujeito, a "Ansiedade gerada pela 'disciplina da fome'" o mantém submetido a tais fatores de desequilíbrio mental devido à necessidade do trabalho para a manutenção de suas condições de sobrevivência, o que o autor chama de "disciplina da fome".
DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2015.
GABARITO: C