SóProvas


ID
5230438
Banca
VUNESP
Órgão
CODEN - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto para responder à questão.


Lições de vida

    Em 2009, um avião pousou de emergência no rio Hudson. O piloto era Sully Sullenberger e as 155 pessoas a bordo foram salvas por uma manobra impossível, perigosa, milagrosa. Sully virou herói e a lenda estava criada.

    Em 2016, no filme “Sully, o herói do rio Hudson”, Clint Eastwood revisitou a lenda para contar o que aconteceu depois do milagre: uma séria investigação às competências do capitão Sully Sullenberger. Ele salvara 155 pessoas, ninguém contestava. Mas foi mesmo necessário pousar no Hudson? Ou o gesto revelou uma imprudência criminosa, sobretudo quando existiam opções mais sensatas?

    Foram feitas simulações de computador. E a máquina deu o seu veredicto: era possível ter evitado as águas do rio e pousar em LaGuardia ou Teterboro. O próprio Sully começou a duvidar das suas competências. Todos falhamos. Será que ele falhou?

    Por causa desse filme, reli um dos ensaios de Michael Oakeshott, cujo título é “Rationalism in Politics”. Argumenta o autor que, a partir do Renascimento, o “racionalismo” tornou-se a mais influente moda intelectual da Europa. Por “racionalismo”, entenda-se: uma crença na razão dos homens como guia único, supremo, da conduta humana.

    Para o racionalista, o conhecimento que importa não vem da tradição, da experiência, da vida vivida. O conhecimento é sempre um conhecimento técnico, ou de uma técnica, que pode ser resumido ou aprendido em livros ou doutrinas.

    Oakeshott argumentava que o conhecimento humano depende sempre de um conhecimento técnico e prático, mesmo que os ensinamentos da prática não possam ser apresentados com rigor cartesiano.

    Clint Eastwood revisita a mesma dicotomia de Oakeshott para contar a história de Sullenberger. O avião perde os seus motores na colisão com aves; o copiloto, sintomaticamente, procura a resposta no manual de instruções; mas é Sully quem, conhecendo o manual, entende que ele não basta para salvar o dia.

    E, se os computadores dizem que ele está errado, ele sabe que não está – uma sabedoria que não se encontra em nenhum livro já que a experiência humana não é uma equação matemática.

    As máquinas são ideais para lidar com situações ideais. Infelizmente, o mundo comum é perpetuamente devassado por contingências, ambiguidades, angústias, mas também súbitas iluminações que só os seres humanos, e não as máquinas, são capazes de entender.

    Quando li Oakeshott, encontrei um filósofo que, contra toda a arrogância da modernidade, mostrava como a nossa imperfeição pode ser, às vezes, uma forma de salvação. O ensaio era, paradoxalmente, uma lição de humildade e uma apologia da grandeza humana. Eastwood, aos 86 anos, traduziu essas imagens.

(João Pereira Coutinho. Folha de S.Paulo, 29.11.2016. Adaptado)

Considere os trechos do texto.


•  ... o conhecimento humano depende sempre de um conhecimento técnico e prático, mesmo que os ensinamentos da prática não possam ser apresentados com rigor cartesiano. (6º parágrafo)

•  ... uma sabedoria que não se encontra em nenhum livro já que a experiência humana não é uma equação matemática. (8º parágrafo)


As expressões destacadas apresentam, correta e respectivamente, as ideias de

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: A

    "O conhecimento humano depende sempre de um conhecimento técnico e prático, mesmo que os ensinamentos da prática não possam ser apresentados com rigor cartesiano."

    → Aqui temos uma concessiva. Veja o sentido trocando por outra: "Embora os ensinamentos da prática não possam ser apresentados com rigor cartesiano, o conhecimento humano depende sempre de um conhecimento técnico e prático"

    → Principais conjunções concessivas: Embora, apesar de, a despeito de, posto que, mesmo que, malgrado, não obstante etc.

    → O outro exemplo do próprio examinador: "Realizou bem a tarefa, embora fosse desatento."

    .

    "... uma sabedoria que não se encontra em nenhum livro já que a experiência humana não é uma equação matemática."

    Aqui há a presença de conjunção causal. Como o próprio nome diz, ela indicará a causa de um acontecimento. Veja que podemos substituir por outra causal: "... uma sabedoria que não se encontra em nenhum livro visto que a experiência humana não é uma equação matemática."

    → Gosto de utilizar também este macete para encontrá-la: O fato de... (causa) faz que... (consequência): "O fato de a experiência humana não ser uma equação matemática (CAUSA), faz que ela não seja encontrada em nenhum livro (CONSEQUÊNCIA)".

    → O outro exemplo do próprio examinador: Não fez os doces, pois faltavam os ovos. "O fato de faltar os ovos (CAUSA), fez que ele não fizesse os doces (CONSEQUÊNCIA)".

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • Exemplo de conjunções concessivas:

    •  Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que, apesar de que, nem que, que.

    Conjunções causais:

    • Porque, pois, porquanto, como (no sentido de porque), pois que, por isso que, á que, uma vez que, visto que, visto como, que.

    Fonte: Toda Matéria

  • errei 2x essa questão

  • Mesmo que = locução conjuntiva subordinativa concessiva, ou seja, denota concessão;

    Já que = locução conjuntiva subordinativa causal, ou seja, denota causa.

    Inspecionemos os itens:

    a) concessão e de causa, exemplificadas, também respectivamente, pelas frases: Realizou bem a tarefa, embora fosse desatento. / Não fez os doces, pois faltavam os ovos.

    Correto. Indica concessão e causa. As duas frases que sucedem como exemplo também carregam os respectivos sentido: embora (conjunção concessiva) e pois (conjunção causal);

    b) concessão e de causa, exemplificadas, também respectivamente, pelas frases: Poderemos mudar assim que a reforma esteja finalizada. / Ofendeu-se porque foi repreendido em público.

    Incorreto. Esta alternativa estaria correta não fosse um detalhe: a locução "assim que" denota tempo, e não concessão;

    c) concessão e de consequência, exemplificadas, também respectivamente, pelas frases: Veio visitá-la ainda que fosse tarde da noite. / Foram tantos os aplausos que o artista ficou emocionado.

    Incorreto. A segunda frase exprime causa, e não consequência;

    d) condição e de tempo, exemplificadas, também respectivamente, pelas frases: Caso a empresa vá à falência, haverá desemprego. / Logo que a noiva chegou, o padre iniciou a cerimônia.

    Incorreto. As frases indicam concessão e causa;

    e) condição e de tempo, exemplificadas, também respectivamente, pelas frases: Como as árvores não foram podadas, os frutos foram escassos. / Antes que pegasse a estrada, fez a revisão do caminhão.

    Incorreto. As frase indicam concessão e causa.

    Letra A

  • ja que = pois

    (na questão)

  • Gabarito: a.

    Alguns exemplos:

    • CONCESSÃO: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, apesar de que.
    • CAUSA: porque, pois, uma vez que, visto que.
    • CONSEQUÊNCIA: de forma que, tão... que, tamanho... que, que.
    • CONDIÇÃO: se, desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que.
    • TEMPO: depois que, logo que, sempre que, antes que, assim que.

    Boa sorte e bons estudos!

  • Credo! Fiquei cansada até de ler. Misericórdia!

  • A locução “mesmo que” expressa a ideia de concessão. Já a expressão “já que”, causa.

    Ficamos entre as letras A e B.

    Na letra B, note que a locução “assim que” expressa tempo.

    Logo, o gabarito é a letra A