SóProvas


ID
5126197
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Passira - PE
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

Do bom uso do relativismo


     Hoje, pela multimídia, imagens e gentes do mundo inteiro nos entram pelos telhados, portas e janelas e convivem conosco. É o efeito das redes globalizadas de comunicação. A primeira reação é de perplexidade que pode provocar duas atitudes: ou de interesse para melhor conhecer, que implica abertura e diálogo, ou de distanciamento, que pressupõe fechar o espírito e excluir. De todas as formas, surge uma percepção incontornável: nosso modo de ser não é o único. Há gente que, sem deixar de ser gente, é diferente.

     Quer dizer, nosso modo de ser, de habitar o mundo, de pensar, de valorar e de comer não é absoluto. Há mil outras formas diferentes de sermos humanos, desde a forma dos esquimós siberianos, passando pelos yanomamis do Brasil, até chegarmos aos sofisticados moradores de Alphavilles, onde se resguardam as elites opulentas e amedrontadas. O mesmo vale para as diferenças de cultura, de língua, de religião, de ética e de lazer.

     Deste fato surge, de imediato, o relativismo em dois sentidos: primeiro, importa relativizar todos os modos de ser; nenhum deles é absoluto a ponto de invalidar os demais; impõe-se também a atitude de respeito e de acolhida da diferença porque, pelo simples fato de estar-aí, goza de direito de existir e de coexistir; segundo, o relativo quer expressar o fato de que todos estão de alguma forma relacionados. Eles não podem ser pensados independentemente uns dos outros, porque todos são portadores da mesma humanidade.

  Devemos alargar a compreensão do humano para além de nossa concretização. Somos uma geossociedade una, múltipla e diferente.

    Todas estas manifestações humanas são portadoras de valor e de verdade. Mas são um valor e uma verdade relativos, vale dizer, relacionados uns aos outros, autoimplicados, sendo que nenhum deles, tomado em si, é absoluto.

     Então não há verdade absoluta? Vale o everything goes de alguns pós-modernos? Quer dizer, o “vale tudo”? Não é o vale tudo. Tudo vale na medida em que mantém relação com os outros, respeitando-os em sua diferença. Cada um é portador de verdade mas ninguém pode ter o monopólio dela. Todos, de alguma forma, participam da verdade. Mas podem crescer para uma verdade mais plena, na medida em que mais e mais se abrem uns aos outros.

     Bem em dizia o poeta espanhol António Machado: “Não a tua verdade. A verdade. Vem comigo buscá-la. A tua, guarde-a”. Se a buscarmos juntos, no diálogo e na cordialidade, então mais e mais desaparece a minha verdade para dar lugar à Verdade comungada por todos.

     A ilusão do Ocidente é de imaginar que a única janela que dá acesso à verdade, à religião verdadeira, à autêntica cultura e ao saber crítico é o seu modo de ver e de viver. As demais janelas apenas mostram paisagens distorcidas. Ele se condena a um fundamentalismo visceral que o fez, outrora, organizar massacres ao impor a sua religião e, hoje, guerras para forçar a democracia no Iraque e no Afeganistão.

     Devemos fazer o bom uso do relativismo, inspirados na culinária. Há uma só culinária, a que prepara os alimentos humanos. Mas ela se concretiza em muitas formas, as várias cozinhas: a mineira, a nordestina, a japonesa, a chinesa, a mexicana e outras. Ninguém pode dizer que só uma é a verdadeira e gostosa e as outras não. Todas são gostosas do seu jeito e todas mostram a extraordinária versatilidade da arte culinária. Por que com a verdade deveria ser diferente?


LEONARDO BOFF - http://alainet.org


Vocabulário:

Alphavilles: condomínios de luxo

everything goes: literalmente, “todas as coisas vão”; equivale à expressão “vale tudo”Do bom uso do relativismo

Analise o articulador textual destacado no excerto retirado do texto I “A primeira reação é de perplexidade que pode provocar duas atitudes: ou de interesse para melhor conhecer, que implica abertura e diálogo, ou de distanciamento, que pressupõe fechar o espírito e excluir.” (1º parágrafo) e assinale a alternativa que encerra seu correto valor semântico:

Alternativas
Comentários
  • ( X )

    Aprendi assim: Conjunções alternativas são conjunções coordenativas que

    expressam uma ideia de alternância, de opção. As conjunções coordenativas alternativas

     ligam duas orações em que a segunda oração expressa a equivalência ou a incompatibilidade da

    ideia iniciada na primeira oração.

    São conjunções alternativas:

    ou;

    ou...ou;

    ora...ora;

    quer...quer;

    seja...seja;

    nem…nem;

    já…já;

    talvez…talvez;

    Fonte:

    https://www.normaculta.com.br/conjuncao-alternativa/#:~:text=Conjun%C3%A7%C3%B5es%20alternativas%20s%C3%A3o%20conjun

    %C3%A7%C3%B5es%20coordenativas,ideia%20iniciada%20na%20primeira%20ora%C3%

    A7%C3%A3o.

  • Alternativa D (não resisti kk)

  • Assertiva B " Criatividade nível 50" rsrsrs

    alternância;

    CONTEMAX = SACANAGEM "alternativa;"

    CONTEMAX = Algumas vezes o melhor jeito de convencer alguém que está errado é deixá-lo seguir seu caminho." Mestre dos Magos"

  • A questão é sobre conjunções e quer saber o valor semântico da conjunção "ou" "ou" em “A primeira reação é de perplexidade que pode provocar duas atitudes: ou de interesse para melhor conhecer, que implica abertura e diálogo, ou de distanciamento, que pressupõe fechar o espírito e excluir.”. Vejamos:

     .

    Conjunções coordenativas são as que ligam orações sem fazer que uma dependa da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira. As conjunções coordenativas podem ser: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

    Conjunções subordinativas são as que ligam duas orações que se completam uma à outra e faz que a segunda dependa da primeira. Com exceção das conjunções integrantes (que introduzem orações substantivas), essas conjunções introduzem orações adverbiais e exprimem circunstâncias (causa, comparação, concessão, condição, conformidade, consequência, fim, tempo e proporção).

     .

    A) contraposição;

    Errado.

    Conjunções coordenativas adversativas: têm valor semântico de oposição, contraste, adversidade, ressalva...

    São elas: mas, porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto, não obstante, inobstante, senão (= mas sim)...

    Ex.: Não estudou muito, mas passou nas provas.

     .

    B) alternância;

    Errado. Seria conjunção coordenativa alternativa com valor de alternância se tivesse uma ação ou resultado de alternar; alternação. No caso da questão, "ou... ou..." traz uma ideia de alternativa, já que são apresentadas duas opções / duas atitudes.

     .

    C) concessão;

    Errado.

    Conjunções subordinativas concessivas: têm valor semântico de concessão, contraste, consentimento, licença, quebra de expectativa...

    São elas: embora, ainda que, se bem que, mesmo que, nem que, mesmo quando, posto que, apesar de que, conquanto, malgrado, não obstante, inobstante...

    Ex.: Embora discordasse da justificativa da banca, aceitei a explicação.

     .

    D) alternativa;

    Certo. "Ou ou" é uma conjunção coordenativa alternativa e, nesse caso, tem o valor semântico de alternativa, já que apresenta uma ideia de escolha, opção: "a primeira reação é de perplexidade que pode provocar duas atitudes / duas opções: ou isso, ou aquilo..."

    Conjunções coordenativas alternativas: têm valor semântico de alternância, escolha ou exclusão.

    São elas: ou... ou, ora... ora, já.. já, seja... seja, quer... quer, não... nem...

    Ex.: Ou estudava, ou trabalhava. 

     .

    E) proporção.

    Errado.

    Conjunções subordinativas proporcionais: têm valor semântico de proporcionalidade, simultaneidade, concomitância...

    São elas: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais (ou menos)... mais/menos, tanto mais (ou menos)... mais/menos...

    Ex.: À medida que resolvia questões, aprendia o assunto das provas.

     .

    Gabarito: Letra D

  • Gabarito: D.

    Conjunções Coordenativas Alternativas: exprimem ideia de exclusão, alternativa (opção/escolha), alternância (ação ou resultado de alternar), inclusão, retificação etc.

    – Você quer suco ou deseja tomar refrigerante? (alternativa/exclusão)

    Ou faço a festa ou pago a viagem. (sempre exclusão)

    Ora assiste à TV, ora cuida dos filhos. (sempre alternância)

    Quer estude, quer trabalhe, é bem-sucedido. (alternância)

    Seja neste mês, seja no próximo, iremos saldar as dívidas. (exclusão)

    Fonte: A Gramática..., Prof. Fernando Pestana.

  • mas que inferno é esse de alternância e alternativa? Não é igual?

  • Afinal de contas, a correta é a letra B ou a letra D? Ou as 2? A questão foi anulada?

    Afff........