SóProvas


ID
4139086
Banca
Prefeitura de Campinas - SP
Órgão
Prefeitura de Campinas - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. 

Criadores e legados 

      Dando alguns como aceitável que a nossa vida possa ser considerada um absurdo, já que ela existe para culminar na morte, parece-lhes ainda mais absurda quando se considera o caso dos grandes criadores, dos artistas, dos pensadores. Eles empregam tanta energia e tempo para reconhecer, formular e articular linguagens e ideias, tanto esforço para criar ou desafiar teorias e correntes do pensamento, é-lhes sempre tão custoso edificar qualquer coisa a partir da solidez de uma base e com vistas a alguma projeção no espaço e no tempo – que a morte parece surgir como o mais injusto e absurdo desmoronamento para quem justamente mais se aplicou na engenharia de toda uma vida. 
       Por outro lado, pode-se ponderar melhor: se o legado é grande, e não morre tão cedo, a desaparição de quem o construiu em nada reduz a atualização de sentido do que foi deixado. O criador não testemunhará o desfrute, mas quem recolher seu legado reconhecerá nele a força de um sujeito, de uma autoria confortadora para quantos que se beneficiam da obra deixada, e que dela assim compartilham. Sem sombra de rancor, uma sonata de Beethoven modula-se no dedilhar de uma sucessão de pianistas e por gerações de ouvintes, a cada vez que é interpretada e renovada. Na onda ecoante, no papel, no celuloide, no marfim, no mármore, no barro, no metal, na voz das palavras, é o tempo da vida e da arte, não o da morte, que se celebra no Feito. 
    O legado teimoso das obras consumadas parece contar com o fundamento mesmo da morte para reafirmar a cada dia o tempo que lhes é próprio. Essa é a sua riqueza e o seu desafio. Sempre alguém poderá dizer, na voz do poeta Manuel Bandeira: “ tenho o fogo das constelações extintas há milênios”, ecoando tanto uma verdade da astrofísica como a poesia imensa do nosso grande lírico.

(Justino de Azevedo, inédito)



Está correto o emprego de ambos os segmentos sublinhados na frase:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: A (fui por eliminação, não entendi de onde vem o EM cuja)

    A- A tese em cuja defesa se pronuncia o autor é a de que as grandes obras têm um valor sobre o qual jamais pairará alguma dúvida.

    Se alguém souber explicar o porquê do emprego da preposição EM, agradeço!

    Pairará dúvida sobre alguma coisa

    b- A morte de um grande gênio, cuja é sempre de se lamentar, não implica no esquecimento de sua obra, que pode ser imorredoura.

    Implicar no sentido de gerar, de resultados, é OD não pede preposição

    Depois de "cujo" só poderá aparecer: Substantivo ou adjetivo.

    c- Beethoven, esse compositor de cujo legado tantos sabem reconhecer, padeceu de um tipo de surdez da qual não encontrou alívio.

    Reconhecer é OD não pede preposição

    d- Diante de uma obra como essa, ao qual poder todos se curvam, testemunhamos a força do gênio humano ao qual nada pode esmorecer.

    Acredito que aqui seria 'à qual'

    e As constelações extintas há milênios, aonde a luz ainda tanto nos encanta, são lembradas em versos de um poeta onde os versos têm igual brilho.

    Onde, pois não tem sentido de ação ou movimento em andamento na oração.

  • Há duas temáticas presentes:

    regência verbal, que trata da transitividade de verbo, que pode ser intransitivo (dispensa complementos verbais), transitivo direto (requer complemento verbal direto), transitivo indireto (requer complemento verbal indireto) ou ainda bitransitivo (requer concomitantemente um complemento verbal direto e outro indireto). Nestas duas últimas, o verbo reclama preposição (a, de, em, por, sobre, etc.)

    Abaixo, algumas siglas a fim de atalhar a resolução:

    VTD: Verbo Transitivo Direto

    VTI: Verbo Transitivo Indireto

    Morfologia, em especialmente o emprego de pronome relativo.

    Inspecionemos cada alternativa:

    a) A tese em cuja defesa se pronuncia o autor é a de que as grandes obras têm um valor sobre o qual jamais pairará alguma dúvida.

    Correto. O verbo "pronunciar" é VTD e não rege preposição alguma. A preposição "em", interposta entre o substantivo (tese) e o pronome relativo (cuja), não pertence ao sistema de transitividade, visto que, conforme expresso, verbo nenhum a rege. Ela serve para estabelecer sentido no sintagma (adjunto “cuja”). Tanto isso é verdade que se retirada prejudicará o sentido da estrutura. Encontra-se a lição em Gramática de Usos do Português, de Maria Helena de Moura, p.679;

    b) A morte de um grande gênio, cuja é sempre de se lamentar, não implica no esquecimento de sua obra, que pode ser imorredoura.

    Incorreto. O pronome relativo "cujo", hodiernamente, tem valor possessivo e apresenta sempre um antecedente e um consequente. Embora se refira àquele, concorda com este. Ex.: Essas são as obras cujos autores conheço. Na frase em cima, corrige-se com o uso do pronome relativo "que", elemento coesivo que resgata corretamente a estrutura anterior. Correção: "A morte de um grande gênio, que é sempre de se lamentar, não implica (...)";

    c) Beethoven, esse compositor de cujo legado tantos sabem reconhecer, padeceu de um tipo de surdez da qual não encontrou alívio.

    Incorreto. Observe que o verbo "reconhecer" é VTD, ou seja, não rege preposição alguma. Além do mais, a preposição "de" está destituída de sentido, sendo prescindível. Correção: "Beethoven, esse compositor cujo legado (...)";

    d) Diante de uma obra como essa, ao qual poder todos se curvam, testemunhamos a força do gênio humano ao qual nada pode esmorecer.

    Incorreto. A estrutura "a qual" resgata palavra feminina no singular (obra). Em obediência à concordância nominal, nesse gênero e número deve estar. Em bora hora, cita-se que o verbo "curvar-se", VTI, rege preposição "a" e, diante disso, é preciso marcar a crase. Correção: "Diante de uma obra como essa, à qual poder todos se curvam (...)";

    e) As constelações extintas há milênios, aonde a luz ainda tanto nos encanta, são lembradas em versos de um poeta onde os versos têm igual brilho.

    Incorreto. Há sentido possessivo: luz que pertence às constelações. Deve-se, pois, fazer o uso do pronome relativo "cujo": "As constelações extintas há milênios, cuja luz ainda tanto nos encanta (...)"

    Letra A

  • Assertiva A

    A tese em cuja defesa se pronuncia o autor é a de que as grandes obras têm um valor sobre o qual jamais pairará alguma dúvida.

  • VAMOS PEDIR GABARITO COMENTADO.

  • Qual a necessidade de colocar o gabarito da questão nos comentários ? Ou pior, postar a alternativa correta inteira nos comentário.Gente, isso é tosco .