SóProvas


ID
4897375
Banca
FAU
Órgão
Prefeitura de Apucarana - PR
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

" Nunca esquecerei aquela noite..."


A noite, de Elie Wiesel, é um dos mais

populares relatos da barbárie nazista

HELIO GUROVITZ

10/07/2016 - 10h00 - Atualizado 10/07/2016 10h00


    Diante dos limites da linguagem para lidar com o horror, vários escritores sobreviventes do nazismo escolheram o suicídio. O poeta Paul Célan se lançou no Rio Sena. O psicólogo Bruno Bettelheim se asfixiou com um saco plástico. O escritor Primo Levi morreu ao cair – não por acidente, segundo a polícia – da escadaria de seu prédio em Turim. Elie Wiesel não. Morreu de causas naturais aos 87 anos, na semana passada. Mas não foi indiferente ao tormento. Consumido pela culpa de não ter salvado o pai no campo de Buchenwald, ficou anos em silêncio. Foi o escritor francês François Mauriac quem o convenceu a escrever. “Aquele olhar, como de um Lázaro levantado dos mortos, mas ainda prisioneiro nos confins sombrios por onde vagara, tropeçando entre os cadáveres da vergonha”, escreveu Mauriac sobre o primeiro encontro com Wiesel. “E eu, que acredito que Deus é amor, que resposta poderia dar ao jovem questionador, cujos olhos escuros ainda traziam o reflexo daquela tristeza angélica (…)?” Depois da conversa com Mauriac, Wiesel escreveu, compulsivamente, algo como 800 páginas em iídiche, idioma materno seu e da maioria dos judeus exterminados. O livro resultante, Un di velt hot geshvign (E o mundo silenciou), não saiu na íntegra. Com uma fração do tamanho original, foi publicado em francês em 1958, sob o título La nuit (A noite).


A noite, de Elie Wiesel é o livro da semana


    Entre as quase 60 obras que Wiesel produziu, A noite é a mais conhecida. Tornou-se um dos mais populares relatos da barbárie nazista, ao lado do Diário de Anne Frank e de É isso um homem?, de Primo Levi. Não fez sucesso no lançamento, nem mesmo depois de traduzido para o inglês, em 1960. Foi conquistando o público nos anos 1960 e 1970. Em 2006, voltou à lista de mais vendidos, escolhido pelo clube do livro da apresentadora Oprah Winfrey. A noite foi escrito com alta carga de sentimento – mas não é sentimental. Muito menos piegas. Não tem um olhar religioso ou vingativo. É tão somente um testemunho e, por isso mesmo, mais contundente. Narra o encontro de Wiesel, aos 15 anos, com o mal na forma mais absoluta. Do momento em que sua família é arrancada de casa até o instante em que, libertado de Buchenwald, ele enfim olha no espelho pela primeira vez em meses. “Das profundezas do espelho, um cadáver olhou de volta para mim”, diz. “O olhar nos seus olhos, enquanto olhavam os meus, nunca me deixou.”

    Dos quatro filhos da família Wiesel, Eliezer era o único menino. Na aldeia judaica de Sighet, passa seu tempo entre estudos rabínicos e as conversas com o zelador da sinagoga, que lhe dá acesso ao estudo da cabala, então proibido a quem tivesse menos de 30 anos. O zelador some, levado pelos nazistas. Por milagre, escapa dos campos e volta à aldeia, onde relata o extermínio. Ninguém acredita nele. Pensam que está louco. Pouco depois, os alemães segregam os judeus em dois guetos. A família Wiesel embarca então no trem da morte. Ao chegar ao complexo de Auschwitz Birkenau, na Polônia ocupada, a mãe e a irmã de 7 anos são separadas. As duas vão direto para as câmaras de gás (outras duas irmãs se salvariam). Pai e filho escapam, na seleção comandada pelo facínora Josef Mengele. São enviados ao campo de trabalho de Buna, onde sobrevivem a uma rotina de fome, tortura, doença e escravidão. Com a aproximação das tropas soviéticas, são levados numa marcha forçada de centenas de quilômetros. A maioria morre de exaustão. Na chegada a Buchenwald, o pai de Wiesel está doente, à beira da morte. O filho faz de tudo para tentar acudi-lo. Também exausto, acaba por largá-lo. Na noite fatídica, 29 de janeiro de 1945, Shlomo Wiesel é levado ao forno crematório.

    Dez anos se passariam até que Elie entendesse a única coisa que poderia dar sentido a sua vida depois: prestar testemunho; manter viva a memória. Silêncio e indiferença diante do mal, dizia, são um pecado maior. Sua voz se tornou, desde então, “a consciência da humanidade” e se fez ouvir por toda parte onde os mesmos crimes voltavam a ser cometidos – da Bósnia ao Camboja, de Ruanda a Darfur. Era a mesma voz daquele menino que, diante do mal absoluto, soube encontrar as palavras mais belas e pungentes: “Nunca esquecerei aquela noite, a primeira noite no campo, que transformou minha vida numa longa noite, sete vezes maldita e sete vezes selada. Nunca esquecerei aquela fumaça. Nunca esquecerei os pequenos rostos das crianças, cujos corpos vi tornados em coroas de fumaça sob um céu azul em silêncio. Nunca esquecerei aquelas chamas que consumiram minha fé para sempre. Nunca esquecerei o silêncio noturno que me despojou, por toda a eternidade, do desejo de viver. Nunca esquecerei aqueles momentos que assassinaram meu Deus e minh’alma e transformaram meus sonhos em pó. Nunca esquecerei isso, mesmo que seja condenado a viver tanto quanto o próprio Deus. Nunca”.

Adaptado: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/heliogurovitz/noticia/2016/07/nunca-esquecerei-aquela-noite.html, acesso em 10 de jul, de 2016. 

Considere o período abaixo e marque a alternativa correta quanto à classificação da oração sublinhada:


Nunca esquecerei aquelas chamas que consumiram minha fé para sempre.

Alternativas
Comentários
  • Nunca esquecerei aquelas chamas que consumiram minha fé para sempre.

    → O que é um pronome relativo que pode ser substituído por as quais, pronomes relativos sempre introduzem orações subordinadas adjetivas. Com vírgula explicativa, sem restritiva.

    GABARITO. B

  • a oração adjetiva troque o que por as quais == pronome relativo

  • Alguem poderia explicar melhor?

  • GAB. B

    QUE - pronome relativo - Oração Subordinada Adjetiva (podendo ser explicativa ou restritiva)

    QUE - conjunção integrante - Oração Subordinada Substantiva (podendo ser subjetiva, objetiva direta, objetiva indireta, completiva nominal, predicativa, apositiva)

    "Nunca esquecerei aquelas chamas que consumiram minha fé para sempre." (PRONOME RELATIVO)

    "Nunca esquecerei aquelas chamas as quais consumiram minha fé para sempre." (PRONOME RELATIVO)

  • GABARITO B

    Quando vc troca o " que" por isso = Conjunção integrante - Introduz orações subordinadas substantivas.

    Quando vc troca o "que" por qual (ais ) - Pronome relativo - Introduz orações adjetivas

    Com virgulas - Explicativas

    Sem vírgulas - restritivas

    OBS:

    Oração coordenada x oração subordinada

    Coordenada = mantém independência em relação às outras orações.

    Subordinada - depende das outras para manter sentido.

    ex: É necessário / que vc venha.

  • A questão exige conhecimento em orações.

    A oração pode ser coordenada, que é independente. São classificadas em: sindética (com conjunção) e assindética ( sem conjunção).

    Pode ser subordinada, que é a oração que está diretamente ligada à oração principal. São classificadas em: subordinadas, substantivas e adjetivas.

    Analisaremos a frase abaixo e indicaremos a classificação da oração abaixo. Vejamos:

    Nunca esquecerei aquelas chamas que consumiram minha fé para sempre.

    Notem que o "que" pode ser trocado por "as quais", pois está retomando "chamas". Diante dessa informação, iremos analisar cada alternativa. Vejamos:

    a) Oração principal.

    Incorreta. Oração principal é aquela que depende de uma oração subordinada para ter seu sentido completo.

    Ex: João esperava que Maria chegasse.

    b) Oração subordinada adjetiva.

    Correta. Oração subordinada adjetiva é aquela que tem valor de adjetivo, pois cumpre papel de determinar um substantivo (nome ou pronome) antecedente. São iniciadas por pronome relativo (o qual, a qual, que, onde, em qual...). Desse modo, podemos afirmar que a oração em tela, é uma oração subordinada adjetiva, pois retoma algo anteriormente dito com a função de restringi- lo (qualificá- lo).

    c) Oração subordinada substantiva objetiva direta.

    Incorreta. A oração será substantiva quando iniciar por conjunção integrante, pode trocar essa oração inteira por ISSO. Será objetiva direta quando exercer função de objeto direto sobre a oração principal.

    Ex: Achamos (isso) que você deve partir imediatamente ( achamos o quê? ISSO).

    d) Oração coordenada assindética.

    Incorreta. Essa oração será de valor integral e não há conjunção.

    Ex: João saiu, comeu o bolo, não quis mais nada.

    e) Oração subordinada substantiva predicativa.

     Incorreta. Acrescentando sobre a explicação da alternativa C, essa será predicativa quando exercer valor predicativo sobre a oração principal.

    Ex: O problema é ( Esse) que o prazo para as inscrições já terminou (valor de caracterizar a oração anterior e está sendo ligado por um verbo de ligação, como grande maioria dos predicativos.

    GABARITO: B 

  • SE ANTES DO QUE TIVER UM VERBO SERÁ CONJUNÇÃO INTEGRANTE !

    SE ANTES DO QUE TIVER PRONOME OU SUBSTANTIVO SERÁ PRONOME RELATIVO !

  • Quando vou realizar a análise deste tipo de oração, tento identificar se o "que" é pronome relativo ou conjunção subordinativa integrante.

    Significa dizer que temos uma oração subordinada adjetiva (pode ser restritiva ou

    explicativa; se apresentar vírgulas é explicativa, sem vírgulas é restritiva)

    OBS.: como identificar se é pronome relativo?

    Tente substituir o "que" por "o qual", "os quais", "a qual" ou "as quais"

    Temos uma oração subordinada substantiva - exerce função de substantivo (pode ser: subjetiva, objetiva direta, objetiva indireta, completiva nominal, apositiva)

    Como identificar se o "que" é uma conjunção subordinativa integrante?

    Tente substituir a oração subordinada por "isso" "isto"

    Exemplo:

    Aguardo que você chegue

    Aguardo isso.

    Isso = que você chegue.

    Na questão temos a oração abaixo.

    Nunca esquecerei aquelas chamas que consumiram minha fé para sempre.

    Você poderia facilmente substituir o "que" por "as quais". Por que eu coloquei os quais? Porque estou realizando concordância com "chamas" (palavra feminina plural)

    Gabarito: B - Oração subordinada adjetiva.

    Ainda poderíamos complementar dizendo que ela é uma oração subordinada adjetiva restritiva (não há vírgulas)

  • A frase sublinhada caracteriza o substantivo "chamas", sendo adjetiva.

  • Sobre as orações coordenadas e subordinadas, convém o registro:

    → As orações coordenadas são independentes e podem ser arroladas em sindéticas (prendem-se às demais por conjunção coordenativa) e assindéticas (estão justapostas, ou seja, apõem-se a outras sem intermédio de conectivo);

     → As orações subordinadas são dependentes e exercem função sintáticas. Desdobram-se em adjetivas (função sintática de adjunto adnominal), adverbiais (função sintática de adjunto adverbial) substantivas (múltiplas funções sintáticas, p.ex. sujeito, complemento nominal, predicado, objeto, etc.).

    Nunca esquecerei aquelas chamas que consumiram minha fé para sempre.

    Primeiramente, analise o pronome relativo "que". Este resgata um substantivo (chamas), de modo que exerce função de sujeito e introduz uma oração classificada em adjetiva restritiva (não há marcação, na escrita, da pausa). É ainda oportuno citar que essa oração exerce função sintática de adjunto adnominal, como toda oração adjetiva, seja explicativa, seja restritiva.

    a) Oração principal.

    Incorreto. A oração principal é independente. No caso em tela, a principal é "nunca esquecerei aquelas chamas";

    b) Oração subordinada adjetiva.

    Correto. Vide explanação acima;

    c) Oração subordinada substantiva objetiva direta.

    Incorreto. Esse tipo de oração exerce função sintática de objeto direto. Ex.: Perguntei-lhe quando iria casar.

    d) Oração coordenada assindética.

    Incorreto. Esse tipo de oração não se conecta a outras por meio de conectivos. Ex.: Cheguei a minha casa, banhei-me, dormi;

    e) Oração subordinada substantiva predicativa.

    Incorreto. Esse tipo de oração exerce função sintática de predicado. Ex.: Para alguns a pátria onde se está bem.

    Letra B

  • observe que se trocarmos o que por qual, dá ideia de pronome relativo. introduzindo oração adjetiva restritiva.