SóProvas


ID
4888573
Banca
RBO
Órgão
Câmara de Itatiaia - RJ
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto abaixo para responder à questão.


Adolescência


       O apelido dele era “cascão” e vinha da infância. Uma irmã mais velha descobrira uma mancha escura que subia pela sua perna e que a mãe, apreensiva, a princípio atribuiu que era sujeira mesmo.

        – Você não toma banho, menino?
        – Tomo, mãe.
        – E não se esfrega?

       Aquilo já era pedir demais. E a verdade é que muitas vezes seus banhos eram representações. Ele fechava a porta do banheiro, ligava o chuveiro, forte, para que a mãe ouvisse o barulho, mas não entrava no chuveiro. Achava que dois banhos por semana era o máximo de que uma pessoa sensata precisava. Mais do que isso era mania.
      O apelido pegou e, mesmo na sua adolescência, eram frequentes as alusões familiares à sua falta de banho. Ele as aguentava estoicamente. Caluniadores não mereciam resposta. Mas um dia reagiu.
         – Sujo, não.
         – Ah, é? – disse a irmã. – E isto o que é?
         Com o dedo ela levantara do seu braço um filete de sujeira.
         – Rosquinha não vale.
         – Como não vale?
         – Rosquinha, qualquer um.
        Entusiasmado com a própria tese, continuou:
        – Desafio qualquer um nesta casa a fazer o teste da rosquinha! A irmã, que tomava dois banhos por dia, o que ele classificava de exibicionismo, aceitou o desafio.
        Ele advertiu que passar o dedo, só, não bastava. Tinha que passar com decisão. E, realmente, o dedo levantou, da dobra do braço da irmã, uma rosquinha, embora ínfima, de sujeira.
           – Viu só – disse ele, triunfante. – E digo mais: ninguém no mundo está livre de uma rosquinha. 
           – Ah, essa não. No mundo? Manteve a tese.
           – Ninguém.
           – A rainha Juliana?
           – Rosquinha. No pé. Batata.
          No dia seguinte, no entanto, a irmã estava preparada para derrubar a sua defesa.
         – Cascão... – disse simplesmente. – A Catherine Deneuve. Ele hesitou. Pensou muito. Depois concedeu. A Catherine Deneuve, realmente, não. A irmã, sadicamente, ainda fingiu que queria ajudar.
           – Quem sabe atrás da orelha?
         – Não, não – disse o Cascão tristemente, renunciando à sua tese. – A Catherine Deneuve, nem atrás da orelha.



Luis Fernando Verissimo. Adolescência. Comédias para se ler na escola.

Leia o trecho abaixo retirado do texto.

“– Desafio qualquer um nesta casa a fazer o teste da rosquinha! A irmã, que tomava dois banhos por dia, o que ele classificava de exibicionismo, aceitou o desafio.”

O trecho pode ser reescrito sem prejuízo gramatical ou de sentido da seguinte forma:

Alternativas
Comentários
  • Vamos lá! Vou destacar os erros por mim percebidos

    a) “Desafio qualquer um nesta casa, (não se admite somente esta vírgula porque o "a fazer" é objeto indireto)

    A irmã, que tomava dois banhos por dia (a oração sub. adjetiva explicativa, deveria vir acompanhada de vírgula para fechar a oração)

    b) A irmã (oração sub. adjetiva explicativa devem ser separadas por vírgula) que tomava dois banhos por dia, o que ele classificava de exibicionismo (essa é uma oração expletiva, porque posso retirá-la sem problemas do período: A IRMÃ, QUE TOMAVA DOIS BANHOS POR DIA, ACEITOU O DESAFIO) aceitou o desafio.”

    c)“– Desafio qualquer um nesta casa,(o adj adv de lugar é passível de vírgulas facultativas mesmo sendo deslocado, pois não possuem a extensão que as obrigaria: três ou mais termos)

    Obs.: Observar também o travessão, pois indica início de diálogo.